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TRANSOCEÂNICA: O que fazer para a estrada não se tornar apenas um ‘corredor de exportação’?

Na área econômica, uma notícia chamou a atenção dos leitores do Jornal A GAZETA desta semana. Trata-se da utilização da Rodovia Transoceânica (BR-317) como eixo comercial. Empresas do Sudeste já despertaram para a posição estratégica que a rodovia ocupa e já contabilizam lucros. A  Micheport Andina Internacional Ltda é uma despachante aduaneira: garante o comércio de caminhões, micro-ônibus e chassis de ônibus para toda América do Sul, a partir do Sudeste brasileiro. De setembro de 2010 a maio deste ano, conseguiu comercializar US$ 7,2 milhões.

Dois aspectos chamam atenção: 1) alta lucratividade. Afinal, para uma empresa de transportes comercializar US$ 7,2 milhões em 8 meses é algo que merece análise. O comércio internacional só é lucrativo para profissionais extremamente experientes e conhecedores dos meandros tributários e burocráticos. São profissionais que garantem menor custo e rapidez na entrega. Os 32 caminhões que passaram por aqui na semana passada saíram de Resende (Rio de Janeiro) com destino ao interior do Equador. Utilizando a Rodovia Transoceânica, os custos diminuem em 17%. Foi o que calculou o despachante aduaneiro da Micheport Andina Internacional, Rafael Lopes Pimpão. Ele reclama da falta de pessoas capacitadas para tratar com o comércio internacional e da infra-estrutura urbana para agilizar o trabalho. Cita a internet como um dos serviços “que precisam mudar urgentemente”.

2) O outro aspecto que chama atenção no comércio realizado pela Transoceânica é o papel da iniciativa privada acreana. Dos US$ 7,2 milhões comercializados pela Micheport Andina pouca coisa ficou aqui. O que faz das empresas do Sudeste as primeiras a lucrar? Quais riscos reais de a Transoceânica se transformar em um ‘corredor de exportação’ sem produtos acreanos?

Um aspecto deve servir de referência aos empresários locais porque já é parâmetro para a economia internacional: “capital busca capital”. Há uma máxima popular que diz essencialmente a mesma coisa: “dinheiro faz dinheiro”. Não existe ‘capital solidário’ em Economia.


César Messias e Edvaldo conversam com representante da Micheport; foram R$ 7,2 mi em 8 meses, pela estrada

No comércio internacional, não há lugar para amadores. Se a iniciativa privada acreana não provocar mudanças radicais na estrutura de produção, vai ficar pra trás. “É tudo o que não podemos permitir que aconteça”, exorciza o secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães, ao ser perguntado sobre a possibilidade de a Transoceânica não ser aproveitada pelo comércio acreano. “O Sudeste do Brasil já descobriu a viabilidade econômica da Rodovia Transoceânica e é preciso que nós, acreanos, também reconheçamos isso o quanto antes”.

Só para citar um exemplo: a margem de lucro da empresa Micheport com o transporte de máquinas pesadas é calculada em até 30%. Está fundamenta na redução ou, em alguns casos, exclusão tributária. Um dos modelos comercializados alcança no mercado acreano a cifra de R$ 90 mil a vista. A empresa paulista garante a entrega dos caminhões no Equador, por US$ 31 mil (ou R$ 49 mil), saindo do interior do Rio de Janeiro. Quase a metade do preço do mesmo veículo comprado aqui no Acre.

Qual a excelência da economia acreana?
Essa é uma pergunta ainda não respondida. Nem pelo governo e muito menos pela iniciativa privada. Quais são os ‘pontos fortes’ da nossa economia? É produção de fármacos? É química fina? É extrativismo vinculado à indústria? É indústria madeireira? É produção de cheiro verde? É economia do holerite? O que o Acre produz bem? Quais produtos estão em alta no mercado internacional e que são produzidos com excelência aqui?

Se a resposta a essas perguntas for “nada”, significa que, independente de qualquer nuance partidária, o Acre precisa realizar com urgência um grande pacto econômico unindo centros de pesquisa e universidades, ações pontuais e planejadas do poder público e forte presença da iniciativa privada.

