Se os agricultores acreanos na fronteira estão apreensivos em relação ao clima tenso que viveram na semana passada, após uma ofensiva surpresa do Exército boliviano, algumas autoridades na outra ponta do país adotaram uma postura mais tranquila sobre a situação. O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, afirmou ontem (30) que acredita nas investigações que serão conduzidas pelo governo vizinho sobre as denúncias de maus-tratos, invasão de casas, roubo de castanhas e abate de gado, praticados por militares bolivianos.
A confiança do ministro Patriota é baseada nas respostas que a Bolívia deu ao Brasil, após a cobrança do Itamaraty sobre o episódio nas áreas de fronteira ao redor de Capixaba. Inclusive, Patriota informou que o encarregado da Embaixada do Brasil na Bolívia, Eduardo Sabóia, junto de policiais federais e membros do Governo do Acre, foi até o município acreano na semana passada para contatar as autoridades da Bolívia e ir visitar o local das supostas agressões.
“O ministro conselheiro da embaixada em La Paz [Sabóia], ao voltar, nos fez um relatório pormenorizado e por enquanto não tenho nenhuma razão de duvidar da mais plena disposição boliviana em apurar exatamente o que aconteceu”, afirmou o chanceler brasileiro.
Outro ponto que tranquiliza o ministro brasileiro sobre a disposição da Bolívia em apurar o caso foi um contato entre os vices ministros das Relações Exteriores do Brasil e da Bolívia. “Os dois vice-ministros [o das Relações Exterio-res do Brasil e o da Bolívia] estiveram em contato por instrução superior e a reação boliviana foi muito positiva, do nosso ponto de vista. Ou seja, eles se comprometeram a investigar plenamente o que ocorreu e estamos aguardando, então, essa investigação”, finalizou Patriota.
De acordo com diplomatas que acompanham o assunto, um das origens da crise é uma lei da Bolívia que estabelece que estrangeiros não podem ser proprietários de terras em uma faixa de 50 Km em relação à linha de fronteira. (Com informações da Agência Brasil)