No dia 11 de dezembro de 2013, por volta das 14h20 da tarde, um incêndio de grandes proporções destruiu pequenos comércios instalados perto do Centro Comercial Aziz Abucater, ao lado do mercado municipal Elias Mansour. Pelo menos 13 estabelecimentos, na beira do Rio Acre, foram consumidos pelo fogo.
Desde a tragédia, já se passaram mais de 40 dias. No entanto, as marcas da destruição ainda estão bem vivas. Homens e mulheres, que dependiam do local para trabalhar e tirar o sustento, não enxergam mais o futuro. Apesar do comprometimento dos políticos, gestores e das promessas de apoio, os comerciantes afetados alegam que a ajuda que realmente desejam não será concedida.
O mecânico Ednaldo Maia de Aguiar, 53 anos, trabalhava no local atingido pelo incêndio há 22 anos. Todo o investimento de uma vida foi depositado ali. Agora, ele está cheio de dívidas e nenhum meio para se livrar delas. Um dos seus maiores prejuízos foi perder o material dos clientes. Ele alega que a maioria deles não está sendo muito compreensiva e exige a devolução dos equipamentos. “Fiz um levantamento para somar os meus prejuízos. Quando estava na metade do orçamento, o valor já estava em R$ 700 mil. Rasguei tudo e parei de fazer, chateado. Na minha oficina havia motores de clientes que custam R$ 22 mil, R$ 12 mil, R$ 10 mil e R$ 9 mil. Motores a diesel, compressores, furadeira, motosserra, roçadeira. Foi tudo destruído”, relata.
Ednaldo declara que não quer deixar o ponto que tinha na beira do Rio Acre, porque lá é estratégico. Todos os clientes, donos de barcos, paravam ali e iam até a oficina dele. No entanto, o local é considerado área de risco e não há sinal de que as vítimas do incêndio conseguirão reconstruir algo no mesmo lugar. “Nunca me deram alvará de funcionamento, por causa dessa situação. O prefeito vem sempre aqui e diz que vai nos ajudar com uma nova estrutura. Mas queremos que isso seja feito aqui, para não perdermos nossos clientes”, alega.
Para amenizar os problemas das vítimas do incêndio, a Prefeitura de Rio Branco construiu, próximo ao local original, ao lado do Centro Comercial Aziz Abucater, abrigos provisórios para que eles continuem o trabalho.
O mecânico Jorge Batista da Silva, 46 anos, que já acumulava mais de 20 anos de serviço no local, também sofreu grandes prejuízos. Desolado e pouco esperançoso, ele viu a sua renda mensal cair de R$ 800,00 para zero. “Construíram esses pontos provisórios, mas ninguém sabe que estamos aqui. Praticamente não há procura. Estamos parados. Lá de casa eu sou o único que trabalha para sustentar a minha esposa e dois filhos. Mas não estou conseguindo fazer dinheiro. Nem sei como vai ser no fim do mês com contas e mantimentos para pagar”, desabafa.
De acordo com o coordenador regional do Centro, Francisco Neponuceno, o Neno, o prefeito Marcus Alexandre foi sensível com a situa-ção das vítimas. Ele participou de todas as reuniões com a prefeitura e concordou com os termos colocados. “O incêndio destruiu 13 estabelecimentos, mas a preferência irá ajudar preferencialmente os pontos não-alugados e as pessoas que estavam trabalhando. Com isso, serão reconstruídos seis pontos definitivos de oficina náutica, que ficarão no cais da Secretaria de Hidrovia, no bairro Cadeia Velha. No galpão, eles terão um espaço de 6/10. A Secretaria Municipal de Agricultura e Floresta (Safra), já notificou as outras oficinas de bicicletaria para repassar para essas famílias que trabalhavam na área do fogo”, alega.
Neno afirma que em até 60 dias, essas pessoas deixarão os abrigos provisórios e seguirão para os pontos definitivos. “Eles não podem reclamar, porque muita coisa está sendo feita por eles. Quanto à tabacaria e às mercearias, novos pontos no Mercado Elias Mansour e no Camelódromo serão repassados a essas pessoas”, anuncia. (Fotos: Odair Leal/ A GAZETA)