O argumento de que “no Acre, só há governo” é uma meia verdade. Se a regra for o rigor, então não seria exagero dizer que “no Brasil, só há Governo”. O capitalismo brasileiro é classificado por economistas mais liberais como “de baixo risco”. Em outras palavras: a participação do Estado ainda é preponderante em vários setores.

Isso constrói um contexto de possibilidades para o Acre, com o Governo fazendo o papel de mediador de tendências, regulamentando o que deve ter regras básicas e interferindo no mercado de forma criteriosa e mínima.

Desnecessário dizer que se houver qualquer movimento de tentar desviar investimentos em Educação para outros fins, o atraso será reforçado.

Sistema IIRSA deve ser obstáculo?
A Estrada Transoceânica integra a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sulamericana (IIRSA). O sistema IIRSA é uma ação articulada entre vários governos e empresas latino-americanas para agilizar o transporte, energia e comunicação por meio da integração física entre os países.

Esse sistema sofre severas críticas de movimentos ambientalistas e movimentos sociais em todo continente sul-americano. O argumento central é o de que o desenvolvimento econômico suplanta qualquer tentativa de respeito às culturas das populações tradicionais e obriga governos a flexibilizar legislações ambientais.

Para um estado que necessita ultrapassar a condição de ter boa parte de sua população vivendo em pobreza extrema, criticar o sistema IIRSA sem apontar alternativas contribui em quê? A condição óbvia de respeito às populações tradicionais e à legislação ambiental não pode causar problemas ao poder público.

Em relatórios de avaliação internos do Ministério dos Transportes do Brasil, a Rodovia Transoceânica figura como um dos principais eixos de integração regional. Agora, com a pavimentação do lado peruano, todo o trabalho iniciado há 12 anos pelo Governo do Acre fica mais exposto do que nunca.

A organização dos trabalhadores, as questões das legislações, a carga tributária, a participação das universidades e centros de pesquisa, o dinamismo da iniciativa privada (ou a falta dele) são fatores que, a partir de agora, estarão postos em xeque. As empresas e corporações que estiverem melhores preparadas, talvez, sobrevivam. De outra forma, a condição de “corredor de exportação” será a única certeza possível.


Comércio de Brasiléia e Epitaciolândia agoniza

JORGE NATAL-De Brasiléia para o Acre Economia

“O que já foi antes opulento, hoje é agonizante”. É com esta frase que o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Brasiléia e Epitaciolândia, Aparecido Carlos Saturnilho, define a trajetória do setor naqueles 2 municípios. A caótica situação é causada pelo intenso comércio na zona franca da cidade boliviana de Cobija, que, fora o setor alimentício, vende tudo mais barato do que o Brasil. Há quase 20 anos foi criada (e não instalada) a Área de Livre Comércio (ALC) na região brasileira de fronteira.


Comércio de Cobija/BOL tem avançado em alto ritmo

Importando produtos estrangeiros, principalmente eletroeletrônicos da China, e pagando impostos irrisórios (1,5%), a capital do Departamento Pando teve um surto de crescimento nas últimas décadas. Desde a instalação de faculdades particulares, de fábricas, prédio novos, hotéis, parques e áreas de lazer até a construção de conjuntos habitacionais, a ‘Nova Cobija’ foi se formando e dobrando a sua população na última década.  

Em contraste, as cidades brasileiras possuem uma agricultura de subsistência, extrativismo decadente, indústria incipiente e um comércio que, a cada dia, fecha as portas. “As lojas comerciais Novalar e Barriga Verde já foram embora, enquanto a Renacon e Casa Castro estão em processo de falência”, relatou Saturnilho. “Esta última tem mais de 50 anos tradição”, acrescentou.

A ‘solução’ para alavancar o desenvolvimento na região, na avaliação do presidente, seria a instalação imediata das Áreas de Livre Comércio de Cruzeiro do Sul eBrasiléia/ Epitaciolândia. Ambas estão autorizadas desde março de 1994, quando foi sancionada a Lei Federal 8857. No entanto, até agora a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) não regulamentou o funcionamento. “O que significa que existem de direito, mas não de fato. Sequer vejo um funcionário dessa instituição”, lamenta Saturnilho.

