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Cultura do “Ficar”

Antes de me ater ao tema, cultura do  “ficar”, quero dizer que vejo na relação sexual entre macho e fêmea o maior dos prazeres naturais. Podemos dizer, pelo prisma da ética cristã, diferentemente das variedades gnósticas e platônicas, que o sexo é bom em si mesmo e por si mesmo porque faz parte da criação de Deus.

Não somente o sexo é essencialmente bom como é muito poderoso. Parece que as pessoas esqueceram que é pelo processo da sexualidade humana que são produzidos e, multiplicados os seres humanos. Não é clonagem, não!  A população mundial, hoje, é estimada em cerca de 8 bilhões, fruto desse processo sexual.

Mas a procriação não é o único propósito para o sexo. O sexo também tem propósitos de unificação e de recreação. É óbvio que qualquer coisa tão poderosa quanto o sexo precisa ser controlada. Ninguém em sã consciência deixaria crianças imaturas brincar com dinamite. Mas o que mais se ver nos dias atuais são meninas (crianças) iniciando a vida sexual a partir dos 12 anos. O escândalo é tamanho que homens pedófilos, numa auto defesa indefensável, dizem ter casos com menores.

Designa-se, modernamente, por da cultura do “ficar”,  “transar” ou “fazer amor” uma relação intersexual de base puramente sensual, que não se baseia na escolha pes-soal, mas na necessidade anônima e impessoal de relações se-xuais. A relação intersexual só pode ser chamada de amor, quando é de base eletiva e implica o compromisso recíproco.

Outra abordagem nesta questão é que nunca se “ficou” tanto como no mundo de hoje. Vivemos sob o domínio do sexo. Especialistas crêem que no Brasil os compulsivos sexuais sejam até 7% da população, o que para os 192 milhões de brasileiros equivale cerca de 13.4 milhões de pessoas, a maioria é jovem em idade entre 14 e 21 anos. Também o “ficar” virtual está em alta, o anonimato proporcionado pela internet deu origem a uma versão  moderna da compulsão sexual. São os chamados “viciados em cybersexo”

 A cultura do “ficar”  virtual como fenômeno, foi constatada pela primeira vez em meados dos anos 90, por pesquisadores de universidades americanas. Investigando os hábitos na rede de 9.265 internautas, os especialistas descobriram que aproximadamente 8% dessa população passavam mais de dez horas por semana navegando em sites pornográficos. No Brasil, segundo a mesma reportagem, ainda não há acurados estudos científicos sobre o tema, numa pesquisa com 834 internautas, realizada pela Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, descobriu que 16% passava mais de 14 horas semanais em busca de sexo na internet e que 63% praticava sexo on-line.

 É bom que se diga que mesmo com camisinha, mesmo sem contrair Aids, esta cultura do “ficar” desatinada e desmedida que ocorre muitas vezes por excesso de bebidas e outras drogas ou por um “lapso de memória”, pode atrapalhar ou até mesmo impedir para sempre o desenvolvimento do maior de todos os projetos, o de ser um adulto feliz. Cultura do “ficar”  é aquela que só dá prazer, mas não faz as pessoas crescerem, melhorarem como gente. Cultura do “ficar” é aquela feita sem amor, de qualquer jeito, com qualquer pessoa sem pensar nas conseqüências. A cultura do “ficar” é a principal causa de o Brasil ser campeão de abortos. A cultura do “ficar” produz  milhares de crianças, no Brasil, sem lenço nem documentos. Crianças que não possuem  nem mesmo uma certidão de nascimento e quando possui não consta que tenham pais, resultado direto dessa cultura irresponsável.

Este “ficar” irresponsável só interessa a quem, seja lá quem for, vive amealhando verdadeiras fortunas em função da indústria do sexo, cogno-minada de prostituição infantil e tráfico de crianças que, conforme pesquisas recentes é, sem nenhuma dúvida, o 2º melhor negócio do mundo moderno, as somas são astronômicas e só perdem para o tráfico de drogas.  Não é à toa que uma das músicas de maior sucesso da dupla “sertaneja” João Bosco & Vinícius é “Chora, Me liga” que traz em  sua letra uma verdadeira apologia da cultura do  ficar:  “Não era pra você se apaixonar. Era só pra gente ficar. Eu te avisei meu bem eu te avisei. Você sabia que era assim. Paixão de uma noite que logo tem fim. Eu te falei meu bem eu te falei”.

A sociedade está minada de representantes dessa prática nociva. Não precisamos ir muito longe para saber quem são esses meliantes. O problema esta aqui bem perto de nós. Basta ler os jornais de melhor tiragem da cidade de Rio Branco que quase diariamente, através de denúncias do povo e de boas reportagens, revelam a problemática do abuso e da exploração sexual, de crianças e adolescentes. 

 Na verdade algumas destas pessoas, e são muitas, estão a serviço de uma verdadeira indústria que não aparece sob forma daquelas  fábricas antigas, com chaminés e fumaça, mas à serviço de uma indústria pornográfica, do aborto, dos métodos anticoncepcionais, artificiais, dos motéis e do fantástico mundo das drogas.   Para essas pessoas quanto mais libertinas e promíscuas estiver o sexo e quanto menos unidos estiverem as famílias, melhor.

*Francisco Assis dos Santos é professor e pesquisador  bibliográfico em Filosofia e Ciências da Religião. E-mail: assis prof@yahoo.com.br

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