As telas de Sansão Pereira estão expostas na Galeria Chico da Silva, na Usina de Arte, onde permanecem até o dia 27 de setembro. O vernissage ocorreu no final da tarde da última quinta-feira, 8, precedido por um bate-papo com alunos do programa federal de educação técnica, o Pronatec, sobre a carreira do acreano. A ação faz parte do programa de governo “Trajetórias – Artes Visuais”, que é desenvolvido pelo Núcleo de Artes Visuais da Usina de Arte para debater e apresentar as obras dos artistas locais ao grande público.
“A ideia é que as escolas venham conhecer o espaço para que, assim, a gente possa sempre promover um resgate da memória dos nossos fazedores de cultura”, explica Carol Di Deus, diretora da Usina. Apreciadora de arte, a jovem Danile Mesquita, aluna do curso de música do Pronatec, aprova a iniciativa, já que também gosta de desenhar e costuma freqüentar outras exposições. “Primeiro a gente conhece a história do artista e depois vamos conhecer o seu legado. É muito interessante”, comenta.
Impressionismo – As obras retratam a beleza das paisagens, revelando diferentes fases e estilos, em pinturas mágicas e fieis à beleza dos mares e à exuberância da floresta amazônica – não escondendo as origens de Sansão -, mas, o cotidiano também é representado. O seu talento proporcionou inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil e em outros países: Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos da América, França, Japão, México, Paraguai, Portugal e Uruguai.
“É uma atividade que me dá prazer até hoje e vou continuar pintando telas até o fim de minha vida. Fui muito feliz na minha escolha”, afirma Sansão, que atualmente mora com a família na cidade do Rio de Janeiro. Entusiasmado, o artista Danilo de S’Acre celebra a criatividade do conterrâneo. “Ele costuma usar tinta a óleo em telas de estopa e isso dá uma textura muito bonita. É um trabalho reflexivo e delicado que vale a pena conhecer”, relata. Aos interessados, o horário para visitas é de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h30 às 18h, com entrada franca.
BIO – Natural do seringal Capatará, no interior do Acre, Sansão cursou o ensino fundamental no Colégio Acreano, mas concluiu os estudos no estado do Pará. Em 1951, graduou-se no curso de engenharia elétrica pela Universidade da Califórnia. Dirigiu grandes projetos em diversas usinas do país, como as elevatórias subterrâneas do Rio Guandu, no Rio de Janeiro – durante o governo de Carlos Lacerda -, e a estação de bombeamento do Rio Torto, em Brasília. O artista, inclusive, construiu a primeira usina de luz do Estado: a Eletroacre.
Para se capacitar na área artística, ele estudou na França, na Espanha, nos EUA e até no Vaticano. Possui, atualmente, mais de 30 mil obras, sendo que uma parte simbólica integra o acervo permanente da Fundação Elias Mansour (FEM) e outras estão expostas em espaços públicos pela cidade: Catedral Nossa Senhora de Nazaré, Palácio Rio Branco e no Aeroporto Internacional. Ao longo dos mais de 65 anos de carreira, recebeu expressivo número de medalhas e menções honrosas, tornando-se um dos artistas mais premiados no panorama da arte internacional.
