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Mãe reencontra filha raptada pelo pai após mais de dezenove anos separadas

O reencontro da dona de casa Francisca Assis, 68 anos, com a filha Maria Julia, 29 anos, aconteceu na Delegacia de Proteção à Mulher de Cruzeiro do Sul, após mais de 19 anos que a filha havia sido raptada pelo pai que a manteve em cárcere privado e com quem teve dez filhos, dos quais seis sobreviveram.

Na delegacia Francisca contou a polícia que abandonou o marido por que era constantemente agredida e torturada. A mulher mostrou uma cicatriz na barriga causada por uma perfuração a faca desferido pelo marido quando Francisca estava grávida de um dos filhos do casal.

Francisca disse que quando o casal se separou o marido decidiu levar a filha Julia e um menino caçula Francisco de Assis.

O rapaz hoje com 22 anos, contou a polícia que era agredido pelo pai que usava uma correia de motor para espancá-lo e que a agressão deixava marcas que sangravam em suas costas.
“Eu não suportava mais ver minha mãe apanhando. Para não bater na nossa frente, ele arrastava ela para o mato. Um dia deu um tiro de espingarda dentro da cozinha querendo matar ela”, relembra Francisco de Jesus

Entenda o caso
Através de uma denúncia anônima, policiais civis da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) do município de Cruzeiro do Sul, distante cerca de 660 Km de Rio Branco prenderam o ribeirinho João Ribeiro das Chagas, 63 anos, acusado de sequestrar, estuprar, manter em cárcere privado, uma filha que hoje tem 29 anos, com quem o acusado teve dez filhos, dos quais apenas 6 estavam vivos.

A prisão de João Ribeiro e o resgate da mulher e das crianças aconteceram na localidade em que o acusado vivia com a filha e os filhos netos, a margem do Rio Gregório, cerca de 120 quilômetros de Cruzeiro do Sul pela BR 364, mais 5 horas de barco até chegar ao Seringal Bacuri, onde a “família” residia.

Segundo o que foi apurado João Ribeiro teria sequestrado a filha quando ela ainda tinha 10 anos e foi morar com a menina em um casebre que ele construiu no meio da floresta.
A partir desse tempo ele passou a ter relações sexuais com a filha como se ela fosse sua mulher.

Para a família a menina que havia desaparecido havia sido comida pela onça, isso por que João Ribeiro atravessou o Rio Gregório e construiu uma casa no meio da floresta onde passou a viver maritalmente com a filha sequestrada e como nos seringais é comum o homem passar dias caçando, ele quando retornava para a companhia da mulher e de outros filhos, deixava a menina sequestrada amarrada em casa e com comida suficiente para aguentar seu retorno dias depois. Ao longo dos anos a filha cresceu e ficou grávida, os partos eram realizados pelo próprio pai, e assim nasceram cerca de 10 crianças.

De acordo com informações que a polícia ainda vai investigar, de uns anos, João passou a matar a criança que nascia do sexo masculino, talvez por isso restou seis dos dez filhos nascidos da relação incestuosa.

A descoberta de que a menina supostamente sequestrada estava viva somente aconteceu por que João Ribeiro sequestrou outra filha e levou para o casebre onde vivia com a primeira filha sequestrada.

Ele teria engravidado a segunda filha que pariu uma criança do sexo masculino que teria sido morto pelo pai.

Desesperada a jovem conseguiu fugir do seringal e se abrigar em outra localidade onde revelou o que havia acontecido.

A jovem ficou abrigada na casa de parentes de um policial que levaram a informação a polícia.

Durante esse período João Ribeiro costumava se mudar e sempre entrando ainda mais para a mata e nunca mantinha amigos e não permitia aproximação na casa.

Preso João Ribeiro foi encaminhado a Delegacia de Polícia Civil, a filha de João não sabe dizer o próprio nome e as crianças nascidas da relação incestuosa não foram registradas.

A delegada Carla Ivane de Brito pretende ouvir moradores do local, testemunhas e principalmente localizar a filha que conseguiu fugir e revelou a situação. O acusado será indiciado por crimes de sequestro, estupro, cárcere privado e se comprovado a morte dos recém-nascidos, também será indiciado por crime de infanticídio.

Categories: POLICIA
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