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Inconsistentes pedaços de informação!

Esta semana andei extremamente assoberbado, por conseguinte nem mesmo a minha estrita disciplina, permitiu remir o tempo para garatujar sobre qualquer assunto dos muitos que marcam nosso dia-a-dia. Aliás, assunto é o que não falta: Um bom exemplo é a majoração em 7% sobre o atual exorbitante preço da tarifa de energia elétrica, principalmente porque esse aumento nos remete para uma outra inculcadora e polêmica questão. Trata-se da proclamação em industrializar o Acre. Mesmo reconhecendo no governador Tião Viana um homem de bem, essa idéia de industrializar o Acre, é meio intrigante, pois não vejo como  tornar este Estado industrializado com a atual fonte energética. Sem energia elétrica nada se sustenta, nem mesmo uma escola, como a que eu dirijo, se põe de pé, uma vez que é raro o dia que não temos nossas atividades interrompidas por falta de energia elétrica. Ademais, indús-trias de peso só se instalam onde existe energia abundante. Então, seria razoável vir à publico dizer quais indústrias e quantas serão implantadas por aqui.

Sem pegada, volto forçosamente, neste artigo, as minhas vãs filsofias, incansavelmente repe-titivas, misturando conceito ou valores que envolvem o homem e sua exitência terrena.

O homem, como bem define a Antropologia Filosófica, se auto-afirma a partir da sua relação com seu semelhante. No encontro entre alguém e alguém está a “elevação” do “eu”, o ato de realizar-se como pessoa. O conceito que temos ou formulamos sobre nós tem pouco ou nenhum valor existencial, o que interessa mesmo é a opinião dos outros sobre nós ou como diria Martin Heidegger: “o que importa não é o que faço e penso, mas o que eles fazem e pensam”. Conforme a teoria do próprio Heidegger, somos inautênticos nas nossas opiniões, escolhas e decisões. Assim, comemos, vestimos, e acatamos como bom, aquilo que uns e outros dizem ser o melhor para nós. O que vale hoje é o julgamento do mercado que dita o ritmo das nossas decisões.

É essa impressão exterior que enche a nossa mente e impede-nos de refletir sobre os problemas do nosso tempo. A TV, o rádio, os jornais, a internet etc, estão aí diuturnamente com inconsistentes “pedaços” de informação a nos inundar e a nos enlear. Esta avalan-che de mensagens daqui e dacolá acabam preenchendo cada recanto do nosso inconsciente e simplesmente expulsa o discer-nimento e a compreensão da realidade estúpida em que vivemos, seja em Rio Branco ou na antiga cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Hoje, por tudo o que sabemos do Rio, no campo da violência entre gangues e a polícia, tão feia!  Só para aludir sobre essa estupidez, podemos afirmar que os mitos da cultura moderna nos remetem inexoravelmente a disparidade axiológica, com a sua inversão de valores. Vemos, por exemplo, na cultura do futebol profissional, jogadores que são verdadeiros deuses à luz da raça humana mediocrizada.

Alceu de Amoroso Lima, no seu “Humanismo Pedagógico” fez crítica contundente contra algumas teorias humanistas (marxista e exis-tencialista), em que o homem é exclusivamente objeto ou apenas um projeto, jamais sujeito da história. Tristão de Ataíde alertava, já na década de 40, e pedia aos que vivem a lida do pensar que fujam dos perigos dos mitos modernos; na sua ótica: riqueza, tecnologia, cultura, classe, nação e raça; realidades relativas que não podem ser absolutizadas.

A minha expectativa para os entusiastas da filosofia, mesmo os diletantes, é que sigam o legado deixado por filósofos célebres do tempo antigo. Com estes surge uma nova atitude, que tem êxito devido às condições sociopolíticas: a de não aceitar relatos sobre o mundo com base na tradição, mas questionar e exigir razões para aquilo que é aceito. Também o que se sabe deles é que desprezavam completamente os mitos seculares.  Proibiam a si mesmos, todos os prazeres vulgares e irresponsáveis, e repousavam apenas nos braços da filosofia.

O filósofo, diz a tradição filosófica platônica, deve dar as costas ao mundo dos objetos cor-póreos, mundo de meia realidade, para ater-se unicamente às relações ideais. A coerência interna do pensamento garante a descoberta da verdade última àquele que for paciente o suficiente para perseguir até o fim o fio dourado da razão. Para tanto é necessários subtrair do viver diário as paixões e sensações do mundo empírico.

“Não deves filosofar só por teres tempo disponível… tudo deve ser posto de lado para que nos dediquemos a essa atividade para a qual nenhum tempo é suficientemente longo”. Diria Sêneca, se aqui estivesse.

* Francisco Assis dos Santos é professor e pesquisador  bibliográfico em Filosofia e Ciências da Religião. E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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