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Beco sem saída

Útil sob todos os aspectos a campanha Semana Nacional Contra as Drogas, visando à prevenção, notadamente na comunidade escolar contra as drogas ilícitas e a violência. A mobilização é  positiva, especialmente porque estatísticas bem recentes apontam um quadro alarmante de pessoas que hoje estão sofrendo as agruras ocasionadas pelo uso indevido das drogas. São milhões de jovens e adultos vivendo o mesmo drama, pois que, nessa questão só mudam os personagens, a história daqueles que são humilhados, dia-riamente, pela violência do mundo das  drogas, é a mesma.  

No Brasil, mesmo com todos os esforços do atual governo, o consumo de drogas aumentou drasticamente; não é mais uma epidemia, um surto puro e simplesmente, é uma endemia, uma peste generalizada. O mundo pode ser simbolizado, hoje, pela sua adesão às drogas, como um corpo canceroso, com metástases (Do grego Metástases) sede da afecção, enfermidades, espalhadas em todos os órgãos vitais.

Em nível de Acre, a ação é sobremodo necessárial, pois é triste saber que em municípios carentes do Estado, para não citar outros estados, a maconha e cocaína correm soltas deixando seu séqüito de inditosos. É fácil constatar a “olho nu”, infelizmente, que municípios necessitados de infraestrutura básica; desprovidos de educação fundamental; indigentes do ponto de vista de assistência médico-hospitalar, improdutivos no campo da lavoura, alguns deles importam até cheiro-verde; despojados de cidadania em função das injustiças sociais e carentes de programas culturais benéficos ao corpo e ao espírito, estejam contaminados pelo tráfico e consumo de drogas.

Em verdade, o mundo inteiro sucumbe ao império das drogas, especialmente os países Latinos Americanos. Contudo, causa perplexidade, não somente ao cidadão comum, mas a todos em geral  o fato de uma nação como os EUA, por exemplo, detentora de alta tecnologia a ponto de saber como o tráfico de drogas funciona e a rota de entrada e saída, no próprio EUA, via México que abastece 60% da cocaína consumida pelo mercado norte-americano, se ver impotente diante do avanço devastador das drogas em seus domínios. A mesma impotência dá-se em relação à Colômbia, maior produtor de cocaína do mundo e outro grande fornecedor de heroína para os States. O Brasil por suas dimensões continentais é igualmente impotente. Se a fonte de pesquisa deste rabiscador de textos semanal são os alfarrábios, recortes de jornais e revistas, fragmentos da internet, o rádio e os telejornais, que são os mesmos do leitor comum, mostra dados alarmantes na rota do tráfico mundial, é certo que as autoridades em nível municipal, estadual e nacional detêm dados estatísticos mais atuais. Se não atuam efetivamente, é porque es-tamos todos impotentes.

Por outro lado, para não ser completamente injusto com quem trabalha, é notório o esforço das grandes nações em debelar esse mau que nos assola. O governo norte-americano, mesmo de mãos atadas em função do crescimento do cultivo de coca, entre outras drogas, na ordem de 24,7% em 2001, conforme informações da CIA (Agência Central de Inteligência, dos EUA) investiu US$ 1,3 bilhão no plano que visa combater o narcotráfico. Atualmente o país é destino de 50% da cocaína produzida no mundo. Os “excedentes” estariam tendo como destino a América Latina, inclusive o Brasil, que já é o segundo receptador mundial de cocaína e derivados de acordo com informações norte-americanas contestadas pelo governo brasileiro. É preciso enfatizar, para não haver contradição, que o Brasil, além de campeão de consumo de maconha, possui segundo dados de setembro de 2012,  2.6 milhões de usuários de crack e cocaína.

O sentimento em geral que se tem, em relação ao problema, é que todas as entidades estão impotentes  diante do avanço inexorável do mundo das drogas. Por onde ando ouvindo palestras, sobre o assunto nefasto, ouço sempre uma velha máxima dos centros e clínicas de recuperação: o Estado é impotente; a família é impotente; a igreja é impotente; a ciência é impotente. Perante os fatos, ficamos a nos autoindagar se existe libertação para tão grande mal, ou se há, ainda, esperança para todos aqueles que estão no fundo do poço existencial. As famílias, e são muitas, que convivem, na própria carne, com esse tipo de problema, vivem  a realidade cruel de quem se encontra numa situação que mais parece “um beco sem saída”. Vale ressaltar que nessa luta da família pelos seus entes, contra o mal inescrutável das drogas, há pais e famílias que em total desesperança abandonam o combate demonstrando descontrole emocional e  grande desespero.

Será que há uma tábua de salvação onde possamos nos agarrar? Uma esperança em que possamos ser salvos desse mar encapelado das drogas? Há remédio, leitor, para reverter essa caminhada trágica do tráfico e consumo das drogas?  

 * Francisco Assis é professor e pesquisador  Bibliográfico.
E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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