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Infância roubada

Os casos de morte de 12 crianças indígenas na região de Santa Rosa do Purus e uma de 10 meses da cidade de Pauini (AM) obriga a todos a repensar prioridades. A primeira delas diz respeito ao fluxo de informação.

A secretaria de Saúde de Santa Rosa do Purus admite que foram 12 mortes nas aldeias da região, sendo uma por rotavírus. O Ministério da Saúde admite 11 óbitos e não reconhece mortes por rotavírus, mas por Doença Diarréica Aguda. A outra prioridade dada à comunicação diz respeito aos organismos de defesa da causa indígena. No afã de ajudar, acabam atrapalhando por divulgar informações velhas como se fossem inéditas.

Outra ação prioritária diz respeito ao próprio papel do poder público. Reconhece-se que a criação dos Distritos Sanitários Especiais que tratam da saúde indígena representa um avanço. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) já não respondia pelas causas dos ín-dios. Era preciso reinventar a gestão.

Agora, é preciso mais transparência na gestão de crises. Assim como também é preciso incitar a sociedade a se responsabilizar pelos problemas. Em última instância, as causas indígenas são causas de todos nós.
Não precisamos ter muita imaginação para perceber que essas crianças, antes de serem acometidas por rotavírus ou o que quer que seja, estão desnutridas. Estão excluídas. Não temos o direito de roubar a infância de ninguém. Onde quer que estejam.

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