O livro “Educação, um tesouro a descobrir”, sob a coordenação de Jacques Delors – um político europeu de nacionalidade francesa, que foi presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995 – trata de forma didática e prioritária dos quatro pilares de uma educação para o século XXI. Associa esses pilares a algumas máximas da Pedagogia Pros-pectiva e subsidia o trabalho de pessoas comprometidas com a busca por uma educação de qualidade. Segundo ele, na página 89 de seu livro: “À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele”.
Para Jacques Delors, a analogia com a prática pedagógica se mostra quando diz que a educação deve preocupar-se em desenvolver quatro aprendizagens fundamentais, que serão para cada indivíduo os pilares do conhecimento e da formação continuada, quais sejam:
1 – Aprender a conhecer – É necessário tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que não seja efêmero, que se mantenha através do tempo, que valorize a curiosidade, a autonomia e a atenção, permanentemente. É preciso, também, pensar o novo, reconstruir o velho, reinventar o pensar.
2 – Aprender a fazer – Não basta preparar-se com cuidados para inserir-se no setor do trabalho. A rápida evolução por que passam as profissões pede que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe, desenvolvendo espírito cooperativo, de humildade na reelaboração conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa, gostar de certa dose de risco, ter intuição, saber comunicar-se, saber resolver conflitos e ser flexível. Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas.
3 – Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros – No mundo atual este é um importantíssimo aprendizado por ser valorizado quem aprende a viver com os outros, a compreender os outros, a desenvolver a percepção de interdepen-dência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum. Impossível conceber um mundo onde as pessoas não saibam conviver.
4 – Aprender a ser – É importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa e desenvolvimento integral da pessoa em relação à inteligência. A aprendizagem precisa ser integral não negligen-ciando nenhuma das potenciali-dades de cada indivíduo.
A partir dessa visão dos quatro pilares do conhecimento, podem-se prever grandes avanços na educação. O ensino-aprendizagem voltado apenas para a absorção de conhecimento, que tem sido objeto de preocupação constante de quem ensina, deverá dar lugar ao ensinar a pensar, saber comunicar-se, saber pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses e elaborações teóricas, ser independente e autônomo, enfim, ser socialmente competente.
No atual cenário de mudanças políticas, o país presencia momento importante: a demanda por educação. Com isso a sociedade e as instituições, em uníssono, movimentem-se no atendimento a esta urgência nacional. Esta é uma tarefa importante e é isso que se espera que o Brasil faça. Temos materiais e temos idéias. É preciso pôr em prática todos os estudos e projetos para a modernização da educação.
Para mudar a atual história educacional do Brasil é urgente lograr conquistas, avançar muito, cortar as cordas que impedem o crescimento, exercitar a cidadania plena, aprender a usar o poder da visão crítica, entender o contexto do mundo globalizado. Enfim, ser o ator da própria história, cultivar o sentimento de solidariedade, lutar por uma sociedade mais justa e solidária e, acima de tudo, acreditar sempre no poder transformador da Educação.
DICAS DE GRAMÁTICA
HÁ DEZ ANOS ou HÁ DEZ ANOS ATRÁS, Professora?
– Há dez anos atrás é uma redundância. Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
POSSO DIZER “ENTRAR DENTRO”?
Por Deus, NÃO!!! É outra redundância, assim como “sair fora ou para fora”, “elo de ligação”, “monopólio exclusivo”, “já não há mais”, “ganhar grátis”, “viúva do falecido”.
VENDA A PRAZO OU VENDA À PRAZO?
“Venda à prazo” não existe! Não se usa crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.
Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Mestra em Letras pela Universidade Federal Fluminense; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras.