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Adoção não rima com “mutirão”

Adoção é um dos muitos temas que a sociedade polemiza com a Justiça. Ambas revezam-se na vanguarda de decisões. Ora uma define um avanço; ora outra apresenta novos desafios com comportamentos inéditos. O fato é que a adoção, seja ela de que forma for, representa uma prática que, nos limites da lei, deve ser estimulada.

Nesse aspecto, é válida a tentativa do Poder Judiciário em promover o Mutirão da Adoção. Mas, um detalhe chama atenção, exclusivamente no que diz respeito ao Acre. E trata-se de um problema de ordem semântica.
A palavra “mutirão” sugere, para usar linguajar de seringueiro, uma espécie de “adjunto” para adotar crianças. Pela palavra, fica sugerida uma situação que não condiz com a realidade dos abrigos acreanos.

O Educandário Santa Margarida, o maior abrigo da região, possui atualmente 23 crianças. Nenhuma está com situação jurídica adequada à adoção. Estão abrigadas, acolhidas. Mas, todas têm famílias. Por algum motivo, estão lá. Mas, provisoriamente.

Essa situação expõe outro problema: a inexistência de uma Casa de Passagem que deveria ser uma reivindicação do Conselho Tutelar para que a criança fosse acolhida provisoriamente e devolvida à família biológica ou a parentes quando a Justiça entendesse ser adequado.

Categories: EDITORIAL
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