Ele quer garantir a inclusão das cidades acreanas num projeto de lei que transforme a Área de Livre Comércio de Macapá-Santana, no Amapá, em zona franca. O mesmo benefício poderia ser estendido aos municípios de Brasiléia, Epitaciolândia, Cruzeiro do Sul, Guajará-Mirim (RO), Tabatinga (AM) e Pacaraima (RR).Com a criação das zonas francas, seria possível ampliar os incentivos fiscais e isenções de outros impostos, reativando o comércio e atraindo um parque industrial similar ao da Zona Franca de Manaus (ZFM), acredita Saturnilho.

Até novembro deste ano, o Governo Federal e o estadual vão garantir a presença da Suframa, com sede própria orçada em 1,2 milhão. Cinco funcionários concursados vão trabalhar na unidade, que funcionará a 3 Km de Epitaciolândia.


ARTIGO

Por que franquia é igual a casamento?

Lauro Santos

É interessante como o tema franchising, que nada mais é do que uma forma inteligente de distribuição de produtos e serviços, tem crescido bastante através desta modalidade derelação comercial entre franqueador e franqueado e como tem ganhado fôlego nos últimos 5 anos.

Porém, assim como em um casamento, nem tudo são “flores” nesta modalidade de negócios épreciso ter muita cautela. Precisa-se de muito estudo e preparo para se optar ou não em assinar um contrato de compra de uma franquia. Com a proximidade de inauguração do primeiro shopping Center do Estado do Acre já em novembro deste ano, muitas são as possíveis oportunidades de negócios por meio do sistema de franchising. Conhecer bem o tipo de negócio, analisando o ramo de atividade e a relação do franqueador com franqueados e até mesmoex-franqueados é fundamental.

 Assim como em um casamento, é recomendando que você conheça bem a família da noiva e do noivo. Como vivem?Quais são seus costumes e características? Quais os mandamentodestecasamento? Entreoutros… Na relação de franqueado com franqueador temos algo parecido, na qual chamamos de COF (Circular de Oferta de Franquia) e toda franquia FNF(Franquia de Negócio Formatado)de acordo com a lei nº8955 de 15/12/1994 conhecida como “lei do franchising” necessariamente tem estes documentos e características sobre a relação; Seus direitos e deveres.

Mas quando optar por empreender através da aquisição de um franquia? Simples, primeiro se você não entende nada do ramo de atividade deste negócio que esta pensando em empreender, e se a marca é famosa no mercado internacional, nacional e local ou seja, sua cidade, apesar de nunca ter existido por aqui. Deve-se sim optar pelo casamento com um franqueador, dada as devidas precauções de analise, Pois você não se casa com qualquer um(a) que aparece pela rua só porque é bonitinho ou bonitinha correto?

Então quais as precauções? Analise se o produto tem aceitação no mercado local. Visite possíveis cidades com características sócio-econômicasparecidas com a sua cidade, e que já possua uma loja franqueada parecida com a que você se propõem. Atente-se, verifique se o franqueador é conveniado a ABF (Associação Brasileira de Franchising) e se possui restrições perante a ABF eTribunais de justiça. Acesse www.abf.com.br. Entenda que o processo de escolha, “namoro” até a inauguração de uma loja franqueada leva em torno de seis meses até um ano. 


Quais os meus principais direitos ao adquirir uma franquia?Esta é a pergunta comum que todos os candidatos a franqueados tem. Quando a franquia é (FNF), por lei o franqueado tem direito a consultoria de campo, onde se avalia junto com o consultor ou gerente de expansão do franqueador quais os melhores pontos na cidade e quais as características deve ter a futura loja. Além disso, temos os manuais de operação da loja que vem junto com treinamento em uma loja similar á que será inaugurada.Existe também o suporte operacional, que é fornecido pelo franqueador para os primeiros meses de funcionamento e posteriormente a cada 3 a 6 meses sua loja deve receber a visita do técnico de operação de negócios da franquia. Este profissional busca identificar se o franqueadoesta gerindo a franquia da forma correta e recomendada nos manuais. Assim como identificar possíveis pontos de melhoria na gestão administrativa da sua loja franqueada.

