Atualmente a ciência, inclui-se aí somente aquelas de cunho de investigação empírica, apesar do avanço a passos largos, não atende a demanda de problemas advindos da existência humana, pois nós, simples mortais, continuamos sem respostas para muitas necessidades básicas, cruciais para a sobrevivência humana. Só a guisa de exemplo, estatísticas recentes dizem que 550 milhões de pes-soas moram em favelas. Os viciados em drogas são hoje 60 milhões, envolvendo um “comércio” na ordem de 350 bilhões de dólares. Há 100 milhões de crianças de rua nas mega-cidades, espalhadas pelo mundo aguardando um horizonte melhor.
No Brasil, a cada dia, aguçam os problemas que envolvem necessidades básicas do povo. No campo da assistência médica, citando São Paulo como modelo, há agora, neste exato momento, segunda o jornal A Folha, edição de ontem (18.01.13) 661 mil pedidos médicos na fila; espera chega a quase três anos. É assim, nos quadrantes da Nação. As cidades da “Baixada Fluminense” Rio de Janeiro, quando a questão é atendimento médico, o caos é total. Chega-se a simples conclusão que estamos todos indistintamente doentes de algum mal.
Pior de tudo, à mercê dos medicamentos caríssimos. Um pequeno frasco de “gotas preciosas” que bem recentemente custava R$ 6,00, hoje não se compra por menos de R$ 16,00.
Alheias ao problema da sobrevivência humano, as nações poderosas estranhamente gastam milhões de dólares na tentativa de criar a vida, ou descobrir sua origem. Quando, o óbvio seria destinar tempo e recursos para cuidarmos da vida que já temos aqui. Se é assim temos um fato irônico em que a ciência devotada à solução de nossos problemas, se tenha tornado por sua vez um problema. A ciência nos deu a luz elétrica, o automóvel, os jatos, a televisão, o computador, a internet, etc., mas deu-nos, também, a bomba de hidrogênio e os mais sofisticados mísseis teleguiados que formam um fantástico arsenal beligerante, que extermina em poucos minutos nações inteiras.
Paralelamente à ciência tecnoló-gica está aí para oferecer todas as vantagens, notadamente, no campo do entretenimento. Recentemente, ainda no governo do presidente Lula, foi assinado um decreto que definiu o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre “que estabelece as diretrizes para a transição do sistema de analógico para digital”. O texto antevia o que hoje é uma realidade, p.ex.que cada celular poderia ser uma unidade de TV móvel. Outro texto dizia que estavam em jogo “negócios” de ao menos R$ l00 bilhões (investimentos a serem feitos num período de 5 a10 anos) na adequação ou substituição de televisores analógicos, celulares e aparelhos de TV fixos, com tecnologia analógica. Significa que num curto espaço de tempo, o meu aparelho de TV, bem como outros 54 milhões de aparelhos, espalhados, em cerca de 43 milhões de domicílios por este Brasil afora, se não forem adequados a nova realidade, só servirão, amanhã, para jogar no lixo.
Apesar de todo esse avanç científico e tecnológico, pergunta-se: Onde estão os mecanismos científicos avançados, no campo: da economia; da política; do direito; do social; da ciência médica, etc., que não encontram solução para os problemas humanos? A realidade dos problemas se torna mais assustadora quando se faz uma análise das tendências para os próximos anos. Não existe o menor sinal de que os problemas serão menores.
Deste modo, apesar de todo o avanço da ciência e da tecnologia não conseguimos, na área médica, por exemplo, erradicar a tuberculose, entre outros males físicos que nos afetam. Esses “avanços” não livram o mundo, o de hoje e o de amanhã, das ameaças de destruição total. Não se trata de ideia idiota, não. Sei da importância, para a raça humana, da tecnologia.
O quadro, a seguir, produto da minha mente obtusa e pessimista, em relação à condição humana, deveria ser hipotético, mas não é. Entre aqui e o ano 2015 ou 2020, sei lá, em algum lugar, destas terras acreanas, se constatará uma circunstância, que se repetirá em muitos outros lugares, em que cidadãos humildes, continuarão utilizando privadas (daquelas!) de fundo quintal, ao mesmo tempo em que continuarão sendo detentores, como forma de entretenimento, de aparelhos celular portátil com TV.
Torna-se necessário, a esta altura da reflexão, perguntar qual é a principal preocupação que polariza, atualmente, nossa vida, e o que colocamos acima de tudo, nesta fase de nossa existência? Ou numa introspecção, me perguntar o que, atualmente, me empurra a viver, centraliza o meu existir e dá sentido a tudo o que eu faço? Como posso saber se os valores que acato, respeito, prezo e vivo, são verdadeiramente valores corretos? Será que o que eu penso, digo, faço, acato e vivo, não atenta contra nenhum aspecto da dignidade humana, entre outras coisas. Por que a maioria do povo brasileiro vive em situação de risco e miséria?
Karl Popper (1902-1994) físico, matemático e filósofo, dizia que o avanço da ciência se dá pela criatividade de imaginar hipóteses novas que possam explicar e resolver os problemas gerados pelas expectativas humanas preexistentes. Isto é, o fim último da ciência é o homem e as suas agruras terrenas. Corrobora com essa ideia o existencialismo dos anos 30, tendo à frente Jean Paul Sartre (1905-1980). Essa corrente filosófica faz uma reflexão sobre a vida do homem, seu abandono e suas angústias: Também exalta a liberdade pessoal e sublinhama necessidade de tornar a vida significativa e não buscar “encontrar” o significado da vida.
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