X

Rio Branco deve ganhar cinco novos hotéis em dois anos

Cinco novos hotéis devem ser inaugurados nos próximos dois anos em Rio Branco. Isso representa um aumento de, no mínimo, 500 novos apartamentos, corrigindo assim, um déficit que a Capital acreana tem no setor hoteleiro.
Grupo Holliday In terá sua filial no Acre, a partir de julho do próximo ano
O que mais chama atenção é que, pelo menos, dois grandes grupos estão chegando ao Estado: o Holliday In e o Ibis. O primeiro já está em fase de construção, na Rua Rio Grande do Sul; o segundo começa a ser construído nos próximos dias, em uma área localizada na BR 364, nas proximidades da Escola Armando Nogueira.

Segundo apurou o Acre Economia, existem ainda conversas entre empresários acreanos e a rede Best Wester. Este seria construído na Avenida Ceará, ao lado do antigo hotel João Paulo. Um outro hotel, que contará, inclusive, com centro de convenções, já está em fase de conclusão, na Estrada Transacreana, proximidades da Terceira Ponte.

O quinto hotel seria construído na Rua Isaura Parente, próximo ao Pronto Socorro de Rio Branco.

À primeira vista, a construção de cinco novos hotéis em Rio Branco pode parecer um exagero. Mas, segundo quem está investindo no mercado, existe uma grande demanda no Estado por este tipo de serviço, que precisa ser suprida o mais rápido possível.

Atualmente, em três grandes hotéis da cidade, são oferecidos cerca de 420 apartamentos. Praticamente, durante todos os meses do ano, esses apartamentos estão sendo utilizados. Isso significa que, em caso de necessidade, podem faltar apartamentos.

Durante o ano, uma média de 50% a 75% dos apartamentos está ocupada todos os dias. Em nenhum período do ano, esse número é menor que 50%. Esses números mostram o aquecimento do setor hoteleiro e a necessidade de novos hotéis na cidade.

Os clientes, na maioria, são pessoas que visitam o Estado para resolver algum tipo de negócio. Esse público representa 41% daqueles que se hospedam em algum hotel de Rio Branco. De acordo com pesquisas, em 2010, 31% dos visitantes vinham de Brasília; 32%, de Manaus; 18%, de São Paulo e 15%, de Porto Velho.

Se levarmos em conta os visitantes de outros países, 66% deles são da Bolívia; 32%, do Peru, e os outros 2%, de países diversos. Uma pesquisa feita ainda em 2010 revelou um déficit, naquele ano, de 270 apartamentos em Rio Branco.
Além dos hotéis tradicionais, como o Inácio’s, Rio Branco contará com opções, como o Holliday In, Ibis e Amazônia Rio, prestes a ser inaugurado

Empresários apostam nas “bandeiras” para sucesso de empreendimentos
Os irmãos Júnior e Tehani Teles decidiram entrar no ramo hoteleiro, apostando na bandeira Ibis. Eles acreditam que esse pode ser um diferencial para o negócio. A certeza da qualidade dos serviços oferecidos pela rede é uma segurança para eles.

O empreendimento, que será localizado na BR 364, nas proximidades da Escola Armando Nogueira, começa a ser construído nos próximos dias. O investimento será de R$ 15 milhões para a construção de 120 apartamentos.

Além da localização estratégica (será o mais próximo do aeroporto e da região onde estão sendo construídos vários órgão públicos), o hotel contará ainda com o restaurante Boa Mesa, que acompanha a rede em todo país.

“Num primeiro momento, nós tentamos trazer para o Acre o McDonald’s, mas não conseguimos. Depois, decidimos contratar uma empresa para realização de um estudo de mercado para saber se seria viável apostar no setor hoteleiro. Conseguimos um contato com a rede Ibis e iniciamos uma conversa. Agora, estamos concretizando essa ideia e pretendemos oferecer um serviço de qualidade”, afirma Júnior Teles.