E as desvantagens de optar por uma Franquia? Você deve ter muito cuidado ao optar por adquirir uma franquia.jamais seja levado pelo entusiasmo do franqueador e muito menos de amigos.Decida-se pela pauta da razão. Sempre baseando-se nos estudos prévios sócio-economicos já analisados como em um plano de negócios.Consulte um advogadosobre as clausulas do contrato de franquia. Saiba que sua dependência com o franqueador e a exclusividade em ter que prestar serviços e revender produtos exclusivos da franquia podem vir a deixa-lo em apuros e engessado na operação da loja. Ressalto também que todo seu ganho é partilhado com o franqueador através da taxa mensal de Royalties, taxa de marketing/propaganda entre outras como utilização de sistemas informatizados e possíveis taxas extras destacadas no contrato de franquia. Saiba que o franqueador lhe repassa know-how e permite que você utilize e explore sua marca famosa em sua territorialidade (cidade e/ou bairro), porém você irá pagar muito bempor isso! Dica, pesquise muito antes de tomar qualquer decisão. Participe de feiras como a Expofranchising em São Paulo.A maior da américa latina nesta área. Consulte sempre o Sebrae. Lá você encontra informações técnicas e um portfólio de ajuda completo neste tema através do “ Programa Sebrae de Franquias”. Boa Sorte! 

Lauro Santos, Instrutor / Consultor Sebrae Franquias. 


 

Sonegar (por enquanto) ainda é preciso

ITAAN ARRUDA

Valdir Pietrobon é presidente da Federação Nacional das Empresas Contábeis (Fenacon). Sob sua responsabilidade estão praticamente 99% das empresas brasileiras, entendendo que neste universo estão os micro, pequenos e médios empreendimentos. Pietrobon é um daqueles raros talentos do setor de economia que torna os números mais próximos da realidade. Fala simples, sem rodeios.

Esteve no Acre recentemente para participar da posse da nova diretoria do Sindicato das Empresas Contábeis do Acre, vinculado à Fenacon. Na conversa com a equipe do Acre Economia, dois assuntos em pauta, o programa Micro-Empreendedor Individual e a tão necessária e nunca efetivada Reforma Tributária.

Sobre este assunto, ele é categórico. “A reforma não é feita por uma questão política”, resume. “Estados como São Paulo vão perder receita e isso eles não aceitam”. Mas, em uma rotina empresarial que penaliza as micro e pequenas empresas, o dia a dia mostrou ao presidente da Fenacon um fato. “As pessoas sonegam não porque querem”, confirma. “Elas precisam sonegar porque a carga tributária é muito alta”. Não se trata de uma declaração de apoio à sonegação.

Na verdade, Pietrobon relata um problema factual e calcula, sem cerimônia. “No Brasil, a sonegação está em torno de 30 a 40 por cento”. Se sonegar é uma questão quase matemática para permanecer no mercado, a urgência de uma reforma é cada vez mais evidente.


Presidente da Fenacon garante diferencial do programa do empreendedor individual

Acre Economia_ Que avaliação o senhor faz do programa Empreendedor Individual no Acre?

Valdir Pietrobon_ Muito positiva. Esse é um dos projetos sociais de maior envergadura deste país, juntamente com o Simples nacional com as empresas que são regidas pela Lei das Micro e Pequenas Empresas. O MEI (Micro-Empreendedor Individual) é um projeto maravilhoso que está dentro do Simples. A meta para 2011 no Acre era 4.128 micro-empreendedores individuais. Em maio (começo de junho), nós já alcançamos 4.655 já registrados aqui no Acre. Até dezembro do ano passado, nós tínhamos aqui 3.557.

AE_ Está tudo bem, então?

VP_ Não. Dos micro-empreendedores individuais que estavam formalizados até dezembro de 2010, em maio, deveriam ter feito a declaração do imposto de renda. Só 2.420 entregaram. Aproximadamente, 40 por cento não entregaram. Está dentro da média nacional. É um problema. Porque essas pessoas não têm só direitos a serem observados. Elas têm obrigações também. Declarar imposto de renda de pessoa jurídica é uma delas.

AE_ E o que acontece com o micro-empreendedor que não declarar o imposto de renda?

