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O que esperar dos novos congressistas

O Brasil todo testemunhou a alegria intensa e contagiante dos recém- eleitos  senadores e deputados federais ocorrida no Congresso Nacional, por ocasião da posse dos novos congressistas. Aliás, fazia tempo que não víamos um ambiente tão folgazão e com tamanha euforia. E nem poderia ser diferente, afinal os privilégios desses poucos e agraciados nobres cidadãos são grandes: benesses e mais benesses. Um pote cheio e outro derramando. Huummm! 
Na cobertura jornalística do evento chamou a atenção à preocupação  das TVs em perguntar ao povo em geral, sobre o que esperar dos novos congressistas.

Muitas e diversas foram às respostas dos brasileiros tendo em vista, principalmente, melhorias da via crucis de cada um. A propósito, o povo brasileiro, otimista toda a vida, a cada nova legislatura, se enche de expectativa e esperança de um dia possuir um parlamento voltado unicamente para os interesses da nação. Anela, com gemidos inexprimíveis, que os senadores e deputados  se reúnam com equilíbrio e sensatez, sem os ranços oriundos da política partidária; que nunca mais tenhamos que presenciar na “casa da democracia” o que  temos visto nos últimos tempos, notadamente, em casos que envolveram CPIs, onde pontificou a galhofa (risadas estridentes e debochadas), em detrimento da ordem e da decência que o momento político exigia.

 
Por outro lado, os novos congressistas vão ter a tarefa de apagar da mente da nação brasileira o alto índice de descrédito que a população brasileira detém pelo Congresso Nacional, ocasionados pelos vexatórios escândalos políticos. Do mesmo modo, precisam resgatar, o respeito Nacional pela classe política como a arte de bem governar e legislar os negócios públicos, pois o preconceito  generalizado na atualidade, em  relação à atividade política, é vista como prática pouco favorável  à conduta regida por princípios éticos. Tal  aviltamento é reforçado por aquela concepção, atribuída a Nicolau Maquiavel, de que ética e política, atualmente, estão em campos antagônicos.  O Brasil, não quer mais ver, perplexo, o surgimento de novos e terríveis fatos, crimes contra o erário público acontecidos, quase que diariamente, que nos chocou e nos levou as raias duma revolta.

Os novos congressistas terão que  espantar de uma vez por todas os maus presságios (agouros) que circundaram, por anos, e talvez ainda cerquem o congresso Nacional. Abro parêntese, para dizer que entre os novos 513 deputados federais estão de volta algumas figuras carimbadas, endinheiradas e de mentes espertas; pródigas em negociatas em nome do cargo que exercem e em favor das siglas de aluguel, que representam. A vontade de citar o nome de uma penca deles é grande. Contudo é melhor deixar pá lá mano velho!

A esperança maior e a prece do povo brasileiro, visto que somos quase todos cristãos, em favor do atual Congresso Nacional, é que os novos congressistas que galgaram o poder público, no dia 1º de fevereiro deste ano de 2011, sejam homens e mulheres que comprovadamente possuam conduta ilibada; mulheres e homens de bem, que estejam dispostos a pagar o alto preço do serviço público sem se deixarem contaminar pelo canto da sereia, que tenham domínio próprio, pois aquele que não é capaz de governar a si mesmo, no dizer de Gandhi, não será capaz de governar os outros.

É nosso anseio, além disso, que os novos congressistas se espelhem naquele Congresso Nacional, de dias idos, composto de figuras impolutas, tais como: Ulisses Guimarães, Afonso Arinos, Darci Ribeiro  e mais recentemente Jefferson Peres, e outros da mesma estirpe ética, que transmitiam, ao povo, plena confiança.

A propósito da menção do falecido senador Afonso Arinos, conta-se que tenha asseverado, numa de suas famosas conferências sobre o pensamento político e a reconstrução da democracia no Brasil, que sem o banimento, tanto quanto possível,  da corrupção e da violência nos negócios entre o Estado e o cidadão, não haverá paz e progresso autênticos. Seria bom se grande parte dos novos congressistas seguissem a mesma linha de pensamento encontrada no renomado jurista e cientista político, que tanto elevou o nome Congresso Nacional.

Particularmente, do alto do meu pessimismo, gostaria de ver mais probidade, por parte dos novos congressistas, na condução dos destinos do país. Torço, ao mesmo tempo, para  que o descaso público que  se revelou na “postura” de alguns senhores parlamentares, num passado bem recente, não se repitam na atual gestão do Congresso Nacional. É pedir muito?

* Francisco Assis dos Santos é professor e pesquisador  bibliográfico em Filosofia e Ciências da Religião. E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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