Ele acredita que a credibilidade da bandeira e as facilidades oferecidas aos clientes serão fatores importantes para o sucesso do empreendimento, que tem previsão de inauguração para julho de 2014.
“Aqui, vamos oferecer o mesmo padrão dos demais hotéis da rede espalhados pelo Brasil. É uma exigência. Isso certamente nos ajudará muito. Além, é claro, da nossa localização estratégica, pois estamos numa região que vem recebendo vários órgãos públicos, há o shopping próximo e até mesmo o aeroporto”, destaca.

Economia aquecida
O empresário Túlio Lemos acompanha de perto os trabalhos da construção do hotel Holiday Inn em Rio Branco. O empreendimento está sendo construído na Rua Rio Grande do Sul, próximo a Livraria Paim, região central da cidade, e deve ser inaugurado já em julho do próximo ano.

Serão 110 quartos, além de auditório para 100 lugares, oferecendo, assim, a mesma qualidade e o conforto dos demais hotéis da rede espalhados no Brasil e em outros países. “Temos uma demanda aqui em Rio Branco. Isso é fruto de um certo aquecimento da nossa economia. Vamos ter aqui um hotel de uma rede respeitada em todo mundo, que oferece sempre muito conforto e qualidade”, disse.

Ele lembra que o turismo executivo vem crescendo consideravelmente, nos últimos anos, e que a intenção é oferecer opção para suprir essa demanda. Para Túlio Lemos, prova que esse setor está em crescimento é o aumento da procura por passagens aéreas.

“Se observarmos, o número de voos aumentou. E, mesmo assim, ainda temos dificuldade de encontrar passagens. Nosso hotel vem como uma opção, na qual ofereceremos um serviço de qualidade, com muito conforto e comodidade”, garante.


Acre pode ter crescimento de inadimplência no ramo de financiamento de carros

 ITAAN ARRUDA
Nos últimos três meses, somente o Banco do Brasil do Acre financiou algo em torno de R$ 10 milhões só em financiamentos de carros. Mas, o banco nega possibilidade de problemas com essa forma de aquisição de bens.
Nos últimos três meses, BB liberou algo em torno de R$ 10 milhões para financiamento de carros. Muitos consumidores aproveitaram o cenário positivo para negociar e são comuns cenas de carros luxuosos estacionados em casas modestas ou condomínios populares
De acordo com o gerente de mercado da instituição, José Wilson, o risco de o banco ter prejuízos é praticamente nulo. “Não há essa possibilidade porque o bem é alienado”, explica. “O financiamento é uma modalidade segura para o banco”.

Acre Economia ouviu cinco gerentes de bancos no Acre. Todos eles não quiseram se identificar. Os cinco reforçam o que disse a gerência de mercado do Banco do Brasil. “Para o Banco, não há praticamente riscos, mas podemos ter, sim, inadimplência que, se não dá prejuízos ao banco, não fazem nenhum bem ao setor”, advertiu um dos gerentes ouvidos.

O Acre não pode ser exceção no Brasil. A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê queda que varia de 0,4% a 0,5% na produção de veículos para 2012, mesmo com todo esforço do governo em tentar manter o setor aquecido com a redução do IPI.

A informação muda o foco da previsão feita pela Anfavea, que estimava crescimento de 3,5% com os estímulos governamentais. Quando anuncia-se crescimento e o que se tem é queda real, o setor sofre um baque. Ainda não se fala em demissões nas montadoras.

As medidas do Governo Federal deram resultado positivo momentâneo. As vendas de junho foram 20% maiores do que o mês de maio.

No Acre, o risco de inadimplência pode ser pressentido em situações práticas. São comuns cenas de carros lu-xuosos estacionados em casas muito modestas ou em condomínios populares. Muitos desses consumidores aproveitaram o cenário positivo e com possibilidade de negocia-ção, mas que podem não ter avaliado com cautela os inconstantes movimentos do setor automobilístico.

Podem não dar prejuízo aos bancos. É verdade. Mas, desenhar um cenário de inadimplência torna ruim qualquer ambiente econômico.


