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Empresas de Limeira e Santa Bárbara buscam no Acre mão de obra do Haiti

As construtoras do interior paulista têm recorrido à mão de obra de refugiados do Haiti para suprir a falta de trabalhadores no setor da construção civil. Apesar de ainda não ter um levantamento de todos os casos, a regional do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Campinas já tem registros de haitianos em obras de Santa Bárbara d´Oeste (SP) e Limeira (SP).

O custo de deslocamento dos trabalhadores até o interior chega a R$ 1,5 mil por pessoa. Jonnas Dumeus, de 41 anos, conta que, com a ajuda de um coiote, passou pelo Panamá, Equador, Peru e Bolívia, antes de chegar ao Brasil, em dezembro do ano passado, quando desembarcou à cidade de Brasiléia, no Acre. “Eles davam comida e lugar para dormir até a gente conseguir trabalho”, conta após uma pausa no canteiro de obras onde trabalha em Limeira com outros 19 compatriotas.

Todos estão devidamente registrados como ajudantes de pedreiro e o salário médio de R$ 1,2 mil é depositado praticamente na íntegra pelo próprio patrão às famílias que ficaram no Haiti. É o caso de Annal Bosier, de 47 anos, que vive no alojamento com os colegas haitianos e, enquanto não concretiza o plano de trazer todos para São Paulo, envia o dinheiro para a mulher e os filhos se manterem na terra natal.

Viagem – Quase um mês depois da chegada de Dumeus em território brasileiro, o sócio da empreiteira de Limeira, Fábio Quatroni, desembarcava em Brasileia na tentativa desesperada de resolver o problema de falta de mão de obra com a qualidade e o preço que ele estava disposto a pagar.

“Fui praticamente sem ter contato prévio com ninguém. Vi uma matéria do Fantástico, tive a ideia e fui sem saber o que encontraria”, disse Quatroni. Ele lembra que quando, chegou na cidade, pediu informação e logo chegou a uma praça onde ao menos 1,5 mil haitianos se reúnem ao final do dia para oferecer seus serviços aos retirantes sudestinos em busca de trabalhador.

“Havia empresas grandes lá, mas, quando falei que era de ‘São Paulo’, todos me cercaram e queriam o emprego independentemente do que fosse”, lembra Quatroni. O empresário disse ainda que, nos dias em que esteve no Acre, percebeu que os refugiados não eram miseráveis. “Eles não são coitadinhos. Muitos tinham uma vida razoável no Haiti, mas vieram tentar melhores oportunidades no Brasil”, contou.

Registros na região – A regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Piracicaba informou que não houve nenhum registro de carteira de trabalho na região para haitianos. Isso porque, segundo os procuradores, eles já vêm do Acre com o documento, que permite que eles fiquem durante cinco anos trabalhando no país.
O presidente do Sindicato da Construção Civil de Piracicaba, Milton Costa, diz que a instituição foi procurada por uma empresa que chega em breve à cidade e também pretende utilizar mão de obra haitiana nas funções de pedreiros e serventes.

Além de Piracicaba, Limeira e Santa Bárbara d’Oeste, as próprias construtoras citam Campinas e São Paulo como municípios que têm ido ao Norte do país para fazer suas contratações.

O Ministério Público do Trabalho pretende realizar um mapeamento para ter o controle das condições de trabalho a que estes refugiados são submetidos. No caso da construtora em Limeira, houve fiscalização, mas nenhuma irregularidade foi encontrada. (G1)

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