Em começo de ano novo, com essa mistura de prognósticos baboséicos, o melhor mesmo é esperar os acontecimentos se sucederem. Nada de querer apelar para as prediçõs, p.ex. dum Stefhen Hawking, astrofísico inglês, o mais célebre cientista desde Albert Einstein, que antevê um destino sombrio para a humanidade.
A propósito, a visão pessimista de Hawking para o futuro da humanidade encontra mais respaldo na filosofia que no pensamento de cientistas. A filosofia, com sua visão universal, através de seus mais ilustres representantes, têm nos alertado para realidade tão assustadora; estes fatos não podem passar despercebidos, sob pena de se viver fora da realidade. Alguns de nossos maiores pensadores, técnicos, analistas, historiadores, cientistas, filósofos, sociólogos, teólogos e estadistas, concordam que o homem está doente, isto é, já ultrapassou o ponto crítico.
O filósofo, em qualquer época, procura respostas a perguntas básicas acerca do propósito da vida. No entanto, na abordagem de Ludwig Wittgenstein (1889-1951), em sua filosofia da linguagem, encontramos que um dos papeis da filosofia é também olhar os problemas que afligem o homem. O conselho de Wittgenstein é: “Não pense, olhe!”
Deste modo, para dirimir contradições, estabeleço uma junção entre o pensamento moderno do filósofo analítico e o ajuizamento abstrato dos filósofos antigos e medievais. Assim devemos pensar e olhar. Todavia, pensar e olhar o quê? Mesmo sabendo que o filósofo tem a fama de olhar e refletir universalmente, a minha sugestão é que se diminua o grau de visão universal e limitemos as nossas meditações aos problemas do Brasil, mesmo que seja apenas um pensar e um olhar filosófico. Antes olhar, como dar a entender Wittgenstein, do que pensar. Entretanto, em que aspecto ou prisma se deve olhar e pensar os problemas brasileiros? Quais são as prioridades das prioridades que merecem a nossa atenção total?
Fala-se muito da crise política e, por extensão, da crise moral que aí está fato que começa a avaliar a classe política, que passa finalmente pela sua mais séria depuração. Hoje, o político não está mais acima de tudo, também homens e mulheres que entram na política com o fim de obter riquezas ilícitas, influência e poder, estão sendo desmascarados e encaminhados à Justiça para serem processados e presos, pela ação destacada do Ministério Público. Por outro lado lotear todos os cargos públicos entre seus parentes, cabos eleitorais e protegidos, com intuito de empregar à custa do dinheiro público a sua máquina eleitoral, salvo em municípios de longínquos interiores, ficou mais difícil. Assim, parto do pressuposto que, a partir de agora, para alguém pleitear cargos públicos, terá que ter vocação política e, necessariamente, adquirir uma consciência ética, ou cair em desgraça pelo resto da vida. Quem achar que não é assim é só meter a cara! Presume-se, também, que a prática famigerada do “caixa dois” e outros ilícitos com intuito de levantar recursos para o político, com ou sem cargo, para as próximas eleições, tende a se acabar.
Outra coisa para onde remeto meu olhar e a minha reflexão é sobre algumas falácias, ditas para enganar: a inflação no Brasil está debaixo de controle; temos a oitava maior economia do mundo; não há desemprego; a saúde vai bem, etc. e, a despeito de todas essas “conquistas”, a nação ser dona de, provavelmente, uma das maiores desigualdades sociais do mundo.
São tantos os vaivéns ou vicissitudes da vida terrena, conhecidos de todos e que se perpetuam, como por exemplo, o contumaz sistema de tributação que, além de injusto, atinge quem menos deveria. Tributam violentamente o assalariado, os pequenos e médios empresários, mas poupam os privilegiados. Muitos destes pequenos e médios empresários não escondem seu desconforto e sufoco.
Outra questão existencial sofrível é a chamada política salarial. Pergunto: O que impediu e impede aos governos, os de ontem e os de hoje, a estabelecer um salário mínimo digno? Uma das causas, alguém tem dito, é a grande, para não dizer fenomenal despesa com a folha de pagamento dos governos instituídos, contrariando um princípio básico que reza pela cartilha do bom senso de que governos devem funcionar com um mínimo de servidores, dando e incentivando à iniciativa privada o privilégio de ser o grande gerador de empregos.
Ao mesmo tempo, aqui no Acre, cadinho do Brasil, lugar onde as coisas acontecem e se misturam, sigo a cartilha do jornalista Itaan Arruda que, em artigo recente, sob título “Urgência”, nesta A GAZETA, traçou um olhar sobre questões simples, mas de vital importância para uma melhor convivência em nossa cidade. Itaan abordou o conhecido problema da ineficácia do Plano Diretor de Transporte e Trânsito da Capital, bem como deu um pitaco no ítem “poluição sonora” advindos dos veículos dirigidos por uns e outros energú-menos, que nos agride diariamente.
Pego carona, do lúcido jornalista, volvendo o meu olhar para uma realidade, no mínimo, de arregalar os olhos de admiração. É quanto à quantidade de animais, notadamente cães, zanzando pela via pública, notadamente em Rio Branco.
Outro dia, aí pelas oito horas da manhã, debaixo de uma boa chuva, em frente do prédio da Igreja Católica Santa Inês (Bosque), um cão e uma cadela, depois do coito animal, estavam pregados cercados por outros cães. Era uma cachor-rada só, à vista de todos, num dos locais mais badalados pelos devotos da santa. O fato em sí nada tem de anormal, pois é da natureza animal o “coito” em qualquer lugar. Afinal, eles não têm juízo!
Contudo, olhando essa cachorra-da elevada ao quadrado, especialmente na periferia da cidade, insinuo ao novo prefeito, Sr. Marcus Alexandre, que retome aquela campanha antirábica, colocada em prática na gestão anterior.
Houve uma época em que a Secretaria Municipal de Saúde visava imunizar mais de 40 mil cães e gatos em tempo exíguo. A iniciativa foi considerada salutar pela população, já que não é mais possível, em pleno século XXI, que o povo morra de “raiva” proveniente de mordidas, principalmente, de cães vadios.
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