 

NOTAS ECONÔMICAS

Qualificação I
Carência de qualificação profissional é problema crônico para o setor produtivo da região. Presidente da Fecomercio-AC, Leandro Domingos, manda email ao Acre Economia, destacando a constante preocupação da instituição com a questão. E aponta outro gargalo: a dificuldade de fazer com que os empresá-rios compreendam a importância de investir na educação de seus funcionários.

Qualificação II
Segundo Domingos, apesar de instituições, como o Senac, oferecerem um grande leque de opções de cursos profissionalizantes, muitos até gratuitos, não é raro os organizadores encontrarem dificuldades para “fechar” as turmas por falta de alunos.

Qualificação III
De fato, o problema é cultural. E, no final, sabemos o resultado: perdem todos. Empresas, empresários, funcionários e, claro, clientes.

Qualificação IV
Afinal, como bem disse Domingos: “O mínimo que o cliente quer é um bom atendimento e os empresários, em sua maioria, não estão dando a devida atenção. Por isso, estão perdendo mercado. O mundo dos negócios está muito competitivo. Não há mais lugar para amadores. Somente os melhores ficarão”. Fica a dica de quem entende do assunto.

Há vagas
A quem interessar, estão abertas as vagas para o Programa Senac de Gratuidade, com foco em pessoas que possuem renda familiar mensal per capita igual ou inferior a dois salários mínimos. São vários cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores e educação profissional técnica de nível médio. As inscrições serão feitas até o dia 8 de julho, por meio do site www.ac.senac.br. Mais informações pelo telefone 3213-3000.

Custo Acre I
O poder público sente na prática os efeitos do Custo Acre. A Prefeitura de Rio Branco se esforça para terceirizar a administração da Rodoviária Internacional. No primeiro edital, uma empresa se apresentou, mas foi impedida de participar por falta de documentação.

Custo Acre II
No segundo edital, 15 empresas demonstraram interesse, mas nenhuma se apresentou formalmente. Os custos fixos para se administrar uma estrutura daquele porte são altos. Na avaliação dos empresários, ainda “não vale a pena”. Resultado: é mais uma pesada carga para a prefeitura ter que gerenciar.

Números tardios
Essa constatação de alguns gerentes bancários de que pode haver um risco de inadimplência no pagamento de financiamentos de carros é história de fácil percepção. Basta andar por alguns bairros periféricos de Rio Branco. É cada carrão estacionado em garagem de casa modesta!

Números tardios II
É certo que cada um compra o carro que lhe aprouver e que o financiamento bancário permitir. Mas, que o problema demonstra que o acreano precisa rever a postura em relação ao consumo, isso demonstra! Não vai longe o tempo em que o sobrenome do sujeito era o carro que possuía.

Sem prejuízos
De acordo com a gerência de mercado da maior instituição bancária do Acre, o Banco do Brasil, nos últimos três meses, financiou R$ 10 milhões para compra de automóveis. Prejuízos, certamente, o banco não terá. Mas, ter bens devolvidos por falta de pagamento, não pode ser saudável à economia regional.

FNO
Quando o FNO era dinheiro mais atrativo do que atualmente, muitos clientes aproveitaram o dinheiro barato para comprar caminhonetes de luxo. Isso, extraoficialmente, claro. Em tese, o recurso estava sendo aplicado no setor produtivo regional.

Ufac
Pensar projetos de desenvolvimento excluindo a Universidade Federal do Acre é algo inimaginável. Ao menos, por enquanto. Por isso, é preciso ficar atento ao processo de eleição para reitor oficializado com a homologação das candidaturas. O jornal A GAZETA entra no debate e abre espaço para que os candidatos exponham suas ideias.

IPI x Inflação
Na última sexta-feira, IBGE divulgou dados sobre a inflação em todo país. Em junho, a inflação deu uma trégua. A menos nos últimos dois anos, de acordo com o instituto que credenciou a situação à redução temporária do IPI sobre os carros. Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo foi de 0,36%. Em junho, reduziu para 0,08%.

