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Aleac faz homenagem a fuzileiros navais acreanos presos em 1964

Aleac realizou sessão solene ontem, 10, para prestar homenagens a dois acreanos que participaram da revolta dos fuzileiros navais, ocorrida às vésperas do golpe militar de 1964 e que entrou para a história como “A revolta dos Marinheiros”:  Raimundo Lopes de Melo, hoje professor da Ufac e Adson Souza Leite, tenente reformado da Marinha e morador de Tarauacá.
Eles dividiram a mesa de honra com os deputados Elson Santiago, presidente da Casa e Ney Amorim, 1º secretário; o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Henrique Corinto de Moura, que representou o governador Tião Viana, e Paulo Novaes Coutinho, vice-presidente da União da Mobilização Nacional pela Anistia (UMNA).

A sessão, que foi realizada por indicação do deputado Moisés Diniz (PCdoB), teve a participação da grande maioria dos deputados, embora realizada em plena semana de Carnaval. “Duvido que haja outras assembléias estaduais trabalhando numa quinta-feira como esta”, desafiou Moisés, lembrando que tratava-se de uma sessão distinta. “Não é um trabalho qualquer, é um trabalho para o resgate de nossa memória, da luta daqueles que enfrentaram dificuldades, tiveram os direitos individuais arrancados e ficaram anos longe da família por acreditarem que a humanidade nasceu para dialogar, convergir, compartilhar idéias e pontos de vista”, declarou Moisés.

Depois das apresentações feitas por Moisés, o presidente Elson Santiago deu a palavra ao vice-presidente da UMNA, Paulo Coutinho. Em 20 minutos, Coutinho contou detalhes da revolta dos marinheiros, contra o seu direito de organização em associações e sindicatos.

Cerca de 3 mil marinheiros se reuniam em 25 de março no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro em uma comemoração pelos dois anos de fundação da associação da categoria quando receberam ordem de prisão do ministro da Marinha, Silvio Mota. Liderados pelo cabo José Anselmo dos Santos, os marinheiros resistiram e acabaram provocando a renúncia do ministro. Mais tarde, eles se renderiam e seriam presos e torturados no presídio Frei Caneca e na Ilha Grande.

Os marinheiros foram anistiados, mas, avisados que se-riam novamente presos tiveram que fugir e viver clandestinamente, com nomes trocados e escondidos até mesmo de suas famílias. Adson Leite lembra que, ao voltar para Tarauacá, foi tratado como bandido e ameaçado de ser enviado à força de volta para o Rio de Janeiro. Foi salvo por um capitão do Exército que o convidou para ajudar na construção do quartel de Tarauacá.

“Chamavam-me de ladrão, foragido, mas a história não se esconde, sempre aparece e hoje estou feliz, 47 anos depois, sendo reconhecido pela Aleac por indicação do deputado Moisés, e com aprovação de todos os deputados”, comentou o oficial, que foi contemplado pela Lei da Anistia.
Quando estava no Rio, Adson revelou que Paulo Coutinho era o seu protetor. “É bom ter amigo e ser leal a ele, por isso foi caminhando. Levei 10 anos para convencer o Coutinho a vir conhecer o Acre e Tarauacá”, comentou. (Agência Aleac)

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