A formatura da primeira turma de professores indígenas em nível superior, com 49 formandos, ocorrida neste sábado, 18, no Campus Floresta, em Cruzeiro do Sul, representa um momento histórico na luta dos povos indígenas, na educação indígena do estado e tem um significado especial para a Universidade Federal do Acre (Ufac). Além da cerimônia oficial, os indígenas, com seus trajes tradicionais, deram um toque todo especial e colorido à festa, realizando uma roda de mariri. Até caiçuma foi distribuída à vontade. Participaram da solenidade o reitor da Ufac, Minoru Kimpara, e o secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis Edvaldo Magalhães, e do diretor da Assessoria Indígena, Marcelo Piedrafita, representando o governador Tião Viana.
Os formandos se dividem em três licenciaturas especiais – Ciências Sociais e Humanidades, Ciências da Natureza, Linguagem e Artes – e todos continuarão atuando em suas aldeias. Huni Kuin, Ashaninka,Yawanawa, Shawãdava, Shanenawa, Jaminawa, Manchineri, Marubo, Nukini e Puyanawa são os oito povos dos quais eles fazem parte.
A história da educação indígena no estado começa em 1983, por meio da Comissão Pró- Índio. No governo de Jorge Viana, a Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE) assumiu o setor. Em 2008, finalmente, surge o primeiro curso de formação superior por intermédio de convênio entre a Ufac e o governo do Estado.
Segundo a coordenadora da Organização dos Professores Indígenas do Acre (Opiac), Francisca Arara, existem 443 professores indígenas no Acre. Destes 110 são licenciados e um faz doutorado em Brasília. Para a coordenadora, a formatura dos 49 professores é uma conquista muito grande e outras turmas virão, para ensinar a viver num mundo de sustentabilidade. “Para nós, sustentabilidade é ter terra demarcada, água, floresta, viver em harmonia, estar nas aldeias ministrando nossas aulas, fazendo nossas pesquisas, valorizando nossa cultura”, comenta Francisca.
A coordenadora do curso, Valquíria Garrote, disse que um dos maiores desafios da turma foi ter que deixar suas aldeias duas vezes, além do contato, em si, com a universidade. Ela adianta que a Ufac já está trabalhando para implantar uma nova turma. “A demanda existe”, disse.