TIAGO MARTINELLO
A polêmica entre os governos do Acre e de São Paulo sobre os haitianos ganhou destaque nacional, mas não tirou o foco de um fato inegável sobre tais imigrantes: eles precisam de ajuda. Atenta a isso, a Igreja Católica acreana se envolveu na questão. Em carta escrita pelo bispo de Rio Branco, Dom Joaquín Pertíñez, na última segunda-feira, 21, Dia de Tiradentes, mas divulgada apenas ontem, 25, o pedido de ajuda pelos haitianos é bem claro. A carta é endereçada ao Papa Francisco.
No texto, intitulado ‘Querido Santo Padre: Paz no Cristo Ressuscitado!’, Dom Joaquín resume as dificuldades migratórias dos haitianos ‘à procura de uma vida melhor em terras brasileiras’. Ele classifica o caso como ‘mais um drama da humanidade sofredora!’. O bispo vai mais além e diz que os imigrantes estão ‘cansados do descaso e indiferença de todas as autoridades’. E acusa estas autoridades, tanto nacionais quanto internacionais, por serem responsáveis por este drama.
O bispo requisita uma ação do papa em favor dos haitianos, alegando que eles já sofreram demais em não só na sua terra natal, como foram ‘vítimas de máfias, exploração e tráfico humano nos nossos países latino-americanos’.
“Uma palavra do Papa em favor destes irmãos nossos, com certeza, que fará pensar e alguém começará a tomar alguma decisão em favor da reconstrução daquele país. A reconstrução do Haiti deve ser uma tarefa prioritária, em nível mundial e, mais ainda, em nível latino-americano. Mas, parece que está sendo o contrário, já que os interesses nacionais e interna-cionais caminham em outra direção”, escreveu Dom Joaquín.
O bispo destacou, ainda, que o Instituto Ecumênico Fé e Política do Acre, grupo que faz parte da Diocese de Rio Branco e que reúne diversas denominações religiosas presentes no Estado, lançou um edital em prol da reconstrução do Haiti e que é desejo da Igreja Católica acreana ver este país, de fato, sendo reestruturado. Porque só assim Dom Joaquín acredita que o atual fluxo migratório massivo dos haitianos teria fim, bem como a de suas humilhações e explorações em terras desconhecidas.
Por fim, ele escreveu: “Feliz e abençoada Páscoa! Meu abraço fraterno, em comunhão de orações. Seu irmão menor em Cristo”.
O padre Mássimo Lombardi, reitor da Catedral Nossa Senhora de Nazaré, também falou sobre o manifesto do Instituto Ecumênico Fé e Política do Acre. Ele disse que a ideia é que cada denominação religiosa receba o documento e o encaminhe para autoridades e entidades internacionais, entre elas a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o papa, a presidenta Dilma Rousseff e a Organização das Nações Unidas (ONU).