O Rio Madeira continua apresentando vazante e com isso traz mais um fôlego para os trabalhadores que atuam nos trechos da BR-364, em Rondônia, atingidos pela enchente. Na última medição desta sexta-feira, 4, o nível estava em 19,59. O esforço e o serviço continuado do Governo do Acre para manter operante a principal via de acesso ao Estado se destacam em meio à crise.
O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do Acre, Carlos Batista, é sinônimo de que uma missão vai além da carga horária de trabalho. Há mais de 40 dias, ele atua arduamente nos pontos alagados da estrada ao lado de aproximadamente 30 homens do governo. A equipe não mede esforços para ajudar e auxiliar os caminhoneiros presos naquela região. Dentro do rio, empurrando veículos ou simplesmente verificando a situação da passagem, é possível encontrar o grupo em trabalho pesado.
“É uma situação adversa, um cenário de guerra. Todo dia aparece um problema diferente. Então nos reunimos, fazemos um novo planejamento para a operação poder ter continuidade. Eu acredito que a satisfação maior é saber que estamos fazendo algo pequeno, mas que tem uma grande importância para a população do Acre”, declara o tenente-coronel.
A rotina desses trabalhadores começa às 5h da manhã, parando apenas 30 minutos durante o almoço e seguindo até tarde da noite. Isso, porque a jornada de serviço aumentou desde que uma balsa começou a operar no período noturno.
“A equipe é muito motivada. No Corpo de Bombeiros, nossos cursos nos prepararam para situações desse tipo. Por isso, as capacitações são mais rígidas, para o militar saber se comportar de forma consciente em momentos como este. Estamos trabalhando com pessoas estressadas, cansadas, que estão sem ver a família há pelo menos 30 dias e que querem seguir caminho. A gente tem que entender o lado deles. Esses caras são heróis”, afirma.
Diariamente, em média 20 caminhões de cargas adversas atravessam na balsa, aponta Batista. São veículos que já estavam depois de Jaci-Paraná. Agora, a equipe está realizando uma triagem de cargas de alimentos perecíveis, medicamentos e combustíveis para seguirem para o Acre o mais breve possível.
Alojados em acampamentos provisórios na Vila Abunã, a equipe acredita que nos próximos dias, caso o Madeira continue vazando, a situação melhore.
Só na sala de situação da Defesa Civil, 40 pessoas compõem a equipe de trabalho. No aeroporto de Rio Branco, 35 homens fazem o serviço junto à FAB e o Exército. (Colaborou Odair Leal)