Grosso modo, o pessoal que faz a história segundo o estilo positivista gosta apenas do relato e detesta a avaliação dos acontecimentos. Já do outro lado estão os historiadores dialéticos, ou seja, aqueles que emprestam ao histórico uma interpretação às vezes minuciosa demais. Quem daria legitimidade científica a afirmações como estas seria o José Dourado de Souza, historiador de boa têmpera.
Só que eu não sou historiador, sou cronista. O meu termo não é científico, é literário. Afirmo-o aqui porque há os homens de ciência que não observam uma certa prosa poética aspirada cá dos meus escritos às vezes tão sórdidos, como quer o senhor dos Prazeres.
Daí que, por não ser exatamente um homem de ciência, como já o fui, há alguns séculos, prefiro lembrar os clássicos que chegaram a uma conclusão abrupta segundo a qual a história é a história e o homem é o único animal que ri.
Fazendo passarem as duas possibilidades por filtros de densa tarlatana ou numa síntese arrojada da largura da boca, devo recorrer ao Millôr. Esse cara supimpa reinterpreta o adágio clássico acima usando o termo istória. Assim procedendo, ele reafirma que as interpretações podem ser mentirosas, falseadas; mas podem, de outra forma, ser estilizadas, metaforizadas, não por completo, mas aqui e ali, guardando a essência do real imaginário. Eis o procedimento. Reinterpreto. Aí o meu método chinfrin. É mais ou menos assim que eu sou, ou nesta que estou.
E lá vem história!… A história dos ladrões do fim do mundo.
Os gregos da época dita clássica desembainharam as espadas, deceparam pescoços inocentes, desvirtuaram virgens de tenra idade e, através deste método ainda hoje em voga, escravizaram o mundo conhecido de então. Como se ainda pudesse haver algo pior, enquanto eles venciam as guerras, os escravos já conquistados trabalhavam de sol a sol nos campos de trigo e nos imensos olivais. E assim, passada a época dos combates sanguinolentos, os helenos – também assim chamados – não iam para a labuta. Um bocado deles se descobria novamente homossexual, os outros eram filósofos e os demais faziam as duas coisas.
Eles não trabalhavam, de forma alguma. Apenas se preocupavam em pensar a aventura humana na terra e, depois, cair nas orgias mais sacanas de que se tem notícia na Antiguidade.
E os tempos são outros hoje. Já não há escravos. Mas eles, novamente, não quiseram se meter com o trabalho árduo que rende a dignidade. Não quiseram gastar tanta energia. Daí, um pulinho para a falência. A Grécia antes poderosa agora pede esmolas de um mundo novo onde quem não derrama o suor não mais tem direito a comer, beber, vestir-se e habitar, dizem.
Os romanos foram piores, certamente, pelo fato de serem muito sanguinários, cruéis mesmo. Estes procederam da mesma forma que os gregos, pois com eles aprenderam a roubar tudo dos povos conquistados e, depois, extorquir através de impostos que chegavam a cem por cento do que era produzido pelos escravizados. E também perseguiam as virgens, colocavam fogo em cidades inteiras e delas levavam todo o ouro com o que pagavam as novas guerras e os novos saques. Ah, ladrões!
E os habitantes da Roma de outrora se tornaram os italianos de hoje, um povo de pouca ação e muita falácia. Apopléticos e nervosos. Apaixonados até por eles mesmos, ficam encantados com os americanos a quem vendem as suas belas mulheres e a sua arte do jogo sujo a que eles mesmos denominam máfia.
De perto, dá pra perceber que os italianos, na essência, com as exceções fugidias, são todos uns escroques. Pelo histórico de ruindade, desde o desaparecido império, o humano nascido na Itália, é inconfiável, mentiroso, vil, traidor, sente-se mais à vontade com o punhal que com a espada, melhor com o veneno que com o fármaco, é escorregadio nas negociações e coerente apenas em trocar de bandeira a cada vento.
Sobre napolitanos e sicilianos – mulatos não por erro de mães meretrizes – mas pela história das gerações, diz-se terem nascido de cruzamentos que herdaram o pior dos seus antepassados híbridos: dos sarracenos a indolência, dos suevos a ferocidade, dos gregos a irresolução e o gosto por se perder em tagarelices, até procurar cabelo em ovo.
De uma forma ou de outra, hoje eles não mais roubam porque lhes falta o poderio militar para a guerra de saque tão tradicional. Por isto, também estão falidos mendigando do mundo um níquel com que possam comprar pão e circo. Há! há! há!
As crises econômicas e financeiras rondarão para todo o sempre a nação francesa porque os franceses são extremamente preguiçosos, além de trapaceiros, pedantes, rancorosos, ciumentos, orgulhosos além de todos os limites e incapazes de aceitar críticas.