Transparência
Quando é que dados sobre PIB, abertura e fechamento de empresas, arrecadação de ICMS serão divulgados de maneira periódica e sistematizada? Não seria essa uma forma transparente de tratar da economia regional? Seria bom para o cidadão que veria o direito à informação respeitado e para o empresariado que veria quais setores da economia são mais interessantes para investimentos.

Referência suína I
Há uma mania na gestão pública do Acre que beira à utopia: trata-se da vontade de ser “referência” em tudo; “modelo” para o Brasil, o mundo etc. etc. Pois bem! Aqui vai uma sugestão para que o Acre passe a ser uma referência na comercialização de carne de porco.

Referência suína II
A crise na suinocultura é sistêmica no país. Nem com a suspensão do embargo argentino a situação melhorou. Municípios de Santa Catarina que têm na criação de porcos a base econômica da cidade decretaram “estado de emergência”, tamanho o caos.

Peru come porco?
No Acre, a produção de carne de porco praticamente inexiste. Mas, há projetos pilotos com apoio do governo que podem dar novo rumo e novo ritmo. O Peru, por exemplo, pode ser um interessante mercado consumidor da carne acreana. Sobretudo o interior do país. Lima já é outra história, com outra demanda.


 Curso de design deve inserir o Acre no mercado internacional de móveis

RUTEMBERG CRISPIM
Um curso ministrado por professores da Escola Politécnica de Milão, a mais famosa no setor de design de móveis do mundo, promete revolucionar o setor moveleiro do Acre. Idealizado pela primeira-dama do Estado, arquiteta Marlúcia Cândida, o curso começou no último dia 25 de junho, contemplando 37 alunos, entre os quais filhos de marceneiros da Capital e do interior, além de marceneiros experientes do mercado, arquitetos e empresários do ramo.
Tião Viana, na abertura do curso, e secretário Edvaldo Magalhães, com alunos, em aula do primeiro módulo
O projeto é fruto de um esforço do Governo do Estado, que visitou há oito meses a região da Lombardia, na Itália, em busca de parcerias institucionais para o desenvolvimento de política estadual de fomento ao design no Acre.

O primeiro módulo foi ministrado por três professores, entre eles o próprio diretor da Escola Politécnica de Milão, Arturo Della Vitti, e serviu para troca de conhecimentos entre os acreanos e os italianos. A intenção é que, ao final, os alunos possam desenvolver um produto com a identidade do Acre, com potencial para ser comercializando tanto no mercado local quanto no exterior.

“Esse é apenas o início das nossas parcerias. Vamos trazer ao Acre também marceneiros tradicionais da Itália, que vão trabalhar diretamente com nossos marceneiros, dentro das nossas marcenarias. O governador Tião Viana e a primeira-dama Marlúcia Cândida estão com um olhar especial e carinhoso sobre nossos marceneiros”, afirmou o secretário de Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães.

Dessa forma, o curso desponta como uma oportunidade de modernizar e alavancar o setor, o que tem gerado muitas expectativas e entusiasmo entre os participantes.

Para o presidente do Sindicato dos Moveleiros do Acre, Francisco Augusto Nepomuceno, o apoio dado pelo Governo do Estado, com o Programa de Apoio ao Setor Marceneiro e Moveleiro, tem sido fundamental para impulsionar os empreendimentos.

“O governo está nos dando a chance de buscar conhecimento de novas tecnologias fora do país. Nós fomos a Milão! São oportunidades únicas, que estão nos ajudando a melhorar nosso trabalho e nos abrindo a possibilidade de sonhar com o mercado lá fora”, afirma, empolgado.

Durante a aula inaugural do curso, realizada no último dia 25, no Teatro Hélio Melo, o diretor da Escola Politécnica, Arturo Della Vitti, destacou que era uma alegria grande e um momento importante ministrar aulas de design no Acre. Ele ressaltou a importância do projeto social e sustentável do Estado considerado, por ele, o único no mundo.

