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Justiça obriga Rede Globo a negociar com a família de Wilson Pinheiro

A ‘todo-poderosa’ Rede Globo vai ter de negociar com a família do líder sindical Wilson Pinheiro, assassinado em 1980. A emissora usou as imagens e a memória do sindicalista na minissérie ‘Amazônia: de Galvez a Chico Mendes’, sem o consentimento dos familiares. A audiência está marcada para o próximo dia 11, na 4ª Vara Civil da Comarca de Rio Branco.
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A viúva de Chico Mendes, Izamar Mendes, também acionou a emissora pelos mesmos motivos. Ela teria recusado a proposta de indenização oferecida. “O que está em jogo não é a quantia, mas a reparação dos danos causados pela veiculação de uma história mentirosa”, assim resumiu a filha e representante da família, Hiamar Pinheiro.

Ela também questiona pessoas ligadas ao Governo do Estado por terem permitido e, no seu entender, até ter participado da realização da minissérie. A ‘politicagem’, segundo ela, é o que teria norteado a novelista acreana Glória Perez. “À ilustre acreana, será que ela gostaria de ver a memória de sua filha manchada?”, questiona, referindo-se ao assassinato de Daniela Perez, ocorrido na década de 90.

Para narrar a história do sindicalismo rural acreano, de acordo com a Hiamar Pinheiro, precisa-se primeiro contar a história de seu pai. Desta forma, segunda ela, é que se chegaria à cidade de Xapuri e a Chico Mendes. “Os trabalhadores rurais de Xapuri eram ligados ao sindicato de Brasiléia. A história foi criminosamente invertida”, desabafa ela,  completando que mataram o seu pai pela segunda vez.

Quem foi Wilson Pinheiro  
Wilson Pinheiro foi morto em 21 de julho de 1980, com um tiro na nuca, a mando de grandes latifundiários. Ele estava reunido numa sala, com outros dirigentes do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Além de presidente do sindicato, também presidia a comissão municipal do PT.
Na década de 70, ele fez parte da primeira leva de sindicalistas rurais do Acre. Assessorado pelo engenheiro agrícola e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores Agricultura (Contag), João Maia, e de setores da Igreja Católica, tornou-se um ícone na luta pela terra e na defesa dos trabalhadores rurais.  

Warner Brothers  teria cometido o mesmo crime
A indústria norte-americana de cinema e entretenimento Warner Brothers também teria usado, sem permissão, a imagem do sindicalista acreano no filme ‘Amazônia em Chamas’.

Desde 1994, quando foi lançado, o filme é veiculado no mundo inteiro para mostrar a luta empreendida pelo sindicalista Chico Mendes e os seringueiros acreanos em favor da preservação da floresta.

Wilson aparece como o ‘professor’ de Chico Mendes na escola do sindicalismo. Apesar de a companhia ter ganhado milhões de dólares com a veiculação do filme, não quer pagar um centavo, sequer os danos materiais e morais, por ter usado o nome e a imagem do sindicalista. No ano passado, a Câmara Cível do Tribunal de Justiça sentenciou o pagamento de uma indenização de R$ 156 mil.

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