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Bolívia: a farsa da reforma agrária

Nacionalizar os meios de produção da nação e distribuir terras aos índios, para depois lhes dar plenos poderes de cidadãos, na mais profunda reforma agrária das Américas, foi o argumento populista que o presidente Evo Morales usou para pedir a retirada das famílias brasileiras, constituídas de colonos, posseiros e fazendeiros que produziam  na zona de fronteira do departamento de Pando/Cobija. A área, antes ocupada pelas famílias brasileiras, hoje deveriam ter a ocupação de milhares de famílias nativas que estão pobres e sem-terra, na região de La Paz e Cochabamba.

Entretanto a tal reforma agrária de Dom Morales é uma farsa, porquanto não é terra que falta aos camponeses bolivianos, uma vez que a Bolívia é um país deserto. Hoje a população boliviana é constituída de aproximadamente dez milhões de pessoas que habitam  um território que corresponde a duas França. Os campos estão vazios, pois a maior parte da população mora nas cidades. Por outro lado a posse dessas terras, até então trabalhadas por brasileiros, não tirará essa gente da pobreza.

Grande parte dessas 240 famí-lias que foram “expulsas” vivia em solo boliviano por mais de trinta anos. Estava integrada a cultura boliviana com vínculos parentescos e o que é mais importante: não plantavam coca. Na verdade só o leste do país, notadamente na região tropical de Santa Cruz, possui um razoável desenvolvimento agroindústria de soja, madeira, gado e outros produtos. Nas outras regiões o que pontifica é a plantação de coca.

Dom Morales, elegeu-se presidente da Bolívia e permanece no poder, sobretudo, com a promessa de liberar a plantação de folha de coca. Cumpriu a promessa: as famosas plantações de coca se espalham na Bolívia. Muitas reportagens estão aí para confirmar, mais da metade da produção de coca excede o consumo tradicional. Logo, o que sobra, dizem especialistas, só pode estar destinado ao mercado da droga, o que torna difícil, dados os altos preços, a substituição por produtos agrícolas normais.

Atualmente, todos sabem, há mais dois movimentos políticos latino-americanos que apóiam o cultivo irrestrito da folha de coca: a guerrilha das Farc, na Colombia, que como Morales, se gaba da amizade de entranhados afetos com, o hoje adoentado Hugo Chávez – e o Sendero Luminoso, no Peru, grupo maoísta. Farinha do mesmo!

Hugo Estenssoro, jornalista boliviano, desmistifica a idéia de “índio puro” predominante, pelo mundo afora,  ao afirmar que Morales não é tão índio. Para ele e para quem conhece a Bolívia, Morales é um mestiço, embora de sangue predominantemente indígena. Mestiço cultural, o que fica evidente no seu discurso vitimista e antiimperialista, em correto jargão marxista-espanhol. Estenssoro, diz ainda, que é admirável que um genuíno índio, representante dos honestos cocaleiros com estritos fins folclóricos, possua tão bela dentadura, já que os humildes mastigadores de coca costumam sorrir de boca fechada.

O editorial do dia 17.06.2011 do jornal La prensa de La Paz (www.laprensa.com.bo/notícias) escrito pelo periodista Paulovich diz que os bolivianos esperam que Jesus Cristo faça muitos milagres em relação ao governo de Dom Mo-rales. Um dentre tantos é que o vice-presidente Álvaro Garcia Linera se case invés de  ficar fazendo manobras para conduzir a Bolívia, governado por um inca, ao socialismo herdado do século XV.

Finalmente, no caso das famílias expulsas, temos a notícia de que o Incra assentou mais de 40 famílias num seringal localizado no município de Xapuri. Depois de meses de agruras parece que as coisas estão se arrumando.

Deixando essa quizília de lado, mesmo porque, por aqui, poucas são as autoridades constituídas preocupadas com o assunto, volto o meu olhar para outro tema: A entrada na Bolívia de carros e outros veículos roubados no Brasil tendo o Acre como trilha principal.

A declaração da presidente executiva da Alfândega da Bolívia, Marlene Ardaya, dizendo que seu país pretende devolver ao Brasil os carros, motos e caminhões roubados, a partir de um documento lis-tando esses veículos, entregue pelas autoridades brasileiras, além de falaciosa enquadra-se naquela máxima popular: “A emenda é pior do que o soneto!”

Bóris Casoy, ancora do jornal da noite da Band, a propósito da declaração da executiva alfandegária, fez comentário pejorativo dizendo que é provável que os chassis  destas dezenas de milhares de veículos roubados já devem está completamente adulterados e, por conseguinte, sem a menor possibilidade de identificar suas origens. Isto é uma vergonha! emendou Casoy.

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