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Indisciplina e agressividade no contexto escolar

Ser professor nunca foi uma tarefa simples. Hoje, porém, novos elementos vieram tornar o trabalho docente ainda mais difícil. A disciplina parece ter se tornado particularmente problemática. E analisar as causas do fato é preocupação sobre a qual, hoje, se debruçam todos os que estão envolvidos com educação, que desejam uma escola de qualidade. É claro que são inúmeros, não apenas um, os elementos que concorrem para a atual e caótica situação educacional brasileira. Aqui enumeramos alguns itens responsáveis pela indisciplina escolar:

a) Incompetência emocional – grande parte dos problemas de violência provém de uma falta de controle das emoções;

b) Aumento do individualismo – o egocentrismo impede o aluno de ver o outro como um mediador na busca do conhecimento escolar, seja o outro professor ou o colega nas trocas indispensáveis nos trabalhos em grupo. Tentativas constantes de fazer a aula girar em torno de seus interesses e idéias;

c) Desapego da escola – as mesmas atitudes individualistas e a falta de sentido de cooperação levam a um desapego do aluno a respeito da instituição escolar como micro sociedade na qual convive em grande parte do tempo;

d) Condutas violentas – a aprendizagem da violência, em um contexto no qual esta aparece como única forma de solução dos conflitos leva a atitudes e comportamentos violentos, o que freqüentemente é potencializado pela incompetência emocional anteriormente assinalada;

e) Ausência de limites sociais – fato que gera interrupções inoportunas, confusões, conflitos em sala de aula, que perturbam o ambiente externo adequado a uma boa aprendizagem;

f) Desvalorização, desqua-lificação do professor – é questão grave que afeta todo o sistema educacional como um todo;

g) Tendência à intolerância – os contra-valores mencionados, de individualismo, competitividade, falta de solidariedade, etc., freqüente-mente levam também a uma intolerância com o diferente;

h) Tensões – grande ansiedade junto com a conduta indisciplinada causando alterações no foco de atenção, atrapalhando a memória imediata e do meio prazo em testes e provas, perturbando as construções de relações lógicas apoiadas nas informações do momento e nas anteriores;

i) Atenção dispersa – dividida, voltada para as brigas, trapaças, roubos, etc., em que esteja envolvido direta ou indiretamente, ou seja, simples “torcedor” na sala de aula ou fora dela;

j) Perda de aulas – por atraso ou retirada de sala por indisciplina ou ainda suspensões disciplinares, gerando descontinuidade na construção de determinados conhecimentos;

k) Não cumprimento de tarefas escolares – essas atividades são suportes para a aprendizagem, limites, disciplina, respeito etc. Quando o aluno não faz as tarefas ele desrespeita o sistema educacional.

Assim, em todos esses casos, é fundamental à educação saber estabelecer limites e valorizar a disciplina. E, para isso, é necessária a presença de uma autoridade saudável, capaz de conduzir os alunos ao bom caminho, para que eles saibam o que podem ou não fazer dentro ou fora da escola. A educação é um processo amplo, longo, não se encerra nos muros da escola, se estende pelas ruas, praças, avenidas, casas, transportes, relações interpessoais, familiares, escolares, sociais. O estudante necessita aprender a conviver em sociedade, respeitar a escola, os professores, os pais, os amigos, enfim, respeitar as ruas por onde ele transita como uma pessoa que está construindo a sua cidadania.

A indisciplina e a agressividade constituem-se em um desafio para os docentes, representa um dos principais obstáculos ao trabalho pedagógico, demonstra a ausência de regras e limites por parte da criança. Necessitamos de uma postura compartilhada em relação à indisciplina, investindo na prevenção. A escola deve funcionar através de espaços e tempos geridos com critérios adequados à participação e ao diálogo entre os alunos e destes com os professores, onde o problema deve ser contex-tualizado, analisando as suas causas profundas e favorecendo a mobilização de ações alternativas.

DICAS DE GRAMÁTICA
 – A este termo usado para indicar a altura do pavimento ao teto, formado por um nome e um adjetivo, aplica-se a regra do exemplo anterior, ou seja, ambos os elementos vão para o plural. 
 
Assim:
 
 Pé-direito            –      pés-direitos.
Amor – perfeito   –    amores-perfeitos.
Surdo-mudo    –     surdos-mudos.

Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá. Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Pesquisadora Sênio da CAPES.  colunaletras@yahoo.com.br

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