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No Acre, ministro da Pesca incentiva produtores locais

Mais de dois mil produtores de peixes de todo o Estado se reuniram, ontem, em Rio Branco para participarem de um seminário. A abertura do evento teve a presença do ministro da Pesca e Aqüicultura Luis Sérgio. Acompanhado do governador Tião Viana (PT) e do presidente do Banco da Amazônia, Abdias Júnior, o ministro prometeu apoio a atividade no Acre. “O Ministério está junto ao Governo do Acre num desafio vitorioso para a população do Norte do país”, disse ele.

O ministro ressaltou que economicamente a piscicultura poderá ser mais forte do que a pecuária. “Para se ter uma idéia toda a economia do mundo que gira em torno da carne bovina é sete vezes menor do que a atividade que gira em torno da piscicultura. Estamos falando de um enorme potencial econômico que gera emprego, oportunidades e renda. Mas acima de tudo contribui para que a população tenha acesso a uma proteína de excelente qualidade. O Acre com este programa está saindo na frente do que constitui uma política econômica socialmente justa. O Ministério da Pesca vai estar remando na mesma direção porque é muito importante que essa experiência sendo vitoriosa possa ser de referência para outros estados brasileiros”, salientou Luis Sérgio.

Ele ainda garantiu apoio técnico e financeiro para o desenvolvimento da atividade no Estado. “O Ministério está trabalhando em parceria dando assistência técnica. Mas o seminário vai nos levar a algumas demandas e queremos assumir o compromisso com o Governo do Acre de que o desafio é também do Governo Federal através do Ministério da Pesca e Aqüicultura”, afirmou.

Crédito
Abdias Júnior, presidente do Banco da Amazônia, também elogiou o programa de piscicultura acreano e prometeu a liberação de crédito aos produtores. “Temos como projeto prioritário o desenvolvimento intensivo no Acre. O governador Tião Viana apresentou um programa de piscicultura e o Banco da Amazônia comprou a idéia e de imediato oferecemos R$ 60 milhões para fazer a produção. Vale dizer que esses recursos são apenas um ponto de partida. Sendo apresentada toda a cadeia produtiva da piscicultura e as plantas para o beneficiamento do pescado o banco está pronto para fazer outros investimentos”, garantiu.

O presidente do Banco da Amazônia projetou em R$ 350 milhões a disponibilidade de investimento no Acre em 2011. “O valor já está garantido no nosso orçamento anual através da principal linha de financiamento que é o FNO. Mas caso surjam outras demandas poderemos fazer o cambiamento desses recursos para atender as necessidades do Acre. Isso mostra a pujança da economia e a determinação dos gestores acreanos. O Banco da Amazônia elegeu o Acre, Roraima e Amapá para ter prioridade em financiamentos”, explicou.

O endereço da piscicultura
Para o governador Tião Viana a presença do ministro mostra a sintonia do Governo Federal com o projeto de piscicultura acreano. “É uma concordância da presidente Dilma (PT) com as políticas desenvolvimentistas do Acre para que sejamos o endereço do pescado da Amazônia e possamos garantir a industrialização do Estado. Só o Banco da Amazônia está disponibilizando R$ 60 milhões de crédito e o ministro trazendo o maior apoio em termos de programa estratégico do Ministério e pacto para emendas para que possa mediar conosco. Assim teremos apoio para conseguirmos um desenvolvimento que garanta uma forte receita regional, por exemplo, com as parcerias de governos da Amazônia com os Fundos de Pensão, e com aporte de tecnologia”, destacou.

Satisfeito com a presença de mais de dois mil produtores, Tião Viana reafirmou o compromisso com a produção comunitária. “O peixe se tornou o grande eixo econômico de desenvolvimento da região e, o Acre, está preparado para cumprir o desafio com o movimento comunitário através das cooperativas, associações e indústrias. Todo mundo vai ter muito orgulho de ver como essa atividade vai gerar bons salários e desenvolvimento”, concluiu.

Novo momento rural
O secretário de Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães, garantiu transformações na realidade rural acreana. “O encontro serve para consolidar o programa prioritário do nosso governo. É um investimento em toda a cadeia produtiva que faz uma aliança com a produção familiar e as grandes pisciculturas industriais. A construção de um complexo industrial vai responder a nossa demanda por ração, alevinos e processamento do peixe. Aqui nasce um grande pacto que vai mudar a economia rural do Estado. Surgiu um novo ator que é o piscicultor. A mobilização foi feita a partir das comunidades com associações e cooperativas que estão vinculadas a algum programa de piscicultura. Ninguém é leigo no assunto. A partir daqui daremos um salto na nossa produção de peixes”, comemorou.

Produtores acreditam na piscicultura para o desenvolvimento do Estado


Golby Pullig

Eles vieram de todos os municípios do Acre a convite das secretarias de fomento à produção e trouxeram na bagagem a ansiedade de ver concretizado o projeto de desenvolvimento para o setor de piscicultura, que receberá nos próximos anos amplos investimentos do Governo do Estado. Representantes de organizações rurais, cooperativas de produtores e de grupos comunitários lotaram o auditório da Firb/FAAO na manhã de ontem para participar do I Encontro de Piscicultores do Acre.

O projeto de desenvolvimento da piscicultura do Acre está sendo desenhado desde o início do mandato do governador Tião Viana e em abril foi apresentado ao BNDES em tentativa de adquirir os recursos necessários à sua implementação. No projeto consta um item diferencial: o peixe produzido no Estado receberá certificação a partir de parceria com o WWF Brasil. O selo visa alcançar o mercado europeu conferindo ao produto a garantia de práticas ambientais positivas com o uso do manejo. A política governamental para o setor prevê a construção de um complexo industrial em Rio Branco, frigorífico em Cruzeiro do Sul e oferta de assistência técnica aos produtores com custo total de R$ 53 milhões partilhados entre as iniciativas privada e pública por meio da recém criada Peixes da Amazônia S/A.

A Cooperativa de Peixes de Sena Madureira está empolgada com o anúncio dos investimentos e aposta no projeto. Um grupo de 30 pessoas saiu do município com a intenção de obter mais informações e trocar experiências com produtores de outras regiões do Acre. A presidente da cooperativa, Maria Hoffmann, acredita na piscicultura como alternativa econômica viável para os moradores da zona rural do município e uma opção de alimento saudável e mais barato na mesa da população.

Todos os associados da cooperativa juntos produzem mensalmente 2 toneladas de peixes das espécies tambaqui, tambacu, curimatã e piau. “Sena Madureira tem muita água boa, tem uma cultura de pesca, mas não encontramos mais peixes nos nossos rios, o que favorece o crescimento da produção no município”, avalia Maria Hoffmann que produz comercialmente há cinco anos, mantém em sua propriedade 6 açudes e já planeja ampliar o negócio. Do Projeto de Assentamento Liberdade, em Manoel Urbano, vieram os vizinhos Antonio Nascimento e João Maceno. Atentos às novidades que podem levá-los a dinamizar a produção de milho e café, ao plantio de espécies florestais e frutígeras, eles acreditam que a piscicultura irá garantir novas oportunidades de desenvolvimento para a região. “Produzir peixe no Acre não vai ser difícil. É mais fácil que cultivar café, que criar galinhas ou porco. Queremos começar já”, diz João.

 

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