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Mais feio do que o Big Brother

A maioria da gente brasileira que possui quociente de inteligência um pouquinho acima de idiota já chegou à conclusão de que o Big Brother é “promiscuo” e  “apelativo”. Até o todo poderoso Boni (o Bonão, não o Boninho) tem descido o pau no atual “Reality Show”.

Então, salvo para alguns apolo-gistas da sacanagem e da pornografia, o BBB no conceito geral tenta pura e simplesmente desafiar abertamente, em nome duma libertinagem generalizada, o que ainda resta da moralidade vigente. A baboseira não deve ser tomada como cultura de entretenimento sadio e, talvez a melhor definição para essa troça ou chacota alou-cada já tenha sido dada em tempos idos por Theodor Adorno (1903-1969). “O fato de não serem mais que negócios, diz Adorno, bastam-lhes como ideologias”.

Deste modo, Big Brother Brasil representa, ao mesmo tempo, a corte dos bufões oportunistas. Gigolôs emergentes do capital e seu séquito de alegres imbecis, que invadem a mídia atual como ratos dos esgotos culturais mais abomináveis. Vivem à custa do esvaziamento da consciência das massas, engordando, a não caber, às suas contas bancárias. Abutres da ingenuidade alheia, da usurpação cultural dos milhares de desvalidos de consciência crítica, essa espécie de depredadores da ética e da cidadania, alicerces fundamentais de justiça social, não têm absolutamente nada a contribuir para uma cultura de entretenimento sadia. Fazem parte dos pesadelos e não dos sonhos libertários que deixam fortalecida a alma e rebeldes o gesto na direção das utopias.

O BBB é, no mínimo, inadequado para crianças e adolescentes. Porquanto o que se vislumbra e o que se pode esperar da atual e próxima geração, com todo esse despertar de induções pernóstica, sórdida e nociva, é o agravamento do problema social entre os jovens. O que é, sob todos os prismas, tremendamente lamentável!

No entanto, quando parecia quase impossível existir algo mais indecoroso do que BBB, eis que surge um acontecimento horroroso. Trata-se da desapropriação de um terreno com 1.3 milhão de metros quadrados que abrigava cerca de 6.000 moradores no Pinheirinho, região de São José dos Campos/São Paulo. Essas famílias ocupavam a área há oito anos. 1.600 casas foram des-truídas por decisão do Tribunal de Justiça do Estado.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) que agora promete dar bolsa-aluguel para pelo menos 960 famílias, no ápice do conflito se pronunciou: disse que o Executivo estadual é obrigado a ceder o efetivo solicitado pela Justiça nesse tipo de caso para garantir que o oficial garanta a execução da sentença, por fim encheu à boca: “O governo não tem esse condão de ‘atendo ou não atendo’ (os pedidos de ceder à polícia). Senão, não precisaria ter Justiça”.

Está politicamente correto o governador Alckmin. Ocorre que toda instituição, quer governamental, política, religiosa ou de qualquer ordem, politicamente correta é fascista. As polícias, nos moldes da antiga Roma, armada até os dentes, além de acompanhar os magistrados para as execuções da justiça, estabeleceram no local uma nova “Faixa de Gaza”. Existe coisa mais feia? Pior que existe!

Enquanto o povo, nossos concidadão do Pinheirinho, passava por opressões semelhantes aos escravizados hebreus dos tempos de Moisés. Famílias espalhadas, derrotadas, despojadas, saqueadas e espezinhadas pela truculência das forças policiais do Estado. No tempo em que essa gente sofre e ao mesmo tempo suplica a Deus que envie alguém que a possa libertar dos males infligidos por seus irmãos. Concomitante o Palácio do Planalto, em cerimônia de despedida do ministro Fernando Haddad, exibia todo seu staff governamental, num evento com cheiro de campanha política, especialmente pela prefeitura de São Paulo. Como é possível que detentores do poder público possam festejar alguma coisa, quando l.600 famílias estão sendo despejadas de suas moradias e jogadas ao léu? Famílias que tiveram suas casas derrubadas sem que  pudessem, ao menos, retirar seus pertences. Coisa feia!

Outro fato não menos feio é o da cidade de Rio Branco, no momento vivendo as agruras próprias da época: chuvas, enchentes, alagações, dengues e outros males; ter seu prefeito e todos os vereadores de férias. Deveriam saber o senhor prefeito e os senhores vereadores, que eles representam o coração e a cons-ciência do povo desta cidade. Escolham outra data para usufruir suas férias.

*E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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