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Mais objetividade e menos discurso

Observando o cenário político e as questões que mergulhou o país nos últimos dias dá para se ter uma ideia de quanto à classe política deixou a desejar. Recordo-me de uma entrevista com a senadora Ana Amélia (PP/RS) aqui em Rio Branco, em que ela diz que o Congresso não tem uma agenda objetiva. Concordo. Concordo com ela, e até acredito que isso é coisa de jornalista, a objetividade, mas que deveria fazer parte do dicionário da classe política.

Enfim, é necessária uma celeridade nas Comissões. A análise dos Projetos de Leis, das PECs, dos Requerimentos deveriam seguir um rito mais dinâmico. O problema do país não é a Reforma Política. O problema do país é a burocracia. Tentar desburocratizar o Congresso e o Executivo seria permitir o andamento das propostas que atendem os anseios da população.

Vou citar exemplos. A PEC que tornaria o crime de corrupção em crime hediondo foi apresentada no Senado em 2009, pelo presidente Lula e aí se passou 4 anos e agora que entrou em pauta. Entrou forçada, no grito popular. É necessário cuidado. Cuidado e cautela ao aprovar tudo apenas para atender os anseios da sociedade. Tem 2 milhões de manifestantes nas ruas em todo o país. Temos uma população na casa dos 190 milhões de brasileiros, ou seja, 188 milhões não foram às ruas.

O Congresso não deve temer as vozes das ruas e fazer votações pensando apenas no voto. Não! Eu não teria medo de errar que os que derrubaram a PEC 37/2011 não votaram conscientes. Votaram pensando no voto do povo. Os que votaram consciente foram apenas os que votaram contra. Às vezes ir contrário ao pensamento popular torna o político menos hipócrita. Não se estar em um mandato pensando já nas próximas eleições, porque senão tudo que o político olhar é tido como voto.

As mudanças não vêm da noite para o dia. A reforma política pode ser feita, mas não às pressas. Precisa-se discutir, analisar, discordar, apresentar propostas. Chamar o povo para sentar à mesa. Sinceramente, não acredito que o erro esteja na tão sonhada reforma política. Mas o erro está no caráter deformado de alguns políticos. Pode fazer as reformas que fizerem, sempre terá reclamações.

O que tem que se fazer é deixar o Judiciário cumprir suas decisões. Quem errar que pague. Se for preciso ir para a cadeia que vá. Que force àqueles que colocaram a mão no dinheiro público devolver. Acredito que além da Reforma Política temos temas bem interessantes como o Código Penal que é ultrapassado.

Que os políticos deixem de olhar para as pessoas como se cada um fosse um voto. Se querem a Reforma Política, tornem o voto não obrigatório, incluam na pauta. “Que os políticos deixem de olhar para as pessoas como se cada um fosse um voto. Se querem a Reforma Política, tornem o voto não obrigatório, incluam na pauta”.

* José Pinheiro é  jornalista.
E-mail: jsp30acre@gmail.com

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