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Festival Acreano de Teatro

Crítico teatral de Brasília avalia peças acreanas: ‘promissoras e compromissadas com a qualidade’

 A edição deste ano do Festival Acreano de Cinema está perto do seu final. E, com isso, chega a hora de começar a se fazer algumas avaliações sobre os grupos que se apresentaram nas mais de 20 peças durante o evento. Para isso, a Federação de Teatro do Acre (Fetac) convidou, para o seu time de debatedores, o ator, diretor, crítico teatral e jornalista Hélcio Kovaleski, natural de Ponta Grossa/PR, mas que atua desde o começo do ano em Brasília/DF. Em visita À GAZETA na tarde de ontem, o jornalista falou sobre o festival e deu algumas de suas impressões sobre o Acre.

 Em primeiro lugar, o crítico teatral como está sendo a sua participação no festival acreano. Hélcio disse que sua tarefa aqui é, juntamente com outros artistas com um olhar mais técnico, montar uma equipe para analisar as peças, locais ou de fora, que encenaram no festival. No caso, Hélcio avaliou, durante as apresentações dos grupos teatrais, o que funciona bem na atuação deles, o que não deu certo, o que falta, o destaque dos pontos fortes, avaliar o ritmo da apresentação. Enfim, analisar a performance dos artistas no palco e, após as apresentações, transmiti-las a eles.

 “O que viemos fazer aqui não são interpretações pessoais das peças. Mas sim apontamentos de um ponto de vista técnico, do campo de vista da semiótica, que é a minha especialidade. É mais que assistir a peça. Nossa missão é observar atentamente tudo dela e depois falar, comentar, dialogar sobre a apresentação. Este é um ‘festival formativo’, no qual todos participam para aprender, para melhorar. E todos os que se inscreveram tem este oportunidade. Os grupos vêm aqui e se apresentam e depois debatem conosco a interpretação da peça, de forma bem técnica”, disse.  

 Além disso, o jornalista destacou a troca de experiên-cias que o evento está promovendo, uma vez que grupos teatrais de 6 estados diferentes estão em Rio Branco participando (Goiás, São, Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Amazonas e Paraíba), inclusive, com artistas do interior do Estado (exemplo Tarauacá e Cruzeiro do Sul). Hélcio ressaltou a boa receptividade que está tendo entre os atores e diretores para poder ouvir atentamente o que ele e o restante da equipe de debatedores estão lhe indicando. Afinal, lidar com artistas é lidar com ego. E comportamento dos que participam do festival acreano, na opinião do crítico, está sendo bem humilde.

 Quanto ao teatro acreano, em particular, Hélcio disse que ainda não terminou de assistir as peças. Sendo assim, não tem como fazer uma avaliação final mais completa sobre a forma dos artistas locais de fazer teatro. Todavia, ele adiantou alguns aspectos por ele presenciados sobre a cultura teatral do Acre. “Eu vejo no acreano uma grande preocupação com a qualidade, a busca dela. Há uma seriedade nas interpretações. Tanto é que a federação local, a Fetac, é uma das mais atuantes do país, a meu ver. Outra coisa a se destacar é a qualidade das peças. Tem algumas aqui de alto nível. A prova disso é o quanto funcionou bem este festival”, salientou Hélcio.     

 Outra característica local que encantou o crítico foi o público. De acordo com Hélcio, os acreanos comparecem de verdade ao teatro. “O público é muito generoso. Lá fora é comum ver os teatros mais cheios nos finais de semana. Já aqui, desde as primeiras peças no festival, em plena segunda-feira, a plateia estava cheia. Isso é uma prova de que os acreanos gostam do teatro”, observou.

As peças desta quinta e sexta-feira
 O festival terá 3 apresentações hoje, dia 28. A 1ª do dia será ‘O Menino que Visitou a Lua’,  do Grupo Orákulos/AC, no Teatro de Arena do Sesc, às 17h. Logo mais, às 18h30, será a vez da peça ‘Quem é o Rei?’, do Grupo do Palhaço Tenorino (GPT), também no Teatro de Arena do Sesc. A última do dia será a peça  Anáguas,  da paraibana  Cia. Oxente, na Usina de Artes João Donato.  

 Já nesta sexta, 29, último dia das peças, serão 4 encenações. A ‘magia do teatro’ começa às 15h, quando os grupos paulistas Superbacana Produções e a Confraria Produções Artísticas apresenta a peça ‘Dama da Noite’, na Usina de Artes João Donato. Às 17h, o GPT volta à cena com a peça ‘Os Saltimbancos’, no Teatro de Arena do Sesc. À noite, mais precisamente às 18h30, o grupo acreano Visse Versa performa a sua celebre ‘Comédia Del’ Acre’, na frente do Cine Teatro Recreio. Já às 21h, a última apresentação do dia será a do grupo goiano Arte&Fatos, com a peça ‘Balada de um Palhaço’, no Teatro Plácido de Castro, o Teatrão.    

 Vale destacar que todos os espetáculos têm ingressos a preços populares: R$ 6 inteiro e R$ 3 a meia-entrada. A iniciativa é realizada pela Fetac, com apoio do Governo do Estado, Prefeitura de Rio Branco, Sesc, Roda Viva, Ufac, Uninorte e da 20ª edição do Festival MixBrasil.  

Atividades de aperfeiçoamento do festival
 Sem aprendizado e aperfeiçoamento, não existe teatro. Por isso, a programação do Festival Acreano de Teatro fecha com ações voltadas a melhorar o entrosamento, o sincronismo, a narrativa e a performance dos artistas/grupos participantes. Ao longo deste semana, os grupos teatrais de fora trocaram experiências com os amantes de teatro acreanos. Na última segunda, 26, houve uma palestra sobre transmissão e pesquisa teatral no âmbito das universidades, com a mineira Bia Braga trazendo iniciativas adotadas na federal mineira, a UFMG.

 Desde segunda até ontem, 28, também foi realizado um ‘Oficinão’ sobre o ‘teatro físico, mímica corporal e o fazer contemporâneo do ator’, com o gaúcho Alexandre Brum e Bia Braga. Já hoje, 29, será o último dia do ‘Oficinão’ que também começou desde segunda-feira, a respeito das danças populares para o teatro, das 9h até o meio-dia, no Hotel Imperador Galvez.     

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