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Tião Viana e Lula inauguram primeira fase do Complexo de Piscicultura do Acre

 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará no Acre nesta sexta-feira, 23, para prestigiar, ao lado do governador Tião Viana, a inauguração do Centro de Reprodução de Alevinos, que integra a estrutura do Complexo Industrial do Peixe. O empreendimento compreende uma área de 60 hectares, que incluem, além do laboratório de alevinagem, a mais moderna fábrica de ração para peixes do país e um frigorífico – ambos em fase de construção. Pelo menos 16 mil famílias de piscicultores estarão integrados à cadeia produtiva do peixe. Os senadores Jorge Viana e Aníbal Diniz, além das bancadas federal e estadual, participarão do evento.

 A piscicultura, além de atividade econômica viável e com mercado comprador garantido – o Brasil importa metade do pescado que consome e os mercados europeu e asiático têm interesse no produto -, é amiga do meio ambiente. Para a construção dos tanques são utilizadas áreas já alteradas, o que reduz a pressão sobre o desmatamento de novas áreas. O Acre também tem solo e clima adequados à atividade.

Piscicultura acreana
 No início de 2011, com o Programa de Fortalecimento da Piscicultura, lançado pelo Governo do Acre, o potencial acreano para essa atividade ganhou destaque.

 Os investimentos se intensificaram, e hoje aproximadamente seis mil famílias atuam no ramo da piscicultura, produzindo cerca de cinco mil toneladas de pescado por ano, o que tem garantido o abastecimento do mercado local. Em toda a cadeia produtiva a meta é envolver 16 mil famílias, que fornecerão o peixe para o frigorífico do complexo industrial. O governo busca organizar toda cadeia produtiva, industrializar o pescado e tornar o Acre o endereço do peixe na Amazônia.

 Para isso se tornar realidade, o Governo do Estado, por meio da Agência de Negócios do Acre (Anac), em parceria com empresários locais e cooperativas de pequenos e médios piscicultores, criou a Peixes da Amazônia S/A. Juntos, ambos investem mais de R$ 50 milhões no Complexo de Piscicultura do Acre, que está sendo construído no km 35, da BR-364.

 O complexo será formado por um centro de reprodução de alevinos, um frigorífico para processamento, limpeza, resfriamento, congelamento e filetagem, e uma fábrica de ração. O foco principal de todo esse investimento será a exportação de pescado, que será produzido pelos piscicultores do Acre, sócios da Peixes da Amazônia, para os mercados do Sudeste brasileiro, Europa e Ásia, aproveitando a localização estratégica do Estado e a proximidade com os portos do Pacífico.

Fábrica de Ração
 Será a fábrica mais moderna do país, no valor de R$ 18 milhões. Semelhante a essa na América Latina, existe apenas no Chile, que é o segundo maior produtor de salmão do mundo. Mais de 70% dos seus equipamentos  foram comprados na Dinamarca. A previsão para inauguração será em abril de 2014.

Frigorífico de Peixe
 Ele terá capacidade de processar 20 mil toneladas de pescado por ano e empregar cerca de 400 pessoas. Produzindo cortes de fino acabamento das espécies surubim e pirarucu, o Governo do Acre almeja os mercados nacionais e até internacionais, como os países da América Latina e até a Ásia, utilizando a Estrada do Pacífico com meio de escoamento. O frigorífico será inaugurado em dezembro deste ano.

Centro de Reprodução de Alevinos
 É um investimento de R$ 15 milhões e tem capacidade de produzir 12 milhões de alevinos por ano. O grande volume de produção garante alevinos mais baratos para os produtores do Acre, podendo exportar também para estados e países vizinhos.

Projeto de Piscicultura do Acre se torna referência para o Brasil
 O ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, anunciou no primeiro trimestre deste ano projetos estruturantes para fortalecer a aquicultura nacional no âmbito do Governo Federal. O Programa de Piscicultura do Acre foi escolhido como um caso de sucesso na área de piscicultura no Brasil.

 Segundo Crivella, todos os projetos a serem financiados futuramente pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) deverão englobar a cadeia produtiva de forma integrada, sendo composta basicamente por uma unidade de produção de alevinos, fábrica de ração e unidade de processamento, a exemplo do que já acontece no Acre. (Tatiana Campos e Jaqueline Teles)

Lula e o Acre, parceria de longa data


 O ano era 1988. Era madrugada quando o telefone do jornalista Ricardo Kotscho tocou com Luiz Inácio Lula da Silva informando que às 6h os dois se encontrariam no aeroporto para embarcar rumo ao Acre. Chico Mendes havia morrido e Lula estaria no velório. Kotscho não fazia a menor ideia de quem era o tal líder seringueiro e deu um jeito de enviar outro em seu lugar. Mas Lula o conhecia bem. Assim como conhecia também vários outros líderes rurais e comunitários por nome e por luta, em várias cidades acreanas. Não era a primeira vez que o futuro presidente do Brasil poria os pés em solo acreano.

 A relação de Lula com o Acre extrapola os limites da política e alcança fácil o carinho que o ex-presidente tem com o Acre. Em 1993, Assis Brasil, fronteira com o Peru, foi o ponto extremo escolhido por Lula para iniciar a segunda Caravana da Cidadania, que lutava para que a população esquecida pelos olhos das regiões centrais do Brasil tivessem consciência de seus direitos e lutasse por eles.

 Entre as idas e vindas para organizar e fortalecer o Partido dos Trabalhadores no Acre, campanhas eleitorais e causas sociais foram muitas as vezes que Lula esteve no Acre.
Enquanto presidente prestigiou inaugurações de obras importantes como o Aeroporto Internacional de Cruzeiro do Sul, a Ponte Binacional entre o Acre e o Peru e os hospitais da Criança e do Câncer. Agora o presidente do Instituto Lula e ex-presidente do Brasil por dois mandatos vem ao Acre novamente, mais uma vez participar de uma inauguração.

 Pela primeira vez no Acre após encerrar o segundo mandato como presidente da República, Lula deve desembarcar nas terras de Galvez nesta quinta-feira. E, de tantas vezes que já desembarcou, já não se tem a conta de quantos desembarques Luiz Inácio fez em Rio Branco. Os limites da Capital também não o prenderam. Queria explorar o Acre e saiu, tantas vezes, a desbravar o Estado.

 “O Abrahim Farhat era um empresário muito rico na época e sempre emprestava um caminhão pra gente fazer nossas viagens pelo interior. Lembro de muitas vezes ter empurrado o carro atolado nas estradas de Sena Madureira, Brasiléia. O que mais me orgulha em ser companheira de Lula todos estes anos é que ele nunca mudou, mesmo alcançando o que ele alcançou. Ele nunca deixou de olhar para as pessoas com humildade”, relembra Júlia Feitosa, militante de esquerda que lutou ao lado de Chico Mendes.

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