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Operação da Polícia Federal prende secretários e empreiteiros no Acre


Às noves horas da manhã, 150 agentes da Polícia Federal já haviam cumprido 15 mandados de prisão e 35 mandados de busca e apreensão de empresários e secretários de estado envolvidos no esquema de fraudes de licitação pública no Acre. A Polícia Federal confirmou que as obras da Cidade do Povo, projeto orçado em R$ 1,1 bilhão e que previa a construção de 10,5 mil moradias em Rio Branco, era objeto de interesse do grupo criminoso.

As sete empresas operavam em sistema de cartel para excluir a concorrência de empresas fora do esquema. “Com o cartel, elas praticamente dominavam todas as licitações do Estado na área da construção civil”, relata o superintendente regional da Polícia Federal do Acre, Marcelo Sálvio Rezende Vieira.

As escutas telefônicas com autorização judicial da desembargadora Denise Bonfim, permitiram à Polícia Federal constatar a hierarquização do esquema criminoso. “Os próprios integrantes do grupo se auto intitulavam pertencentes ao ‘G7’”, assegurou o superintendente Vieira. “Eles até barraram a inclusão de uma oitava empresa no grupo”.

As investigações da Polícia Federal constataram as ramificações na estrutura do governo do Estado. “Pessoas que ocupavam funções dentro do governo do Estado atuavam em benefício do grupo investigado e facilitavam as ações da estrutura criminosa”, relacionou o superintendente.

Em release divulgado pela assessoria da Polícia Federal, foi confirmada a prisão do ex-secretário de Estado de Habitação e ex-superintendente da Caixa, Aurélio Cruz; do diretor de Análise Clínicas da Secretaria de Estado de Saúde, Tiago Paiva, e do secretário estadual de Obras Públicas, Wolvenar Camargo.

A Operação G7 iniciou em 2011, resultado de outra investigação que apurava irregularidades na previdência pública. De novembro de 2011 até agora, foram analisados seis contratos envolvendo as empresas acreanas cartelizadas. “Por enquanto, foram esses seis contratos, mas as investigações continuam”, disse o delegado regional de combate ao crime organizado da Polícia Federal, Maurício Mascardi Grillo.

Nesses seis contratos, orçados em R$ 40 milhões, estima-se prejuízos de R$ 4 milhões aos cofres públicos. O envolvimento do diretor de Análises Clínicas da Sesacre, de acordo com a Polícia Federal, se concretiza no desvio fraudulento dos recursos do SUS. “Pessoas ligadas ao governo do Estado facilitaram a contratação de uma empresa que utilizaria recursos do Sistema Único de Saúde”, disse o superintendente.

“O Governo do Estado afirma que, enquanto não houver um juízo condenatório, quer seja na esfera judicial quer seja na esfera administrativa, é justo fazer, com absoluta consciência, a defesa à integridade moral de secretários e técnicos de governo supostamente envolvidos em fatos tornados públicos”, disse o governador Tião Viana em nota publicada à imprensa.

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