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Na contramão da razão

O  homem a cada dia que passa se escraviza em ações que coloca em risco a própria existência humana. É inegável que estamos vivendo perigosamente  os limites da irracionalidade, isto é, estamos na contramão da razão. Especialistas dizem que  há uma atitude generalizada de desconfiança quanto à possibilidade da razão humana ser útil no processo da compreensão última da vida. Por outro lado pontificam, entre nós, atitudes não racionais do homem.

Immanuel Kant (1724-1804) dizia que a razão ordena ao homem que suas ações sejam pensadas por dever a ela, em vez de serem simplesmente pautadas por suas inclinações perversas. Para Kant, a liberdade é a capacidade de ser governado pela razão. A razão é uma verdadeira faculdade de desejar supe-rior. Quem usa a razão erra pouco. Não sucumbe aos apelos  das paixões desvairadas.  

Na contramão da razão o homem permeia o seu habitat natural com o  mal moral que é o que traz maior desgraça a existência humana. O mal moral é a minha impiedade contra o meu próximo. Por causa dessa crueldade desumana, a relação entre os homens está seriamente comprometida; a convivência nos centros urbanos, principalmente, vontade, tornou-se um caos, uma  desordem social que tende a se agravar; não temos princípios, nossos valores são decadentes, “aniquila-se o homem e a mulher, destrói-se o idoso e a criança”. As estatísticas estão aí para comprovar, infelizmente, o que afirmo. Aí estão as guerras convencionais entre as nações, bem como as guerras particulares entre os indivíduos. Os homens podem e devem fazer o bem; ouvir a voz da razão, mas preferem fazer o mal.

Há uma máxima universal que diz que a maior força na face da terra é à força de vontade do homem; bem aventurados os homens e mulheres de boa vontade diz as Sagradas Letras. Todavia, o que se constata é uma   má vontade que, segundo Santo Agostinho, não tem uma causa eficiente, mas, muito mais, uma causa deficiente.

Alguém tem dito que o ser humano em sua dimensão de pluralidade é um ser-com-os-outros e para-os-outros, a isto chamamos de convivência social. Este convívio, desgraçadamente, por causa dessa ausência de razoabilidade do homem, provoca, inevitavelmente, confrontos e disputas, onde o mais forte e o mais esperto são beneficiados, provocando situações injustas.

Um caso grosseiro, mas característico é o da torcida organizada de um time de futebol famoso de São Paulo que se intitula “muito loucos”. O que se pode esperar de “um bando de loucos”. Senão  atos de loucura!
Outro grave problema que sobeja a todos os outros, é a determinação do lugar  que o homem ocupa na natureza e das suas relações com o universo das coisas; por exemplo: quais são os limites de nosso poder sobre a natureza? Sem uma resposta plausível, para tal interrogação, o que se vê é o homem usando e abusando do reino natural dos minerais, da flora e da fauna. Exploração predatória que só visam os lucros para se gastar com o desnecessário.      

No tocante a nós, que vivemos nas últimas fronteiras, um caso característico dessa insanidade é a situação em que  o Estado do Acre fica, em função da sua situação geográfica, em época de estiagem, das queimadas irresponsáveis e criminosas, com nascente em estados e paí-ses adjacentes, notadamente a Bolívia.  A reportagem desta GAZETA diz que a população está de volta aos hospitais para se curar  do mesmo mal  que a atacou no ano passado. Somente no mês de julho, mais de 700 deram entrada no Pronto-Socorro com problemas respiratórios.

As leis humanas ou positivas são estabelecidas pelo homem com base na lei natural e dirigidas à utilidade comum, já dizia em tempos idos, Tomás de Aquino. Toda lei tem como finalidade o bem comum e nunca o bem de um determinado indivíduo ou grupos em prejuízo do bem geral. Especialistas dizem que quando a lei se desvia do bem comum pode ser impugnada como carente de razoabilidade, isto é, está na contramão da razão.

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