VP_ Além de terem uma multa de cinqüentareais já definida… se eles precisarem pegar um empréstimo em banco, vão estar em um cadastro em que o nome deles vai estar pendente com a Receita.

AE_ Qual é a diferença essencial entre um micro-empreendedor individual e um ‘simples e bom vendedor’?

VP_ O micro-empreendedor individual é uma empresa que fatura até três mil reais por mês [há um projeto na Câmara para passar para quatro a partir de junho]. Um vendedor de cachorro-quente; a mulher na rua que vende cosméticos; o cabeleireiro… quais as garantias que esses profissionais têm? Eles não têm garantias trabalhistas nenhuma. Se um vendedor de pipoca instalado em frente a um colégio fica doente a família dele padece. Não há garantias para ele. Com o projeto do micro-empreendedor individual é diferente. Há garantias. O micro-empreendedor individual tem auxílio acidente, auxílio-doença; ele vai poder se aposentar por conta da contribuição de 5 por cento o que, na prática, resulta de vinte e três reais e paga mais um real para o estado se for um vendedor ou mais cinco reais para a prefeitura se ele for um prestador de serviços. São, em média, trinta e dois ou trinta e três reais por mês e a garantia de ter todos os benefícios previdenciários. O Banco do Nordeste e a Caixa têm linhas de crédito direto para essas pessoas.

AE_ Como a Fenacon avalia a integração que se constrói nessa região?

VP_ O que a Fenacon prioriza são as pessoas que têm iniciativa privada nos locais mais distantes, mais isolados. É mais fácil conseguir implementar programas como o MEI em São Paulo. Aqui é que está o nosso desafio. Fazer com que programas bons tenham bom impacto para quem mais precisa. Hoje, 99% das empresas brasileiras são micro, pequenas e médias empresas. Somente 1% é feito por empresas grandes. A Fenacon sabe todas as deficiências de pelo menos 99% das empresas que empregam 60 por cento da mão de obra do Brasil.

AE_ Qual é o principal gargalo para o micro-empresário brasileiro?

VP_ Reforma tributária, sem dúvida. E a burocracia também.

AE- Impressiona o consenso em relação à Reforma Tributária.

VP_ Não se faz a reforma por uma questão política.

AE_ Não é interessante ao governo fazer a reforma?

VP_ Para o Governo Federal até que não é problema. Mas, para os governos estaduais… os estados não querem abrir mão da parte que lhes cabem. Eles não aceitam porque vão perder receita; a guerra fiscal vai acabar… Já disse a vários deputados: ‘a Reforma Tributária precisa ser feita’. De 30 a 40% de tudo o que se faz nesse país é sonegado. Mas, as pessoas sonegam não é porque elas querem, não. Elas precisam sonegar porque a carga tributária é muito alta. Eles deixam de pagar tributos para pagar outras contas da empresa. Os micro e pequenos não sonegam para ficar ricos. Sonegampara poder honrar outros compromissos empresariais. Com o sistema de emissão de nota fiscal eletrônica, a sonegação poderia diminuir muito. Mas, é preciso ter vontade política para implementar as mudanças.


 

Andritz implanta fábrica de ração no grupo Peixes da Amazônia S/A

ITAAN ARRUDA

Está com a dinamarquesa Andritz a responsabilidade da implantação da fábrica de ração da Peixes da Amazônia S/A. A previsão de chegada dos representantes do grupo empresarial é terça (21). A Andritz é uma referência mundial na concepção e montagem de empreendimentos, como o que está sendo executado no Acre. A empresa foi criada na 2ª metade do século XIX, com foco na engenharia de pesca. A escolha da empresa é consequência da viagem que uma comitiva acreana fez a Bruxelas na European Seafood Exhibition, a maior feira mundial de comércio pesqueiro do mundo.


Empresa dinamarquesa será responsável pela implantação do complexo na BR-364

Os acionistas da Peixes da Amazônia S/A querem concluir a fábrica de ração em 6 meses. A fábrica de ração é parte de um empreendimento composto por um centro de alevinagem e frigorífico, com o custo de todo complexo estimado em R$ 40 milhões. O início das operações para a construção da fábrica de ração marca o começo da 2 ª etapa da execução do projeto.

