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IBGE e Ipea traçam perfil da população idosa

O contexto não está bom para as políticas públicas voltadas para a população idosa no Acre. Até maio deste ano, dois institutos de pesquisa de credibilidade incontestável apontam problemas estruturantes e excludentes a quem tem mais de 65 anos no Acre. Primeiro foi o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): trouxe a informação de que 1,6 mil pessoas no Acre com mais de 65 anos vivem em pobreza extrema.

Agora, é o Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicada da Universidade de São Paulo. O Ipea fez um estudo apontando o papel do poder público e da iniciativa privada na construção das Instituições de Longa Permanência para Idosos. A pesquisa tem abrangência na-cional e conta com apoio da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Dependendo da avaliação, as pesquisas são complementares. Os dados do Censo Demográfico 2010 traçam uma radiografia mais cotidiana. São 1,6 mil acreanos idosos que vivem na miséria. Sobrevivem durante um mês com até R$ 70. Os que ainda encontram resistência e energia para trabalhar com mais de 65 anos, se sujeitam a todo tipo de serviço. Sem qualificação profissional, aceitam o que oferecem. Não é à toa que boa parte dos vendedores de picolé e sorvetes está na faixa estaria descrita pela pesquisa. O cotidiano nada refrescante ajuda a fugir da fome, além de afastar o sujeito da solidão e depressão.

O estudo do Ipea tenta construir uma nova cultura. As Instituições de Longa Permanência para Idosos não são ações exclusivas do poder público. Ao menos, em tese. E também encontram resistência, conforme aponta a pesquisa. “De fato, a residência em instituições de longa permanência para idosos não é uma prática comum nos países do hemisfério Sul. Historicamente tem sido vista com resistência e preconceito, tradicionalmente como ‘depósito de idosos’, lugar de exclusão, dominação e isolamento ou, simplesmente, ‘um lugar para morrer’”.

No Acre, até o momento, o poder público é quem mais investe no setor. O Lar dos Vicentinos é uma espécie de símbolo. O Governo do Acre garante à instituição médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, medicamentos. De 2005 a 2008, o Governo do Estado investiu R$ 199,8 mil. Em 2009 e 2010, o Conselho Particular de Rio Branco São Vicente di Paula, instituição que gerencia o Lar dos Vicentinos “ficou inadimplente”, de acordo com a assessoria de Governo e só renovará convênio agora em 2011.

O que o Ipea tenta demonstrar é que espaços como o Lar dos Vicentinos devem ser estruturas dignas a quem é idoso. É claro que, para isso, as políticas públicas devem mudar radicalmente. A coleta de dados do Ipea iniciou em 2007 e só foi concluída no ano passado. O estudo aponta que 4,6% dos idosos existentes na região Norte, 1,4% residem em Instituições de Longa Permanência para Idosos.

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