“Temos muito trabalho a fazer para melhorar a produção do mobiliário, mas sei que vamos produzir um produto que poderá ser vendido em todo o Brasil e no exterior. Milão é uma vitrine internacional do design e poderemos utilizar o Salão de Milão como vitrine da madeira sustentável do Acre”, apontou.

Após os sete meses de aulas teóricas no Acre, quatro alunos do curso serão selecionados para participar de um curso prático de aperfeiçoamento na Escola Politécnica de Milão, a partir de janeiro. Os selecionados terão todas as despesas pagas pelo Governo do Estado.

Arquiteta destaca importância do curso
A arquiteta Paula Dossa é administradora de uma consolidada empresa local que trabalha no ramo de móveis modulados e garante que o curso está sendo uma oportunidade de melhorar seus conhecimentos e, até mesmo, pensar em uma nova linha de produtos que possa ganhar o mercado internacional.

“Esse curso tem como objetivo buscar uma identidade para os produtos moveleiros do Acre. Com professores capacitados, da Escola Politécnica de Milão, tenho certeza que vamos atingir nosso objetivo”, destaca.

Conhecida por sua criatividade e empreendedorismo, Dossa lembra que o curso tem outro diferencial: reúne, no mesmo am-biente, jovens e antigos marceneiros, arquitetos e empresários que já atuam no mercado, sob a orientação dos melhores professores em design do mundo.

E o que isso significa? Significa que a troca de conhecimentos será grande. Imaginem só a experiência de professores capacitados, aliada ao conhecimento adquirido ao longo dos anos pelos marceneiros acreanos. O resultado, na expectativa de todos, deve ser surpreendente.

“Aqui, muitas pessoas nem valorizam muito esses produtos do setor moveleiro. Mas, em outros países, principalmente na Europa, eles tem grande valor. Hoje em dia, ter um móvel de madeira antigo na sala é moderno. Queremos que o Acre tenha um produto de qualidade, mas que tenha durabilidade e, principalmente, identidade”, ressalta a arquiteta.

O design como fonte de renda

Marlúcia Cândida*
Este é o nosso grande objetivo. Estamos vivendo o momento da política no Acre pela busca das inovações. Há mais de uma década vivemos este sonho de inovar para sermos grandes. Grandes na maneira de agirmos com acrianidade. Somos da florestania com muito orgulho, mas chegou a hora de plugarmos para a geração de emprego e renda para o homem da floresta e para o homem da cidade. É nosso dever promovermos isto com respeito as nossas origens e a nossa biodiversidade. Queremos a nossa floresta viva e o povo acriano feliz. Para isto, é necessária a renda financeira. Acreditamos que da nossa floresta podemos tirar esta renda sem destruí-la. Mas como? Aplicando as políticas de certificação da madeira já usadas no estado. E, agregando valor a esta para que não saia do estado apenas como prancha ou objeto sem levar junto algo que remeta a nossa cultura. Então, estamos encontrando saídas no design. O design é a maneira como vamos trabalhar a nossa madeira, as sementes, as palhas e outros materiais da floresta com estética. Vamos transformar estes materiais em móveis, peças de decoração, painéis, utensílios, ou seja, tudo que já fazemos, todavia, precisamos sempre atender as tendências do mercado e assim, expressar a nossa identidade. Queremos vender nossos produtos no Acre, no resto do Brasil e para outros continentes. Mas, para isto há que se ter design com compromisso am-biental e social e cultural.  

Imaginemos as nossas marcenarias produzindo com altíssimo gosto e conforto as cadeiras que os italianos produzem. Assim como, as mesas e cadeiras com leveza e segurança. Construirmos casas de madeira, mas verdadeiramente confortáveis sob o ponto de vista do clima. Pensamos que as raí-zes das árvores e as árvores caídas nos rios se transformem em peças de decoração e movelaria. As nossas sementes sendo transformadas em peças de fino adorno nas vitrines das importantes grifes. O látex como vestuário, calçado, revestimento e outros. O bambu manufaturado para objetos, estruturas e vestuário.

