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Indústria pornográfica

Vi com satisfação o ato público, tendo à frente o Ministério Público Estadual, contra a exploração sexual de adolescentes, notadamente aqui em Rio Branco.  Essa desgraça, entre outras, que assola a nossa juventude, mesmo combatida por quem de direito, se agiganta a cada dia. O ato chamou a atenção da sociedade a respeito da banalização da exploração sexual.

Na minha ótica, uma das pontas do espectro da desdita é o mercado da indústria pornográfica que avança de forma inexoravel ou implacável nos quadradantes do Brasil, pois pesquisadores do assunto dizem que a maioria dos que estão envolvidos na exploração sexual de adolescentes, são “inspirados” não obrigato-riamente, por esse enxame pornográfico que veicula diuturnamente, seja através da TV, internet e “revistas pornôs para homens”. Não é preciso ir muito longe para comprovar o que digo, é só dar uma olhadinha nas bancas de revistas localizadas nas esquinas de ruas ou praças da cidade e verificar que estão cheias de literaturas pornográficas. Tá lá, pornografia aos montões! Mesmo os semanários “Isto É” e “Veja”, feitos para a informação das famílias brasileiras, trazem em seu bojo induções pernósticas, sórdidas e nocivas aos bons costumes.

Psicólogos dizem que a excitação sexual do varão pode torna-se muito forte somente pela vista. Essa é uma velha tese de Freud que dizia que o homem excita-se pelo que vê fato esse que tem sido explorado a tal ponto, que vastas indústrias de publicações fotográficas e filmes têm sido organizados para alimentar esse apetite. A novidade nesse campo pornográfico são as publicações de “revistas para mulheres”. Costumava-se pensar que a mulher não se deixava arrebatar muito por tais coisas; diz uma revista especializada no assunto, mas, aqueles que se ocupam com a indústria pornográfica têm ficado surpresos diante da receptividade desse tipo de coisa entre as mulheres. Não se pode negar que os homossexuais masculinos são os principais compradores dessas exibições da nudez masculina, mas há muitas donas-de-casa, dizem as más línguas, que ocultam tais revistas sob o travesseiro ou em suas gavetas de armário. Existe ainda, a chamada pornografia atrevida que exibe o ato sexual não somente entre seres humanos, mas até bestialidade (sexo com animais), acompanhado por toda espécie de ilustrações pervertida e descrição verbal. Cenas de estupro e assassinato são ali demonstradas; e, presumivelmente, algumas dessas cenas não são teatrais, mas reais. Talvez o pior aspecto dessa pornografia explícita seja o envolvimento de crianças, o que é contrário ao bom senso e às leis de toda ordem.

Os defensores dessa liberdade promíscua, de modo geral, afirmam que a pornografia deve ser tolerada como parte da livre expressão dos cidadãos. Essa tolerância amplia-se a todos os campos do pensamento e do empreendimento humanos. A questão, nesse caso, está em sabermos se a liberdade da palavra e da impressa implica a liberdade de corromper as mentes humanas por meios de recursos de comunicação em massa, incitando assim a todas as formas de perversão e imoralidade sexual. Também, o chamado realismo artístico que constitui, ao mesmo tempo, orientação e finalidade de parte da indústria cinematográfica nos países do primeiro mundo, aumenta a podridão, a imundície e a pornografia que estão envenenando a nossa juventude. Qualquer leigo no assunto que dedicar o mínimo de atenção ao que é exibido nos canais de televisão, a partir das 16h, constatará que a produção de novelas, no campo da pornografia, está cada vez mais suja. E a isso chamam de “realismo”.

Portanto, é sobremodo positivo esse ato público, devendo conti-nuar, uma vez que a sociedade está minada de representantes dessa prática nociva, ja que não precisamos ir muito longe para saber quem são os meliantes que promovem a indústria do crime pornográfico. O problema está aqui bem perto de nós. Basta ler nos jornais de melhor tiragem da cidade de Rio Branco, as denúncias do povo sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes. Alias lí na reportagem desta GAZETA, sobre o evento, que o Acre consta hoje como o 2º colocado no ranking de denúcias no campo da exploração sexual de menores. As denúncias, através do disk 100, de certa forma irrompem com aquele comportamento social de apatia e alienação diante de situações graves, como essa de prostituição infantil. A sociedade, hoje, sabe que a realidade da exploração sexual infantil angustia, contudo é necessário conhecê-la para enten-dê-la, na tentativa de agir nas causas e não somente nas conseqüências dos distúrbios sociais.

* E-mail: assisprof@ yahoo.com.br

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