X

Para bem servir

Observo, com tristeza,uma onda de desvalorização dos serviços realizados pelos governos. Dizem que só tem qualidade o que vem do setor privado, que o serviço público não é bom, é viciado, que nunca terá jeito.
Muita gente se contrapõe a este pensamento defendendo uma idéia totalmente oposta, de supervalorização do serviço público. Aí encobrem as incoerências, desprezam visíveis fragilidades e deixam até de reconhecer ensinamentos que vêm da iniciativa privada e do terceiro setor.

Acho que é hora de acabar com essas duas idéias extremadas, com as dicotomias entre governo, empresas e sociedade. Nos dias de hoje, o que importa é a colaboração entre todos. Só assim os serviços públicos serão de qualidade e, de fato, para todos.

Com muita alegria digo que, no Acre, não vivemos entre esses dois extremos. E mais: o Brasil deveria olhar com atenção para a nossa rea-lidade e tirar algumas lições. E, das muitas lições, reconhecer um dos elementos-chave neste processo: o servidor público. É dele que depende, em primeiro lugar, o sucesso ou fracasso das políticas públicas.

Percebi esse fator quando me tornei servidor público no meu Estado, na década de 1980, logo depois de me formar. Na Funtac, a Fundação de Tecnologia do Acre, observei que os servidores públicos tinham orgulho e cons-ciência da missão de servir à sociedade. O que faltava era oportunidade, valorização e condições de trabalho.

A baixa qualidade não é inata ao serviço público. E nem a qualidade é exclusividade da iniciativa privada. É preciso compromisso com uma vida melhor para todos e senso de justiça. Nossos servidores têm esses princípios.
Durante o período em que fiquei na Funtac, junto com Gilberto Siqueira, Sérgio Nakamura e servidores como a dona Liúba, comprovamos que isso era verdade. Ao garantir as condições de trabalho, valorizar e recuperar a auto-estima dos servidores, presenciei uma impressionante transformação na qualidade dos serviços e, claro, satisfação da população. Muitos que nos visitavam, diziam, sem perceber um certo preconceito: “Nem parece uma repartição pública”.

Hoje, quando recebo visitantes no nosso Acre, escuto o mesmo sobre todos os órgãos públicos e seus serviços. Preconceito à parte, fico orgulhoso porque sei o que o que o visitante está querendo dizer.

No Acre, o serviço público persegue a excelência para beneficiar quem mais precisa. O que é público é bonito e bem cuidado justamente para atender com dignidade todas as pessoas. São assim as escolas, hospitais, a biblioteca,  enfim, todos os setores de prestação de serviços. No comando de tudo, os funcionários, tratando os mais pobres como sempre deveria ter sido: com cidadania.

Não tenho medo de dizer que, no Acre, os cidadãos mais pobres têm o melhor atendimento do país.  Quando assumi o governo do meu Estado, em 1999, sabia que este dia iria chegar. Sabíamos que os funcionários públicos iriam responder positivamente ao esforço de construir um Estado mais justo, mais humano. Foi assim no governo do Binho e agora segue com o governador Tião. Por isso, neste dia dedicado a quem serve aos outros, tenho duas coisas a dizer aos queridos servidores do meu Estado: parabéns e muito obrigado.

* Jorge Viana é senador da República pelo PT do Acre.

Categories: Espaço do Leitor
A Gazeta do Acre: