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Detran inclui a volta de radares em novos investimentos para a fiscalização eletrônica do trânsito de Rio Branco

Errar é humano, mas se responsabilizar pelas consequências do seu erro é algo difícil de se ver hoje em dia. Diante do volante, então, ninguém gosta de reconhecer suas falhas. Em especial, porque elas geram as temidas multas de trânsito. Algo que pesa no bolso! Neste sentido, falar em ‘radares’ remete na maioria dos motoristas o velho jargão da ‘Indústria da Multa’. O que muitos não se dão conta é que mais do que autuações, estes aparelhos têm um fim muito maior do que fazer um motorista pagar pelo seu momento de imprudência. Este fim não poderia ser outro senão o de garantir um trânsito seguro, para todos.

Radares serão colocados em pontos estratégicos até abril, para prevenir acidentes

Por mais de 1 ano e meio, a população de Rio Branco se viu ‘livre’ dos velhos radares nas suas principais avenidas. Mas agora é hora de aprender a se acostumar de novo com eles. Com efeito, a diretora-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AC), Sawana Carvalho, anunciou na manhã da última sexta-feira (23) que o Governo do Estado estará investindo R$ 160 mil por mês para a implementação de uma 1ª frente de tecnologias para a fiscalização eletrônica. O objetivo é melhorar a segurança no trânsito da Capital.

Ao todo, serão instalados 7 semáforos, 6 radares, 3 totens do movimento eletrônico, lombadas eletrônicas e placas em 6 trechos. Todos estes equipamentos serão distribuídos em 16 pontos das maiores avenidas da cidade (Ceará, Antônio da Rocha Viana, Via Chico Mendes e AC-40), dos quais 7 são cruzamentos delas com outras ruas de grande fluxo de veículos.

Os novos recursos da fiscalização eletrônica estão em processo final de licitação, no qual já foi homologado a contratação de uma empresa especialista no aluguel dos equipamentos (diferente da polêmica que surgiu sobre a executora da licitação na vez passada, agora todo o serviço será prestado pelo Detran, no manuseio de equipamentos bem mais modernos, inclusive com sistema on-line para jogar os dados direto para o sistema).

De acordo com a diretora Sawana Carvalho, todos os novos aparelhos já devem ser instalados na cidade até o final de abril. A partir daí, a gestora explica que eles funcionarão de forma educativa (ou seja, sem a aplicação de multas; como uma fase de adaptação) em um período de 4 a 5 meses, dependendo dos seus efeitos. Caso a ideia dê certo, remessas com mais equipamentos para a fiscalização eletrônica devem ser adquiridos pelo Detran/AC.  

‘Cúpula’ do Trânsito apresentou necessidades e efeitos da fiscalização eletrônica

Mas porque investir tanto nesta fiscalização eletrônica? Seria este o caminho para zerar os acidentes na cidade? Conforme o major Luciano, chefe da Seção de Análise Criminal do CPO-I, investir nestes equipamentos é muito importante porque eles serão responsáveis por estender o trabalho de prevenção de acidentes sem vítimas (que na sua maioria, em 90,27% dos casos, são colisões de veículos), principalmente nos chamados ‘horários de pico’ dos períodos da manhã e da tarde (das 8h às 9h; das 11h às 14h; e das 17h às 19h).

Vale destacar que, apesar de serem acidentes sem vítimas (ou seja, menos graves), é de suma importância contê-los pois, além de ocasionarem perdas materiais ao condutor e ao espaço público, eles geram transtornos (ex: engarrafamentos) ao trânsito e, quando repetidos seguidas vezes, têm a tendência de ir ampliando sua gravidade (podem se tornar fatais).

Outro grande benefício de instalar os radares, semáforos e outros aparelhos eletrônicos é a economia de despesas. O custo para manter um radar em 1 ponto estratégico (sendo que ele chega a atingir até 8 faixas) durante 24h gira em torno de R$ 3.600/mês. Se fosse para colocar equipes para cobrir as mesmas 8 faixas deste único ponto, 24h por dia, o Detran precisaria gastar com o salário e benefícios de entre 6 a 10 agentes de trânsito. Isso daria em média R$ 40 mil mensais. Ou seja, o custo do radar é 11 vezes mais econômico, além de ele ter a ‘vantagem’ de estar monitorando o tempo todo, não passível de falha humana.
Assim, os agentes ainda podem ser remanejados pra outros pontos onde são mais necessários.

Pontos estratégicos – Já sobre a quantidade de pontos monitorados (16), eles podem até parecer poucos. Mas é aí que entra a fase de planejamento. Segundo o sargento Alexon, da Seção de Análise Criminal, cada lugar que vai receber os radares foi meticulosamente selecionado através de um estudo de georreferenciamento, com base no banco de dados da seção quanto aos acidentes de trânsito da Capital dos últimos anos (de 2007 a 2012).

A lógica é a seguinte: pegam-se os trechos das principais avenidas onde mais se registram as colisões sem e com vítimas. Se há uma incidência maior de casos nestes locais é porque eles exigem do motorista um tipo de cuidado/atenção redobrado.

Sendo assim, o sargento detalha alguns dos 16 pontos exatos que devem receber os radares e outros aparelhos. Eles são: a Corrente, na Via Chico Mendes; na entrada da AABB; na entrada do bairro Taquari, Rua Baguari; na frente do Complexo 14 Bis; na Av. Boulevard Augusto Monteiro (um no sentido Centro/bairro e outro no sentido bairro/Centro); na Av. Ceará com a Travessa Guaporé; nos cruzamentos da Av. Ceará com as ruas Pernambuco, com a Mal. Deodoro e com a Getúlio Vargas; na frente da Escola Armando Nogueira, no começo da Av. Antônio da Rocha Viana; entre outros lugares.

Outras ações – Além da fiscalização eletrônica, o Detran ‘municia’ em seu arsenal uma série de ações que vão em vários sentidos de atuação, metas, planos e resultados. Um repertório que garante ao órgão uma frente multilateral de investidas contra os males do trânsito acreano. Entre algumas delas, a diretora Sawana Carvalho ressalta as ações educativas, nas quais o Detran vai às escolas levando palestras e apresentações teatrais a pais e alunos (na manhã de sexta, inclusive, houve uma atividade na escola Menino Jesus).

Junto com a Superintendência Municipal de Trânsito e Transporte (Rbtrans), o Detran também planeja revitalizar 170 faixas de pedestre na cidade, o equivalente a cerca de 2 mil m² de pinturas. Outras sinalizações já bem desgastadas também devem ser renovadas.

Por último, Sawana Carvalho que o Governo do Estado deve fazer investimentos mensais na ordem de R$ 500 mil para trazer tecnologias de ponta na parte de vistoria eletrônica (para a checagem imediata dos chassis e motores de veículos), análises e logística do órgão.

O trânsito da capital acreana em números

Explicar sobre georreferenciamento e avenidas com altos índices de acidentes é ‘vazio’ se não for demonstrado com números. Por isso, é importante situar a situação de acidentes da cidade em números, de 2011. Começando pelos sem vítimas. Nesta categoria, a seção do CPO-I e a parte de estatísticas do Detran contabilizaram 4.060 (dos quais 3.665 foram ‘colisões’). A 1ª (com 1.556 casos: 38,31%) e a 4ª re-gional (1.276: 31,43%) são as grandes concentradoras dos acidentes sem vítimas.  A maioria deles ocorreu de segunda a sábado (sexta é o dia da semana campeão), nos horários de pico diurnos. As 3 avenidas onde eles mais ocorrem são: a Ceará (380 casos: 9,36%); a Via Chico Mendes (244 casos: 6,01%) e a Getúlio Vargas (231 casos: 5,69%). Ao todo, 8.143 pessoas se envolveram nestes acidentes, dos quais 6.027 são homens (74,01%), 1.529 são mulheres (18,78%) e 587 não informaram. Dos 8.143 veículos, 4.372 são carros (53,69%) e 1.621 são motos (19,91%).   

Já nas tabelas dos acidentes com vítimas, foram 2.062 casos, dos quais 1.511 (73,28%)  foram colisões e 265 foram atropelamentos (12,85%), etc. Eles são mais freqüentes nas sextas, sábados, domingos e quartas-feiras (dia de jogo). Eles tendem a acontecer mais das 7h às 9h da manhã; do meio-dia até as 14h; e das 17h às 20h da noite. As 4 avenidas de Rio Branco onde eles mais ocorrem são: a Ceará (130 casos: 6,3%); Via Chico Mendes (127 casos: 6,16%); Getúlio Vargas (125 casos: 6,06%); e a Rodovia AC40 (107 casos: 5,19%). Dos 3,648 veículos envolvidos, 997 são carros (27,33%) e 1.826 são motos (50,05%). Das pessoas que sofrem os acidentes, a maioria são condutores (66,77%); homens (68,88%) e de idade entre 21 a 35 anos (51,91%, ou 1.398 de um total de 2.693 casos). 

Dados foram mostrados pelo sargento Nilber

Todo este histórico coloca o Acre no 12º lugar no ranking nacional que faz a relação entre os estados com maiores números de violência no trânsito em proporção com a sua frota de veículos. A nível regional, o Estado salta para o 4º lugar.   

Um ano da operação Álcool Zero: mais que autuações, uma mudança de mentalidade

O programa Álcool Zero sem dúvida pode ser considerado um dos grandes símbolos entre as iniciativas do Governo do Estado e de seus parceiros para garantir a segurança e prevenção no trânsito. Prestes a completar 1 ano (sua criação foi em 26 de março de 2011), a campanha é uma política permanente que objetiva muito mais do que coibir práticas perigosas no trânsito através de autuações. A investida visa, acima de tudo, acabar com o maior dos fatores de risco que provocam acidentes com vítimas fatais no Acre: o álcool.

Campanha é uma política permanente do governo

Conforme dados da engenharia local de trânsito, em mais de 43% dos acidentes com vítimas no Acre há influência da bebida alcoólica nos condutores.
De acordo com o major Márcio, comandante da Companhia de Trânsito (Ciatran) e também coordenador do Álcool Zero (que é meio que um marco de fusão entre o Detran, Ciatran e a Polícia Militar), é importante entender o foco principal da Álcool Zero. De modo mais claro, quando se trata de ações de trânsito há 2 tipos de públicos: o diurno e o noturno. Todos os investimentos na fiscalização eletrônica se destinam à prevenção dos acidentes – em especial sem vítimas – diurnos. Mas só olhar para estes acidentes seria enfrentar só um lado da questão. Por isso, era preciso imprimir frentes contra os acidentes noturnos com vítimas. E é este o público alvo do Álcool Zero.

E para não restar receios quanto à sua efetividade, basta olhar os resultados da Álcool Zero de 2011. Ao todo, foram realizadas 142 operações da campanha no ano passado, que totalizaram em 14.887 abordagens a veículos. Deste montante, em torno de 43% (cerca de 6.400) dos motoristas aceitaram fazer o teste do bafômetro. Dos que aceitaram, em torno de 22% (pouco mais de 1.400) estavam embriagados (isto é, apresentavam entre 0,10 a 0,29 miligramas de álcool por litro/ar: nível de infração administrativa e, portanto, passível de multa de R$ 955,00) e 3,4% foram presos (estavam com níveis considerados criminais).  

Nos 3 meses deste ano, os valores do programa já demonstram uma importante mudança na realidade dos condutores de Rio Branco. Dos mais de 6 mil condutores abordados em janeiro, fevereiro e março de 2012, o percentual de aceitação deles ao teste do bafômetro subiu para 73% (quase o dobro daqueles 43% de 2011), deixando o índice de recusa em apenas 9,6%. Já o percentual de autuações destes 73% que toparam a fazer o teste caiu para pouco mais de 12%. Em outras palavras, algo mudou. E para melhor, já que mais motoristas estão se dispondo a fazer o bafômetro e menos estão sendo autuados.

“A nossa meta não é a autuação. É lógico que autuar é um caminho. Um meio, mas não um fim. O que queremos é coibir a mistura da bebida alcoólica com o ato de dirigir. E isso nós estamos fazendo. De fato, o Álcool Zero causou um grande impacto, principalmente no público jovem (21 a 35 anos). Hoje, há cerca de 19 operações mensais. Então, mais do que o medo da autuação, a operação está começando a gerar o efeito psicológico. Incita nas pessoas a certeza da punição. De que é melhor escolher não beber, ou pegar táxi/moto-táxi para ir pra casa”, aponta o major.

Segunda fase da Álcool Zero – Pelo 1 ano de criação, ao longo desta semana será realizada uma programação ímpar para comemorar a efetividade do Álcool Zero. E, mais do que festividades, o programa vai ser posto em xeque para adquirir uma força cada vez maior no Estado. Isso porque o seu aniversário, adianta a diretora Sawana Carvalho,  marcará a implantação da 2ª fase desta política governamental. A partir de agora, o projeto será estendido da Capital e de Cruzeiro do Sul até Sena Madureira e Brasileia. Assim, os 4 municípios com as maiores frotas do Acre passarão pelos efeitos positivos do programa.

