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Fome: imperativo moral

 Outro dia, o presidente  Barak Obama, em visita à África do Sul, disse em alto e bom, que é “um imperativo moral” dos EUA, combater a  fome no continente africano, onde “um número excessivo de pessoas sofre a injustiça diária da pobreza e da fome crônica.” O discurso de Obama é bonito, mas o capitalismo ufano não permite que aflore a ideia de repartir o pão com quem está morrendo a míngua, já que os dados alarmantes  estão aí. Na América Latina 49 milhões de pessoas passam fome, segundo um estudo sobre o biênio 2010-2012 apresentado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que acrescenta que este dado caiu em 16 milhões em relação ao período de 1990-1992. Desses 49 milhões que se abriga o relatório, intitulado “O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo” sete milhões estão nos países caribenhos latino-americanos e os demais estão distribuídos pelos outros estados da América Latina.  Ademais, segundo denuncia um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a fome matou cerca de 260.000 somalis de outubro de 2010 a abril de 2012, a metade deles criança, durante uma grave crise alimentar, para a qual a resposta humanitária é insuficiente. Na  Somália 750 mil pessoas morrerão nos próximos meses se alimentos não chegarem até eles.

 A verdade é que ninguém sabe, realmente, quantas pessoas morrem de fome no mundo  a cada ano. Muitos países subdesenvolvidos apresentam estatísticas irregulares e muitas vezes não confiáveis, de modo particular quando concernentes a mortes de crianças. Há estatísticas não muito recentes dizendo que 12 milhões de recém-nascidos morrem todos os anos, por causa dos efeitos da subnutrição nos países em desenvolvimento. Li em algum lugar que  “A metade das pessoas que vivem em pobreza absoluta estão no sul da Ásia, principalmente na Índia e Bangladesh. Um sexto delas vive no leste e sudeste da Ásia. Outra sexta parte está no sub Saara africano. O resto divide-se entre a América Latina, norte da África e Oriente Médio. Nestas regiões tropicais ou situadas no hemisfério sul, a que comumente damos a denominação de Terceiro Mundo, calcula as Nações Unidas que pelo menos 100 milhões de crianças vão para a cama faminta, todas as noites”. Além disso, há regiões onde impera a fome propriamente dita, e outras causas indiretas, como doenças e más condições físicas agudas, que prostram milhares de vítimas, visto terem perdido a resistência devido à subnutrição. As mortes ocasionadas por essas condições nem sempre são relatadas pelos membros da família; as vítimas de doenças poderão ser relacionadas entre as que morreram de causas naturais, ou desconhecidas.

 No Brasil o Governo Federal, especialmente o governo do PT, que detém o poder nos últimos  8 anos, esmera-se com programas de toda ordem, para combater a miséria e a fome de milhões de brasileiros.  Apesar da dificuldade de fazer chegar à mesa do pobre os meios para debelar a fome, principalmente porque segmentos corruptores estão no caminho, reconhecemos os avanços conseguidos pelo atual governo em conter a fome dos inditosos. Esses segmentos corruptores, por décadas, fragmentaram o pão que deveria chegar integralmente à mesa do pobre. No Nordeste, de passado recente, essa praga de gafanhotos destruidores atendia pelo nome de “indústria da fome”.

 A alocução de Barak Obama faz parte de um contexto falacioso de nações poderosas que já dura, por baixo, 50 anos, pois desde 1974 a partir da Conferência Mundial sobre Alimentação, isto é  há  30 anos, as Nações Unidas estabelecem que: “todo homem, mulher, criança, tem o direito inalienável de ser livre da fome e da desnutrição…”.

 Existem informações recentes,  garantindo que os países, com tecnologia avançada possuem cacife para produzir e alimentar o resto do mundo. Portanto, a comunidade internacional deveria ter como maior objetivo a segurança alimentar, isto é, “o acesso, sempre, por parte de todos, o alimento suficiente para uma vida sadia e ativa”.

 Estou entre aqueles que creem que a sociedade, da qual faz parte toda coletividade, tem parcela de culpa no grande tributo da desgraça social em que estão metidos milhares de famílias, constituídas de pais desempregados e filhos, na maioria crianças e adolescentes,  porquanto com fome,  corrompidas por toda sorte de perversões. Provavelmente aí esteja a raiz da corrupção da raça humana. A maioria se corrompe porque com fome; outros por cavalar ganância.

 Então, a  conclusão obvia é a seguinte:  dentre todos os corruptores da moral, de forma subjetiva, a fome mundial é a campeã.

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