Temos uma infinidade de possibilidades ou como diria Carlos Matos, um horizonte cheio de possibilidades. E até um pouco de tudo isto nós já fazemos. Porém, precisamos nos qualificar porque as ideias e desejos mudam. O mercado vive constantemente mudando no que diz respeito à moda, ao comportamento e até mesmo as necessidades de sobrevivência, pois, estamos em pleno Séc. XXI.

Mas por que estamos indo tão longe buscar ajuda? Por que na Itália? Bem, muito simples. Os estados brasileiros que foram colonizados pelos italianos são os mais desenvolvidos no uso da madeira.

Compramos nossos móveis em Santa Catarina, no Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. É a Itália o berço da moda e do design. É de lá que saem as grandes tendências para o mundo. Os italianos são experientes no cooperativismo como forma de estruturar a gestão das pequenas e grandes empresas. Na região da Lombardia estão as grandes escolas de design da Itália como, Escola de Arte de Cantú, ENAIP, Politécnico de Milão, Instituto Europeu de Design e tantas outras. Na nossa ida a esta região em 2011, estivemos em contato com todas elas e retornamos com a certeza de que precisamos avançar e que podemos contar com a cooperação do povo italiano. É também nesta região que estão 840.000 empresas e 10 milhões de pessoas.

Em Milão, acontece todos os anos no mês de abril a Feira do Móvel. Evento internacionalmente conhecido como o que reúne os melhores designers e arquitetos, assim como, as melhores empresas de movelaria do mundo. São infinitas as razões pela busca da cooperação italiana. Temos semelhanças com o povo italiano. Somos acolhedores, alegres, vibrantes, festeiros, solidários, de bom gosto, de boa culinária, mesa farta, espiritualizados, de fé e trabalhadores!

São de longas datas a nossa convivência com a Itália. Padres e freiras da nossa Igreja Católica, as primeiras escolas de boa formação, os hospitais, as ações humanitárias como, a Colônia Souza Araujo, os voluntários que já estiveram em Xapuri e Sena Madureira como Alberto e Carmem Pistoni e as famílias Martinello, De Luca e Zanini que fizeram deste estado a sua morada definitiva.

Mas, voltando para a nossa realidade econômica, social e ambiental do Acre, é visto que crescemos em ética. Então, vamos combinar ética com estética conforme definição do meu amigo ambientalista Alberto Tavares da WWF. Vamos gerar emprego e renda com a ética ambiental e social lincadas a estética do design. Esta já era uma empreitada do ex-governador Jorge Viana e do Binho Marques. Mas, o governador Tião Viana juntamente com os Secretários de Estado Edvaldo Magalhães das Indústrias e equipe de governo não tem medido esforços para alavancar o setor das marcenarias. Desburocratizou as licenças para que marceneiros saíssem da condição de ilegal para a legalidade. Esta reestruturando os Polos Moveleiros de Cruzeiro do Sul e de Rio Branco. Junto com o SEBRAE assinou acordo de cooperação com a Escola Politécnica de Milão para qualificar mais de 30 marceneiros e profissionais ligados à área da movelaria e do design. Este curso deu inicio já no mês de junho e finaliza no inicio de 2013. Esta acontecendo no Polo Moveleiro de Rio Branco com apoio pedagógico do Instituto Dom Moacir. Os alunos são marceneiros de todo o estado indicados pelas cooperativas, FIEAC, SEBRAE e Instituto Sócio Educacional. O curso esta sendo ministrado em módulos, ou seja, uma semana por mês. E ao final serão apresentadas famílias de produtos e os melhores alunos irão passar alguns dias em imersão na Escola Politécnica de Milão. Isto é apenas o começo, estamos no processo de idealização da nossa Escola de Design, aos moldes do que já estamos trabalhando com a de Gastronomia.

* Marlúcia Cândida, primeira-dama do Acre, é arquiteta, formada na Escola de Belas-Artes de São Paulo, com pós-graduação na Universidade Federal do Acre e mestrado na Universidade de Brasília.

Categories: Acre Economia
A Gazeta do Acre: