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Neymar “elevado ao quadrado”

A moda agora é nos induzir ou nos fazer pender para alguma direção. Não temos mais o direito de escolha. Os meios de comunicação, notadamente a mídia publicitária é que dá o tom; escolhe o que é bom para eu vestir, comer, votar, etc. A prova cabal são os políticos em campanhas municipais, cada qual se dizendo melhor que o outro. De hora em hora, para não dizer de minuto em minuto, recebo no meu aparelho celular, mensagens tentado me levar a “novos planos” para tagarelar mais, e segundo as operadoras, por tarifas mais baratas. Deduz-se que não deve ser diferente com qualquer outra pessoa portadora de celular.

Outro dia,  ao mesmo tempo em que efetuava pagamento de compras em um supermercado, notei numa estante de revistas, à venda, que uma delas trazia a seguinte manchete: “Nina faz todo mundo pensar que Carminha ficou doida”. O tom patético atribuído a dois personagens da tal novela é uma nova ordem neste mundo caos. Assim, repito enfadonhamente, há sempre alguém querendo nos convencer ou nos fazer pensar o que é melhor ou pior para nossas vidas.

Na pretérita quarta-feira, por ocasião da transmissão do jogo Palmeiras e Flamengo, o narrador Luís Roberto da TV Globo, deixou para os telespectadores internautas uma pergunta idiota, dentre tantas outras idiotizantes que se faz por este mundo a fora. Quem é melhor: Maradona ou Messi? Considero horrorosa palhaçada fazer comparações entre alguns jogadores da atualidade com os do passado.  Comparar, por exemplo, uns e outros jogadores de futebol com Pelé  é um tremendo forçar de barra, pura teimosia da mídia esportiva, já que este último era um jogador completo, na acepção da palavra, chutava, e bem, com os dois pés, cabeceava com perfeição; o gol era o seu alvo, não é à toa que ele ainda é detentor de recordes quase intransponíveis.

Ademais, essas comparações são, no mínimo, extravagantes, pois que o futebol atual   é pontificado pela força física e pela excessiva velocidade. Num futebol assim, qualquer um que tenha bom preparo físico e seja velocista pode figurar no elenco dos times mais famosos que se tem por aí. Até o velocista jamaicano Usain Bolt se resolvesse optar por jogar futebol seria um deus desses pernas-de-pau. O exemplo maior dessa afirmação foi o Ronaldo “fenômeno”. Só chutava com o pé direito, cabeceava mal; como qualidade só tinha a velocidade ou o arranque e, mesmo assim, foi escolhido, pelos que faturam altas somas ($) em cima do futebol, como melhor do mundo.

Vejamos o caso do jogador Neymar. A mídia encheu a cabeça da gente que gosta de futebol que este jovem é a nova pérola do futebol mun-dial. Pior: a maioria esmagadora, di-riam alguns políticos, acreditou. Com o fiasco dos jogos olímpicos, sobreveio  a todos grande decepção. Na minha ótica, o futebol do Neymar, ainda em evolução, foi elevado ao quadrado. Supervalorizado!  Por quem?
Primeiro, pela mídia esportiva, notadamente pelos extravagantes comentários, na maioria feito por ex-jogadores que parecem não terem concluído o ensino fundamental. “Especialistas em futebol” que vivem a endeusar pernas-de-pau, numa verdadeira afronta a quem realmente foi craque na acepção da palavra.

Para não dizer que sou extremamente retrógrado quando o assunto é comentar futebol, deixo claro o meu respeito a uns poucos, que se salvam nessa mistura de péssimos comentaristas. Uma dessas exceções é Rafael Oliveira, jovem comentarista do Esporte Interativo.

Segundo,  pelos donos dos negócios que envolve o futebol. O “busines” é imensurável, imensurável é o que não se pode medir, significa que por maior esforço que façamos, não há mortal na face da terra que possa presumir o montante financeiro em que está submergido o futebol; pode-se dizer que a gigantesca negociata  sobrepuja “negócios” altamente rentáveis como: o tráfico de drogas;  prostituição infantil, e outros ilícitos. As cifras, desse fantástico negócio, são tão volumosas que só o Neymar embolsa ou abiscoita mensalmente 3 milhões de reais. É o tal do pragmatismo perverso que invadiu de forma assaz a quase totalidade dos segmentos públicos e particulares. O futebol, está envenenado  por esse pragmatismo. Assim, o fato do time brasileiro não ter ganho a medalha de ouro, deixou no mínimo furiosos os que  amealham riquezas em cima desse sistema. Com certeza, interesses múltiplos foram contrariados, com perdas incalculáveis.

Quero deixar claro que não  sou daqueles que só vêem coisas boas no passado, em prejuízo das coisas boas do presente, mas tomo as experiências vividas no passado para compreender o presente; não há só mazelas no presente, mas em se tratando de futebol o que se nos apresenta no momento, nada mais é do que um comércio ufanista da pior espécie.

Ah, ia esquecendo: O ex-presidente Lula tenta nos convencer que a conquista da medalha de prata, pela seleção de futebol olímpica, não é  tão ruim. Segundo o político, a seleção do Mano está no caminho certo.
                                                                                  
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