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Assalto termina com uma mulher morta e um homem gravemente ferido

Um assalto que teve início com a invasão de dois presidiários em liberdade condicional ao Pronto Socorro de Rio Branco na noite de sábado, 10 onde renderam o vigilante e roubaram a arma dele teve um fim trágico com a morte de uma mulher que foi feita refém e um comerciante alvejado com seis tiros, dos quais três na cabeça internado em estado gravíssimo no Pronto Socorro de Rio Branco.

Eram por volta das 23h de sábado 10, quando os presidiários em liberdade condicional, identificados por Cleisson da Silva Andriola, 25 anos, o “Carioca” e o comparsa Jefferson Teixeira de Andrade, 24 anos, armados de revólver e pistola invadiram o Pronto Socorro de Rio Branco, onde renderam o vigilante Alexandro Machado e roubaram sua arma.

Após o assalto que ocorreu na frente de vários pacientes e funcionários do Pronto Socorro, os assaltantes saíram correndo e ao tentarem dar partida na motocicleta foram impedidos pelo vigilante vítima do assalto e um colega dele que saíram em perseguição aos bandidos.

Sem ter como empreender fuga de moto, os assaltantes saíram correndo em direção à Rua Coronel Alexandrino, bairro Bosque, e alcançaram a Travessa Roraima onde invadiram a residência do comerciante Kender Conceição Alves da Silva, 32 anos, que estava em casa na companhia da mulher, duas filhas e um neto.

Os assaltantes na tentativa de impedir a captura alvejaram o comerciante com seis tiros, que atingiram a cabeça, abdômen e a perna da vítima.

A mulher do comerciante de posse de uma barra de ferro conseguiu atingir a cabeça do assaltante Jefferson que foi dominado pelos dois vigilantes que estavam em sua perseguição.

Nesse momento várias viaturas da Polícia Militar chegaram ao local da ocorrência e ao perceberem a gravidade dos ferimentos da vítima alvejada com tiros disparados pelos criminosos e chamaram socorro para a vítima.

Uma equipe de paramédicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência socorreu Kender que foi encaminhado ao Pronto Socorro de Rio Branco, onde deu entrada em estado crítico.

Segundo assaltante invade casa e faz mulher refém

O segundo assaltante Cleisson Anriola, o “Carioca” condenado por crime de latrocínio praticado na cidade de Cruzeiro do Sul, conseguiu fugir por um terreno baldio e invade a casa da senhora Ana Eunice Moreira Lima, 51 anos, que foi feita refém pelo criminoso que armado ameaçava matar a mulher caso a polícia não atendesse suas exigências.

A primeira condição imposta pelo assaltante foi de que negociaria possível liberação da refém somente com a presença do Comandante geral da Polícia Militar do Acre, Coronel Romário Célio, ou Major PM Ricardo.

Os oficiais foram convocados as pressas e atenderam a primeira exigência do assaltante.

Por volta da meia noite e 30 minutos os dois oficiais compareceram ao local em que a mulher era feita refém e iniciaram a longa negociação com o assaltante.

Assaltante condenado por latrocínio exige munições e um avião para fuga

Após cerca de uma hora e meia negociando com a polícia, o assaltante faz duas exigências que surpreenderam as autoridades.

Cleisson Andriola exige munições de pistola e revólver 38 e mais um avião pousado no Aeroporto de Rio Branco para que ele pudesse prosseguir fuga para a cidade de Cruzeiro do Sul.

Diante da impossibilidade de atender as duas exigências os militares permaneceram negociando com o assaltante através de conversas via celular.

O Secretário Geral de Polícia do estado do Acre, Delegado Emilson Farias, foi reforçar a negociação com o assaltante na tentativa de fazer-lo desistir da intenção de matar a refém.

“O desfecho honroso para mim” diz assaltante aos negociadores

Por diversas vezes durante a negociação “Carioca” repediu a seguinte frase: “O desfecho será honroso para mim”.

Em um determinado momento o assaltante avisou a polícia que estava somente com duas munições no revólver e afirmando que eram suficientes para o desfecho por ele desejado ameaçando matar a refém e um policial.

Segundo informações dos negociadores por diversas vezes o assaltante permitiu que a refém falasse com os mediadores, oportunidade em que a mulher teria implorado para não morrer.

Outro instante “Carioca” afirmava via celular que estaria assistindo um programa evangélico na televisão e ainda contou que a refém toda fez que olhava para ele chorava com medo de morrer.

Sete horas de negociação e um desfecho trágico

Obedecendo todo o Protocolo de gerenciamento de crise, os dois oficiais que estiveram à frente das negociações determinaram a presença de duas equipes de paramédicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência _ SAMU no local das negociações.

Por volta das 5h da manhã de domingo, 11, “Carioca” apontou com a possibilidade de permitir que um paramédico tivesse acesso a casa para verificar o estado de saúde da refém.

