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Voto por Rio Branco

Neste domingo, 7 de outubro de 2012, enquanto deposito meu voto de confiança, nomeando os meus vir-tuais representantes no município, despojo-me, por algumas horas do meu pessimismo crônico e encho o meu íntimo de expectativa ensejando que nesta eleição o vencedor seja a cidade de Rio Branco.  Extraio essa probabilidade da minha veia pessimista que não esconde a realidade e retrata as coisas como são. A propósito os pessimistas não se deixam empolgar por discursos políticos simplórios que tentam fazer-nos crer que tudo está muito bem na capital acreana.  

Desta vez vou às urnas com uma motivação além da obrigatoriedade do escrutínio. Não vou tão somente porque se eu não for, pela minha desobediência, sofrerei pesadas medidas repressivas. Vou, pelo exercício do voto. Talvez um dia este sexagenário aprenda a votar, já que incentivo para votar é o que não falta nesta nação. A cada dois anos, somos obrigados a ir às urnas, quer em nível municipal, como agora, quer em nível estadual e federal.

O voto, aqui ou em qualquer lugar da pátria mãe, é o exercício da esperança renovada; esperança circundada pela expectativa, quase angustiante, de dias menos aperreados, sobretudo, para os que sofrem na pele as agruras de não ter, no dia-a-dia, especialmente, os serviços públicos almejados. O sufrágio do próximo dia 7, em todo Brasil, deve refletir as legítimas ansiedades do povo, achacado, infelizmente, por uma rea-lidade cruel. No entanto, não podemos negar, as eleições ocorrem em meio às muitas queixas, afinal todos se queixam: governadores, governados; prefeitos, munícipes; ministros, senadores e deputados; velhos, jovens; fortes, fracos; sábios, ignorantes; sadios, doentes; de todos os municípios; de todas as idades e de todas as condições sociais, diria Pascal.

O meu voto por Rio Branco, é o voto de quem não quer mais presenciar, nesta cidade, antes pacata e agradável, o surgimento de novos e terríveis crimes que se repetem a cada minuto e nos chocam e nos deixam mentalmente transtornados.  É o sufrágio de quem quer  espantar, de uma vez por todas os maus agouros que circundam a política local; é o voto de quem não quer ver aqui a contumaz violência  que acontece em outras cidades; é o voto pela extinção de partidos políticos que, em sua maioria, nada mais são do que siglas de aluguel, de algumas figuras endinheiradas, de mentes espertas; é o voto de quem vive a expectativa, a exemplo de outros milhões de brasileiros, de que os que forem galgados ao poder público, prefeito e vereadores, sejam possuidores de  conduta ilibada e fiéis às propostas de campanha; mulheres e homens de bem, que estejam dispostos a pagar o alto preço do serviço publico sem se deixarem contaminar pelo canto da sereia; que não aceitem cooptação venha de onde vier;  que tenham domínio próprio, pois aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros.

O meu voto vai sobejado de esperança de que, nestas eleições, seja resgatado o caráter coletivo, a ética e a consciência política das pessoas; valores democráticos que têm sido corroídos pela postura de maus políticos, que praticam a política da amoralidade, dos conchavos, dos arremedos de democracia e do totalitarismo extremado, tanto da direita, quanto da esquerda.

É o sufrágio da quimera (sonho) de desejar que os nobres candidatos eleitos (à meia noite de domingo, já saberemos quem são) entendam finalmente que, num sistema republicano, em que o povo exerce soberania, ninguém é dono do poder “o poder emana do povo através do povo”. De fazê-los entender que o Estado, pelo menos na teoria de alguns antigos pensadores (Hobbes e Locke) é uma entidade subalterna aos indiví-duos; que a política é um confronto de ideias, não um balcão de negócios altamente rentável.

O meu voto por Rio Branco, é o voto dum cidadão que investe sua vida nesta cidade, que está inserido num contexto sociopolítico e cultural, sem ranço partidário, empenhado em deixar, por aqui, um legado no campo da educação superior; comprometido com o desenvolvimento desta terra. Cidadão que medita nas lutas do passado, algumas terríveis e cruéis; que aposta com todas as forças no trabalho honesto; que conta com a ação dos governos constituídos em apontar, sem burocracia jurássica, caminhos sustentáveis para o progresso e bem-estar dos seus governados.

Voto por Rio Branco, na ardente expectativa de melhores dias, não só em relação a Capital, mas por inclusão todos os municípios em terras acreanas, a fim de que eu possa dizer, logo mais, aos meus netos. Vejam: eis a cidade de Rio Branco, mais humana; eis o Acre, nosso futuro; eis a nossa Pátria. Há esperança para vocês!

E-mail: assisprof@yahoo.com.br

Categories: Francisco Assis
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