Para induzir um francês a reconhecer uma tara da sua corja, basta lhe falar mal de outro povo, por exemplo, “nós, poloneses, temos esse ou aquele defeito”. E, como não querem ficar atrás de ninguém, nem sequer no mal, eles reagem com “oh, não, aqui na França somos piores” e passam a difamar os franceses até notarem que você os apanhou na armadilha.
Os franceses não amam os seus semelhantes, nem quando tiram vantagem deles. Ninguém é tão mal educado como um taberneiro francês, que parece odiar os fregueses e desejar que não estivessem ali. São maus. Matam por tédio. É o único povo que durante vários anos manteve seus cidadãos ocupados em se cortarem reciprocamente as cabeças. A sorte foi que um Napoleão efeminado desviou-lhes a raiva para os de outras raças.
Acham que o mundo inteiro fala francês. Para eles, as memórias antigas de gente como Calígula, Cleó-patra e Júlio César foram escritas em francês, quando qualquer criancinha sabe que a língua usada pelos eruditos na idade média era o latim. Os doutos franceses não fazem ideia de que outros povos falam de modo diferente do francês.
Talvez a ignorância seja efeito da sua avareza, o vício nacional que eles tomam por virtude e chamam de parcimônia. Vê-se a avareza pelos seus aposentos empoeirados, pela forma nunca refeita, pelas banheiras que remontam aos ancestrais, pelas escadas em caracol, de madeira instável, pra aproveitar sovinamente pouco espaço. Enxertem um francês com um judeu de origem alemã e terão aquilo que temos, uma França eternamente à beira da ruína.
Depois de sugarem o suor e o sangue dos povos do norte da África, por séculos, os franceses agora os odeiam e não os suportam sequer como imigrantes que lá hoje estão para fazer o serviço pesado. A estes herdeiros do pedantismo de Antonieta, os ricos da zona do euro também os têm enquanto luxentos e pouco dados ao esforço.
Lembremos o Zinedine Zidane. Quando ele enfiou três gols contra o Brasil, na Copa do Mundo, não comemorou e sequer ergueu o braço, uma vez que não se considera um herói francês, mas um cidadão argelino, tal qual o pai, um sapateiro discriminado da região do porto de Marselha.
Os alemães são extremamente trabalhadores, jamais estarão de pires na mão, dão ordens na zona do euro e reergueram o seu país, inclusive em termos econômicos, destruído por duas guerras consecutivas no século passado.
Busquemos, então, o que há de humano na essência do alemão. Antes, todavia, demo-lo poder e veremos que se trata do mais baixo nível concebível de humanidade. Um bismarck qualquer produz em média o dobro das fezes de um brasileiro. É a hiperatividade das funções intestinais. No tempo das invasões bárbaras, as hordas germânicas espalhavam nos caminhos e percursos das guerras montes descomunais de matéria fecal. Qualquer forasteiro rapidamente percebe quando ultrapassa a fronteira germânica pelo volume anormal de excrementos abandonados ao longo das estradas. É típico do alemão o odor repugnante do suor, e está provado que a urina de um ariano contém vinte por cento de azoto, ao passo que a das outras raças, somente quinze.
O alemão vive em estado de perpétuo transtorno intestinal, resultante do excesso de cerveja e daquelas salsichas de porco com as quais se empanturra. Eles habitam aqueles ambientes fedorentos a sebo e a toucinho, até mesmo a dois, ele e ela, mãos apertadas em torno daquelas canecas de bebida, nariz com nariz, num bestial diálogo amoroso, como dois cães que se farejam, com as suas risadas fragorosas e deselegantes. Eles falam do seu espírito – geist – alemão, mas é o espírito da cerveja que os estupidifica desde jovens.
É verdade. O abuso da cerveja torna os alemães incapazes de ter a mínima ideia da sua vulgaridade, mas o superlativo da sua vulgaridade é que não se envergonham de ser alemães. Levam a sério um monge luxurioso, Lutero, que arruinou a Bíblia traduzindo-a para a língua deles.
Os alemães se consideram profundos porque a sua língua é vaga, não tem a clareza do português, por exemplo, e nunca diz exatamente o que deveria, de modo que nenhum alemão sabe jamais o que queria dizer – e toma essa incerteza por profundidade. Com os alemães é como com as mulheres, nunca se chega ao fundo.
Em uma próxima ocasião, escreverei coisas terríveis a respeito de outros povos espalhados pelo mundo afora… É que a minha Candinha se globalizou e não tem mais limites nem fronteiras, de forma alguma.
*Historiador do fim do mundo: www.claudioxapuri.blog.uol.com.br.