“Na semana passada, a Peixes da Amazônia foi formalmente criada com CNPJ e já começou a operar como empresa”, comemora o secretário de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães, um dos mentores do projeto.

O complexo é formado pelo Centro de Alevinagem, Fábrica de Ração e Frigorífico e será instalado em uma área de 68 hectares, às margens do igarapé Iquiry, próximo à BR-364. Existe a possibilidade de que seja feito o lançamento da ‘pedra fundamental’ do empreendimento, com a presença do governador Tião Viana.

Assistência técnica será feita com os filhos dos produtores
A assistência técnica para engorda dos alevinos será de responsabilidade dos filhos dos produtores. Esta é uma estratégia para envolver na execução do projeto as pessoas que tenham identidade com a atividade produtiva e sejam parte diretamente interessada pelo sucesso do empreendimento.

Há a possibilidade de que a verba para manter aproximadamente 150 técnicos venha da Fundação Banco do Brasil a fundo perdido. Os recursos devem estar vinculados ao Fundo de Apoio à Pesquisa do Governo do Acre e servirão para pagar os técnicos como uma bolsa de estudos. É uma proposta que está sendo avaliada pelo governo e deve ser anunciada no lançamento da ‘pedra fundamental’.


 

NOTAS ECONÔMICAS

Sasai avisou
Bem que o futuro presidente da Federação das Indústrias do Acre, Carlos Sassai, avisou, em entrevista ao Acre Economia(29/05): o “Minha Casa Minha Vida”, programa federal de habitação, iria ter versão Dilma. E teve mesmo. A informação divulgada pela diretoria da Caixa Econômica foi recebida com entusiasmo pelo setor da construção civil na semana que passou. A expectativa é de que R$ 140 bilhões sejam investidos no programa habitacional.

Caixa
A Caixa Econômica Federal é a instituição financeira que vai gerenciar 80% desses recursos. Dos R$ 140 bilhões, nada menos que R$ 112 bilhões estarão nos cofres da Caixa nessa segunda etapa do “Minha Casa Minha Vida”. Assim como na versão Lula, o programa prevê incentivos para as indústrias de móveis e eletrodomésticos. Resta saber o que restará para o Acre dessas cifras tão volumosas.

Dilma positiva
Que ela trouxe uma rotina mais republicana e menos personalista à presidência é indiscutível. Mas, já praticamente entrando no sexto mês de governo, a presidente Dilma não conseguiu emplacar uma agenda positiva. É um incêndio atrás do outro.

Huumm…
Foi estranho. É o mínimo a dizer. Segunda-feira da semana passada, o governador Tião Viana se reuniu mais uma vez com representantes do setor da indústria regional. Foi apresentar metas para o setor produtivo. Na Agência de Notícias do Acre, de responsabilidade do Governo do Estado, a notícia foi transmitida da maneira mais positiva possível…

Então, tá I
Até aí, nada de novo: o governador como grande e incontestável líder conduzindo um encontro em que apresenta para os empresários quais os setores que o poder público entende serem estratégicos para investimentos. Pois bem. Mas, no fim da tarde, chega e-mail da Federação das Indústrias com um tom bem diferente.

Então, tá II
A começar pelo título do material, “Setor produtivo cobra respostas rápidas do governo para entraves”, os argumentos destoaram do que sempre se ouviu publicamente da Fieac nos últimos 12 anos. “O setor produtivo acreano continua sendo asfixiados (sic) por velhos e novos gargalos que travam seu crescimento”, reclamava o texto.

Então, tá III
E continua o release oficial da Fieac: “Além disso, o programa de compras governamentais, apesar das reuniões com a Secretaria de Estado de Indústria e Comércio, permanece pendente”. E, em uma frase atribuída ao presidente da instituição, João Salomão, a síntese. “Estamos perdendo tempo”. Então, tá. O registro foi feito.

“Desde que…”
O riso saiu em tom machadiano: assim, meio de lado, quase querendo ficar sério. Foi o que se pôde perceber quando o ex-ministro da Justiça, Bernardo Cabral, opinou sobre a instalação da Zona de Processamento de Exportação no Acre. “Sou totalmente a favor, desde que não venha a prejudicar o comércio nos estados vizinhos”. É hilariante, não é?

 

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