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N A D A S E P E R D E, T U D O S E T R A N S F O R M A

Grandes grupos, inclusive estrangeiros, estão investindo na produção de etanol, o que comprova o acerto da aposta brasileira nesse combustível alternativo e limpo. Infelizmente, após a euforia inicial do atual governo federal com o álcool como combustível e com o biodiesel, as autoridades federais que cuidam do setor parece que esqueceram o assunto por completo.

As informações sobre grandes investimentos da ETH Bioenergia em Goiás vêem se somar a notícias de muitas outras iniciativas.

Trata-se, inicialmente, de uma usina, já inaugurada, com custo de R$1 bilhão para, além da produção de álcool, gerar energia capaz de abastecer uma cidade de 600 mil habitantes. E é apenas a primeira de uma série a ser montada no que a ETH Bioenergia chama de Pólo Araguaia, a se estender pelos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (a segunda será inaugurada em novembro em Alto Taquari, MT, com igual capacidade de produção e, até 2012, virão mais duas unidades no Mato Grosso do Sul e em Goiás).

Para se ter uma idéia da grandeza e dimensão do projeto, o Pólo Araguaia terá capacidade para processar mais de 15 milhões de toneladas de cana, produzir 1,4 bilhão de litros de etanol e fornecer 1,6 mil GWh de energia elétrica por ano. Energia que tem como fonte a queima do bagaço da cana, conforme o princípio do “nada se perde, tudo se transforma”. E que será gerada durante a estação seca, quando os reservatórios das hidrelétricas caem de nível. Segundo garantem os responsáveis pelo projeto, apesar do forte ritmo de expansão do plantio da cana que se faz necessário, ele não vai roubar áreas destinadas à produção de alimentos.

Outra utilização produtiva do bagaço da cana está sendo pesquisada na Universidade Federal de São Carlos (SP). Estuda-se o seu emprego como componente da argamassa e do concreto na construção civil. Os pesquisadores já chegaram à conclusão de que o bagaço da cana poderá se transformar em importante insumo nesse setor tão importante para o desenvolvimento. Resultados da pesquisa podem ser encontrados na versão online da revista americana Waste Management.

Outro ponto que merece ser frisado é que só essa primeira usina do pólo deve gerar aproximadamente 1.500 empregos diretos. Para capacitar a mão-de-obra necessária vem-se trabalhando há alguns meses, ao custo de R$590 mil. E está sendo negociada a instalação de uma unidade do Senai no município de Mineiros, onde a unidade se situa.

Pelo que estamos vendo e como já observei em outros artigos, a energia com fonte na biomassa, nos biocombustíveis veio para ficar, e seu espaço se consolida por todo o país, como constatamos no Fórum Nordeste 2010, cuja segunda edição foi promovida em junho último aqui no Recife pelo Grupo EQM, presidido pelo empresário Eduardo de Queiroz Monteiro. E as iniciativas não são isoladas,  mas, cada dia mais, obedecem a um planejamento de longo prazo. Ocorre paralelamente uma concentração de tecnologia e capitais que, longe de levar a oligopólios, permite e estimula economia de investimentos e ganhos de escala.

A expansão dessa energia alternativa e da agroindústria sucroalcooleira em geral nos conduz a outro tema, correlato, que é o da segurança fundiária necessária a quem investe no setor. Concluo assim este artigo lembrando a importância do relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) à lei que busca oferecer segurança ao produtor concentrando e unificando a atual legislação caótica, dispersiva e injusta (municipal, estadual e federal). O relatório já foi aprovado e se pauta por critérios técnicos e não demagógicos.

•       Edmundo Morais é advogado.
Email:
edmundomorais@josemeira.adv.br

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