Ações educativas de trânsito complementam a Álcool Zero

Pesquisa mostra que a população quer a volta da fiscalização por radares

Antes de aplicar uma nova medida é preciso se pensar num elemento indispensável para que haja, de fato, aquilo que se possa chamar de ‘trânsito’: os condutores e a população que será diretamente afetada. Tendo este feedback das pessoas em vista, a diretora do Detran/AC, Sawana Carvalho, apresentou as principais conclusões de uma pesquisa do Instituto Data Control sobre os ‘interesses’ da população de Rio Branco para com o trânsito na cidade.

Sawana Carvalho apresentou conclusões da pesquisa

O estudo foi realizado pelo método de amostragem (grupo de pessoas que representa um público geral), com 1.000 pessoas que vivenciam diariamente o trânsito da Capital. Do total de entrevistados, 26,9% são pedestres (269 pessoas), 38,9% são condutores de veículos em geral (389 pessoas) e 34,2% são motociclistas (342 pessoas). Basicamente, eles foram indagados em 17 perguntas sobre o comportamento ante as faixas de pedestre, violência no trânsito, acidentes, a fiscalização eletrônica, o programa Álcool Zero, entre outros.

Na temática das ‘condições de trâsnsito’, foi perguntado a todos como eles encaravam o trânsito nas ruas da cidade: 35,1% responderam ‘mais ou menos seguro’; 33,3% acham ‘inseguro’; 13,5% acham ‘seguro’; 13,1% responderam ‘muito inseguro’ e os demais 4,8% opinaram que o trânsito local é ‘muito seguro’.

Na pergunta sobre acidentes, 54% deles responderam que os consideram ‘muito grave’; 37,5% disseram que são ‘graves’; 6,5% ficaram com a opção ‘pouco grave’ e os demais 2% ou são ‘indiferentes’ ou acham os acidentes ‘sem importância’. Já sobre as medidas a serem tomadas pra evitar os acidentes: 26,7% acham que deveria haver mais ‘obe-diência à sinalização’; 24,6% responderam que a prevenção passa em ‘não dirigir sob efeito de bebida alcoólica’; 12,9% acreditam nas ‘campanhas educativas’; 12,8% creem nas blitzen; 9,2% acham que instalar mais ‘quebra molas’ resolveria a questão; e os demais 13,7% ficaram com as opções de pôr mais fiscalização eletrônica visível, semáforo e rotatórias.

Sobre a questão da fiscalização eletrônica, 50,6% dos entrevistados é ‘totalmente a favor’ dela; 27% é ‘a favor em parte’; e 22,4% é ‘totalmente contra’. Ou seja, não há dúvidas de que o povo aceita que as ruas de Rio Branco ganhem cada vez mais equipamentos para o monitoramento eletrônico. E mais. Perguntados sobre o que acham ser o objetivo desta fiscalização, 53,3% responderam que ela visa ‘punir os condutores’; 44,5% acham que ela quer ‘trazer um transito mais seguro’; e apenas 2,2% ‘não sabem’ a sua finalidade.

A respeito da faixa de pedestre, foi perguntado a todos se eles, enquanto pedestres, a usam. A maioria, 52,6% disseram que procuram sempre atravessar na faixa; 33,2% só atravessam nela se houver uma por perto, enquanto 14,2% reponderam que atravessam em qualquer lugar, independente ou não de faixa. Acerca de necessidade de ter um agente de trânsito num local para orientar o condutor a parar na faixa, a grande maioria, 90,3%, respondeu que tal presença era necessária para educar os motoristas. Já na pergunta se paravam na faixa mesmo sem o agente e sem semáforo, 68,4% dos condutores disseram que sempre param para o pedestre; 30,2% responderam que param às vezes e 1,4% disseram que nunca param.

Um apontamento preocupante da pesquisa, apontou a diretora do Detran é que ao serem perguntados sobre se nos últimos 30 dias os condutores (e apenas eles) haviam dirigido após ter ingerido alguma bebida alcoólica: 87,8% responderam que ‘não beberam nenhuma vez’; 6,9% revelaram ter dirigida apenas ‘uma vez’ após beber; 1,9% admitiram ter sido ‘duas vezes’; 1% admitiu ter acontecido ‘três vezes’ e 2,5% ter sido ‘três vezes ou mais’.

Álcool Zero na pesquisa – Sobre o programa, 91,8% dos entrevistados disseram ‘já ter ouvido falar’. Inclusive, mais da metade dos entrevistados, 51,9% já haviam sido abordados pelo programa. Acerca de tal abordagem, 49,9% relataram que ela foi ‘feita com educação’; 31,8% afirmaram ela ter sido ‘normal’; 12,6% acharam que foi uma abordagem ‘grosseira e autoritária’ e 5,6% ‘não souberam’ avaliar como ela foi feita.

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