Com o Rio Acre superando níveis mais baixos a cada perío-do de estiagem, a Prefeitura de Rio Branco, por meio do Saerb (Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco), inicia ainda neste mês a prospecção dos poços subterrâneos de água que estão espalhados por todo o Segundo Distrito, principalmente na região do Lago do Amapá. A depender da potencialidade do aqüífero, a prefeitura passará a usá-lo ainda em 2010 como forma de analisar a via-bilidade ou não do mesmo.
Com as chuvas paradas desde meados de abril, o Rio Acre tem apresentado volume preocupantes para as autoridades municipais. A cota atual é de pouco mais de 2,50m. A captação não é mais realizada pelas torres de captação, mas por bombas instaladas em balsas flutuantes. Segundo Semy Ferraz, presidente do Saerb, o rio tem apresentado vazante de um a dois centímetros por dia.
“Temos experiência de captar [a água] com rio em até 1,64m”, diz Ferraz. Essa foi a cota em que o Saerb trabalhou em 2005, ano em que o Acre enfrentou uma das piores secas de sua história.
Caso continue sem chuvas nas próximas semanas, a empresa já estuda realizar uma barragem para garantir a água nas torneiras dos rio-branquenses. A previsão do tempo para os próximos dias não são nada animadoras. Pelas análises do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a probabilidade de chuvas está em torno de 30%.
Mas as chuvas em Rio Branco não são suficientes para garantir elevação do nível. Mesmo com as dificuldades, o Saerb tem mantido o nível normal de captação, que é de mil litros por segundo. O uso dos poços de água é a única esperança para garantir abastecimento da cidade. A prefeitura espera somente a obtenção de recursos para perfurar os três poços previstos no projeto inicial.
“A grande dúvida é saber se o aqüífero garantirá a viabilidade dos investimentos a serem aplicados”, diz Ferraz. O presidente compara a exploração do aqüífero como a de um poço de petróleo, onde as petrolíferas só começam as obras das plataformas com a garantia de que ele garantirá lucros. No caso local, muito mais do que dividendos, o uso do aqüífero evitaria Rio Branco ser castigada pelo desabastecimento.
O aqüífero de Rio Branco também está sob alguns bairros do Segundo Distrito. Mas por conta da falta de rede de esgoto na região, explorar esta parte não torna-se inviável. O nível de contaminação chega a patamares desvantajosos, o que provocaria o Saerb a usar mais produtos químicos no tratamento da água.
Recentemente o governo construiu a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) numa área também onde está o poço. Logo à frente do prédio a prefeitura executa a construção da nova rodoviária da cidade. O avanço da ocupação humana compromete a qualidade da água que pode salvar Rio Branco.