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Navio patrimônio histórico vira foco de dengue

Há alguns anos encostado no Porto da Cadeia Velha, o Navio Antimari, patrimônio histórico do povo acreano, está repleto de criadouros da dengue. O problema, que não deve ter uma solução imediata, envolve três secretarias municipais: a de Agricultura e Floresta, cuja sede funciona nas dependências do porto, a do Patrimônio Histórico, que deveria dar a destinação adequada para a embarcação, e a de Saúde para quem compete a responsabilidade de combater a doença.

“O problema precisa ser resolvido. Se a gente mandar fazer buracos no casco, com o intuito de drenar a água parada, vamos depredar o patrimônio histórico. Por outro, se deixarmos do jeito que está, seremos omissos nas ações públicas de combate à dengue”, assim relatou o dilema, o secretário de Agricultura e Floresta, Mário Jorge Fadel, que acabava de chegar de férias.

Resgatada do fundo do Rio Acre, na gestão do então secretário de Hidrovias, José Otávio, a embarcação, remanescente da década de 40, causa um apelo emocional em quem se aproxima dela. “O que a gente tem feito é jogar produtos químicos para conter os criadouros, aliado ao trabalho das equipes de limpeza e fumacê”, disse Fadel, sugerindo a remoção da barca para o Parque Capitão Ciríaco.

A reportagem fez contato com a coordenadora de Vigilância Sanitária da Prefeitura, Monica Moraes, mas ela disse que, para tomar providências, precisaria da formalização da denúncia que é feita por um serviço de ouvidoria. Em contato com este setor, a reportagem relatou o fato pelo número 0800 647 1516. “Vamos gerar um protocolo e encaminhar para soluções”, disse uma telefonista. 

Recuperação depende de projeto externo, diz presidente da FGB
O presidente da Fundação Garibaldi Brasil, Marcus Vinicius das Neves, assim resume o problema: “Qualquer destinação de uso para ela (embarcação), seja naval, recuperá-la para navegar, seja um uso museológico, colocá-la em um espaço de memória representativo de um período do Acre, o custo é muito alto. A gente precisaria aprovar um projeto externo o que, infelizmente, não foi o caso até agora”, relatou.

Apesar das dificuldades para pôr fim ao problema, Marcus não concorda com a atual situação de abandono. “Ela precisa ser limpa periodicamente para que isso não aconteça”, criticou. Quando se fala do valor histórico do navio, o presidente, de forma irônica, disse que a embarcação poderia ser vendida para um ferro velho, se não fosse um dos últimos objetos remanescente do “fantástico” período do governo José Guiomard Santos (1946/1950).

“Não se sabe explicar de onde o governador trouxe tanto dinheiro para desenvolver essa região. Esse homem, dentre outros feitos, equipou uma frotilha de embarcação como aquela, que, além de patrulhar o Rio Acre, também tinha a missão de trazer os colonos para que pudessem vender os seus produtos na cidade”, acrescentou o historiador. 

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