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Amizade grega

O crescimento fenomenal da prática homossexual (homem ou mulher) na Capital acreana foi o que mais prendeu a atenção deste articulista, nesta 6ª edição da Parada Gay (gays, lésbicas, bissexuais e outros) realizada em Rio Branco. A Parada Gay daqui está, provavelmente e proporcionalmente, entre as maiores do Brasil. Ademais as paradas gays do Brasil, notadamente a de São Paulo que já é a terceira maior do mundo, atrás apenas das de San Francisco (EUA) e Toronto (Canadá), corroboram para uma ilação: O mundo está a cada dia mais gay!. Assim, tivemos, pelo menos, 100 mil ativistas e agregados declarados do homossexualismo desfilando na Via Chico Mendes, principalmente, com suas fantasias, “ao som de hits gays” e outros folhos.

O evento remete o meu pensamento ao que a história da literatura universal chama de a origem da comédia, inserida nos anais da poesia dramática grega. A comédia, que originalmente no grego significava: festim (dança furiosa) e deboche, mas que modernamente é sinônimo de “farsa”, “teatro” e “dissimulação”,  nasceu das festas dionisíacas e a elas esteve ligada durante todo o período clássico. Efetivamente, naquelas festas, sucediam  momentos de alegria desenfreada, em que a massa irrompia em gritos de contentamento, vestindo-se homens e mulheres carnavalescamente. Nesse bacanal, o povo entoava uns cantos fálicos, e saia em procissão pelos campos levando à frente o Falo (do grego Phallos), representação do pênis, como símbolo da fecun-didade da natureza, entre alguns povos do Oriente. As festas fálicas, que segundo Aristóteles, deu origem à comédia, tinham por fim fazer uma celebração alegre do poder do deus da vinha.

Deste modo, o homossexualismo que historicamente teria surgido como prática, na antiga cidade de Sodoma, na extremidade sul do mar Morto, em que jovens e velhos, estavam envolvidos pesadamente nessa atividade sexual, mais tarde  se espalhou pela Síria, Frigia, Assíria, Babilônia e teve seu ápice na Grécia Antiga, com a famosa Amizade Grega.  A amizade grega era latente entre os efeminados  rapazes da aristocracia ateniense que saciavam os desejos e ardores dos homens mais velhos. Pedofilia pura! Esses jovens efeminados eram os mais sérios rivais das heteras que se escandalizavam até o fundo da alma e jamais se cansavam de denunciar a “imoralidade” do amor homosse-xual. A amizade grega ou o amor de um adulto com um rapaz, ou de um rapaz com outro, caracterizava-se na Grécia por todos os sinais do amor romântico – paixão, piedade, êxtase, ciúmes, serenatas, arrufos, gemidos e insônias. Alguns poetas da época exaltavam o homossexualismo ou a amizade grega como a mais nobre e  mais espiritual relação de amor; superior a relação entre um homem e uma mulher. Destarte a prática homosse-xual ou a amizade grega atravessou a idade das trevas, passou pela Renascença Italiana, venceu o Século das Luzes, na França e chegou até nós. “A fase mais difícil já passou!” diria um ativista gay, contemporâneo.

As paradas gays, dentre outros reptos, além de aflorar  discussões sobre o assunto do ho-mossexualismo especialmente na questão da legalização do “casamento entre gays” visam, segundo seus mais ilustres líderes, quebrar “preconceitos, discriminações, estereótipos e/ou a indiferença” que ainda se faz muito presente no seio das sociedades espalhadas pelo mundo afora.  Estou entre aqueles que pensam que o homossexualismo, bem como qualquer idéia de grande aceitação  acerca da igualdade  e dos direitos humanos, que suscitem atitudes de preconceitos no campo do comportamento sexual, está ou estão aí para ser  discutida e  submetida a debates. 

Entretanto, o âmago da questão em relação à comunidade gay, que há muito deixou de ser minoria, como ficou evidenciado acima, e que hoje é estimado em cerca de 10% da população mundial segundo a maior parte dos estudos demográficos, crescimento que no Brasil  vem atraindo, inclusive, políticos profissionais e partidos políticos, todos de olho no poder eleitoral da nação gay,  é, ainda, a perseguição, o ódio e a discriminação contra os homossexuais, debaixo da pecha de que a prática do homossexualismo é “pecado capital” enquanto que a prática da heterossexualidade promíscua é “pecado venial”.
Penso e aceito que a atividade homossexual não é doença, mas uma opção sexual contrária a que foi, por decreto divino, outorgado aos homens. É a minha opinião, diria Walter Casagrande.
 
* Francisco Assis dos Santos é professor e pesquisador  bibliográfico em Filosofia e Ciências da Religião. E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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