Lamentável – e chega a ser deprimente – o uso que se está fazendo da memória de Chico Mendes para cabalar votos ou por revan-chismos ou até mesmo “para se dar bem”. Mais lamentável e deprimente quando membros próximos da família se prestam a este papel.
Quem conheceu Chico Mendes sabe que ele não aprovaria tais atitudes e, por certo, as repudiaria com a veemência, que era uma das marcas de seu caráter. Sobretudo, ao constatar seu nome, sua luta pela preservação da floresta, associados a grupos políticos que lhe foram hostis ou até mesmo contri-buíram para seu doloroso fim.
Tudo bem que o direito de escolhas num regime democrático deva ser sempre assegurado. Este princípio, entretanto, não exime a coerência e os compromissos com a história e a memória de quem tanto lutou e deu a própria vida para a volta da democracia neste país e a melhoria das condições de vida de seu povo.
Sabe-se que, no fundo, essas atitudes estão sendo tomadas por revanchismos ou até mesmo por interesses menores contrariados. Contudo, é bom lembrar que Chico Mendes e outros que se sacrificaram não pertencem apenas a famílias. São maiores do que elas.