A recente pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), organismo subordinado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, sobre comportamento social e violência bestial contra mulheres, pesquisa mentirosa uma vez que desmentida publicamente, nos faz refletir sobre esses institutos de pesquisas espalhados Brasil afora.
A farsa do Ipea é sob todos os aspectos, notadamente para este rabiscador semanal, um malogro e nos faz pensar que os fatores malignos e destrutivos deste mundo, não são somente as questões negativas da vida social, tais como: miséria; ignorância; ódio e, violência generalizada. É decepcionante, principalmente porque estamos lutando por uma moral que salve a dignidade do homem, que traga harmonia nas relações humanas.
Diante desta farsa, como é que fica agora aquela pesquisa do Ibope, divulgada pelo site Transparência Internacional, feita recentemente, asseverando que cerca de 80% dos brasileiros consideram os partidos “corruptos ou muito corruptos”, segundo esta pesquisa, quatro de cada cinco pessoas põem em xeque a base da representação política no país. Que os números do levantamento concluído traduzem uma insatisfação que ficou explícita, três meses depois, com a série de manifestações que se alastraram pelas cidades brasileiras. Se comparados à percepção de moradores de outras áreas do globo, fica claro que os brasileiros estão mesmo descontentes. Na média dos 107 países que participaram da pesquisa organizada pela organização não governamental, algo em torno de 65% diz que os partidos são “corruptos ou muito corruptos”. Então, como é que fica. Quem detém a verdade, hein?
Inversamente, essas pesquisas, de maneira especial quando o assunto é prévia política ou avaliação de mandatários, sem desmerecer o lado científico da análise, só existem para satisfazer o orgulho humano ou o desejo de poder. Tais pesquisas supostamente dão aos seus proponentes, munição para combater os seus “inimigos” políticos, obter vantagens com empresários nos negócios pessoais, apoio de campanha, florescer os anseios de vaidade, exibicionismo e presunção. Além, é claro, de querer subordinar e manipular a atividade humana e entorpecer a inteligência do cidadão comum.
O cruel dessa farsa é que institutos de pesquisas particulares, com acordos espúrios, há tempos, abiscoitam cifras altíssimas das entranhas da classe política brasileira. Alimenta-se: de sistemas populistas; dos caciques com seus falsos paternalismos; de casuísmo e clientelismo; conchavos político; cooptações e barganhas da pior espécie que tanto mal faz ao Brasil em longo dos anos. Desbancando, até mesmo, a famigerada imprensa chapa-branca.
Existe, no Brasil, uma verdadeira promiscuidade entre política partidária e institutos de pesquisas que nos faz distanciar, cada vez mais, daquela ideia clássica, oriunda do pensamento platônico, de que as noções políticas são permeadas por um elevado senso moral. Ademais, os padrões éticos representados na virtude da sabedoria, da coragem, da moderação e da justiça, que deveriam se fazer presentes na política, propriamente dita, e nas suas formas de governo, e que, nos dias atuais, é uma verdadeira utopia, para não dizer de elevado conceito abstrato, isto é: impossível à luz da experiência humana, porquanto política e ética que deveriam andar lado a lado estão, hoje, trilhando caminhos ambíguos, não tem nada a ver uma com a outra.
Daqui para frente, depois desta farsa do Ipea, de todas as previsões desses institutos de pesquisas espalhadas por esse mundão eu só acredito naquela que disser, p.ex no campo das prévias eleitorais, que mais uma vez, as próximas eleições serão de caráter pragmático, já que a maioria da gente sabe que, do lado de cá do atlântico, as eleições têm base numa ética situacional. Afinal, todos querem resultados práticos.
* Francisco Assis dos Santos é pesquisador bibliográfico em humanidades.
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