Imediatamente os gerenciadores da negociação montaram a estratégia de enviar um policial militar do Batalhão de Operações Especiais _ BOPE vestido com a farda do SAMU, a fim de surpreender o assaltante, dominá-lo e garantir a invasão dos policiais para captura do assaltante.

Todo o esquema foi montado e o policial ficou de prontidão e  por volta das 5h20 o assaltante ligou para o celular do comandante da PM e permitiu que a refém falasse com o Coronel Célio.

Na breve conversa a mulher  ela teria afirmado que o assaltante iria se entregar e que ele  estaria mais calmo.

Nesse momento da conversa “Carioca” toma o celular da refém e reafirma: “o desfecho disso tudo será honroso para mim” e desliga o celular.

Aproximadamente cinco minutos depois o assaltante volta a ligar para os negociadores e garante que vai se entregar, mas antes, permitiria a entrada de um paramédico na casa.

Quando o policial disfarçado de socorrista do SAMU estava pronto para entrar na casa, por volta das 7h10, “Carioca” grita de dentro da casa para o paramédico recuar, pois ele teria desistido de deixá-lo entrar, pois iria se entregar à polícia naquele momento.

Mais 20 minutos de espera e o assaltante aparece na porta da casa com as mãos para cima.

Quando o Coronel Romário Célio se aproxima de “Carioca” ele calmamente teria afirmado: “eu cumpri com o acordo, dei um desfecho honroso para o caso, agora mande entrar o SAMU”

Quando os policiais entram no quarto se deparam com a vítima sobre uma poça de sangue.

Os médicos do SAMU foram chamados para socorrer a refém que estaria ferida a golpes de faca.

Quando a equipe médica entrou na residência a vítima estava morta com várias perfurações e degolada.

Clima de revolta e comoção

A morte da refém gerou um clima de revolta e comoção que tomou conta do local onde dezenas de policiais militares, profissionais do SAMU, jornalistas, familiares e moradores do local acompanharam as negociações na esperança de que o assaltante se entregaria e libertaria a refém.Ao contrário o desfecho deixou todos perplexos, revoltados e se perguntando por quê o  assaltante decidiu matar Ana Eunice barbaramente.

Histórico de extrema violência de criminoso que matou refém com mais de 20 perfurações a golpe de faca

Cleisson Andriola, o “Carioca” estava em liberdade condicional desde o dia 02 do mês passado quando foi beneficiado com o Regime de Progressão de Pena, por crime de latrocínio praticado na cidade de Cruzeiro do Sul.

Segundo informações da polícia, em 2008, “Carioca” liderou uma rebelião no Presídio de Cruzeiro do Sul, de onde fugiu e durante 15 dias permaneceu foragido na mata aos redores de Cruzeiro do Sul, ate ser recapturado e transferido para o Presídio Estadual em Rio Branco.

CNJ revoga portaria que autoriza PM fiscalizar liberdade condicional

O Acre era até a semana passada o único estado do Brasil que dispunha de um serviço de preservação através de acompanhamento de presidiários em liberdade condicional.

A Portaria que autorizada a Polícia Militar acompanhar (fiscalizar) os presidiários beneficiados com o regime de condicional ou Progressão de Pena, foi assinada em 200, pela Juíza da Vara de Execuções Penais, Mahra Manasfi e Manasfi.

Na primeira quinzena do mês de junho deste ano, durante a realização de uma Auditória do Conselho Nacional de Segurança, aos presídios do estado do Acre, os conselheiros ouviram reclamação dos presidiários beneficiados com progressão de pena, de que se sentiam constrangidos com a fiscalização realizada pela Polícia Militar.

Baseados na reclamação dos presidiários o Conselho Nacional de Segurança, entendeu que a Portaria baixada pela Juíza da Vara de Execuções Penais, estaria constrangendo os presidiários e determinou a revogação da Portaria proibido qualquer fiscalização da PM  quanto aos beneficiados com a progressão de pena.

“Com a revogação da Portaria que determinava o acompanhamento dos presidiários em liberdade condicional, a polícia ficou sem poder controlar se o beneficiado estaria cumprindo o acordo com a Justiça. Caso, a portaria ainda estivesse em vigor, possivelmente este crime que chocou a sociedade acreana pudesse ter sido evitado, por que de imediato seria constatado que o presidiário não estaria no endereço declarado e a Justiça de imediato poderia ter sido feito um perfil de periculosidade do criminoso durante as negociações, haja vista que o acusado já havia liderado uma rebelião no Presídio em Cruzeiro do Sul, participado de dois roubos, um dos quais teve uma vítima fatal.Infelizmente a polícia ficou de mãos atadas após a revogação da portaria” comentou um policial que esteve no local da ocorrência de assalto e seqüestro. 

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