O senador Aníbal Diniz (PT/AC) destacou nesta terça-feira (15), em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, que a compra da refinaria de Pasadena em 2006, no Texas (EUA), pela Petrobras, pode não ser considerada hoje uma operação vantajosa, mas foi realizada sob análise de consultorias renomadas, e, na época, avaliada como um negócio atraente.
As declarações do senador foram feitas durante a audiência que ouviu a exposição da presidente da Petrobras, Graça Foster. Ela reconheceu nesta terça-feira que a compra da refinaria de Pasadena não o foi bom negócio que havia sido planejado antes, mas reiterou que o conselho de administração da Petrobras não teve acesso às duas cláusulas contratuais (Put Option e Marlim) que garantiam vantagens e retornos à empresa vendedora, a belga Astra.
A aquisição de Pasadena foi feita em 2006 e concluída em 2012. O valor total pago pela Petrobras, incluídos os custos pela refinaria, trading (comercializadora) e custas do processo judicial foi de US$ 1,25 bilhão. A compra tinha o objetivo de refinar o óleo pesado Campo de Marlim fora do Brasil.
“É fácil avaliar hoje uma decisão tomada anteriormente e com base nas melhores consultorias naquele momento. Se hoje esse negócio não é atraente temos de fazer um recorte importante: não é atraente hoje, mas, naquele momento, apoiado em consultorias de mercado, o Brasil tomou a decisão firme de que havia viabilidade no negócio e na iniciativa de ampliar mercado brasileiro nos Estados Unidos”, afirmou Aníbal Diniz.
Graça Foster disse que o conselho de administração da Petrobras não recebeu o resumo executivo completo sobre a compra de Pasadena. “Não havia menção das duas cláusulas extremamente importantes para a tomada de decisão de compra de 50% de Pasadena (Put Option e cláusula Marlim), numa parceria entre a Petrobras e o grupo Astra. Com todas as cartas na mesa a decisão fica mais fácil. Hoje, olhando aqueles dados, não foi um bom negócio.
O projeto transformou-se em um projeto de baixo retorno”, afirmou a presidente Graça Foster. “Mas, à luz do que tínhamos naquele momento, foi uma decisão acertada. Houve uma aprovação unânime da diretoria e foi considerada como uma decisão positiva”, acrescentou.
Astra – Graça Foster apresentou também dados novos sobre a compra da refinaria no Estados Unidos, em 2006. Ela afirmou que a comissão interna da Petrobras, criada recentemente para avaliar essa operação, apontou que a empresa belga Astra, na verdade, não comprou 100% da refinaria de Pasadena por apenas US$ 42,5 milhões, em 2004, como estava sendo divulgado até hoje, mas pagou, no mínimo, US$ 360 milhões ao grupo proprietário anterior.
“Há um ano não tinha todas as informações que tenho hoje, por conta do trabalho que temos tido para recuperar os processos da operação dentro da comissão interna. Não foram pagos US$ 42,5 milhões por Pasadena. Foram pagos, no mínimo, US$ 360 milhões”, disse.
Graça Foster ressaltou ainda que a Petrobras, ao contrário do que sustentaram senadores da oposição, tem sim um planejamento financeiro forte e responsável e um trabalho sério na área de desempenho gerencial. “Implementamos um programa de prevenção de corrupção, temos um trabalho forte junto ao TCU e à CGU e trabalhamos a governança para que boas práticas aconteçam. A Petrobras é uma empresa séria e distinta”, destacou.
Ao rebater senadores da oposição, também afirmou que a Petrobras mantém seu grau de investimento (confiança dos investidores estrangeiros), tem R$ 50 bilhões em caixa e uma reposição de reservas intensa. “Dos 15 bancos que avaliam nossas ações (na Bolsa de Valores), cinco bancos recomendam a compra e 10 recomendam a manutenção das ações da Petrobras”, disse Graça Foster.
O aumento da produção da estatal, acrescentou, é uma questão de tempo. “A produção de petróleo não é como o refino, que tem nível de previsibilidade muito maior. Tivemos atraso em sondas encomendadas, em barcos de apoio, em unidades de produção. Tudo isso levou, em 2012, a uma defasagem de produção que agora está ajustada”, afirmou.
Na audiência, o senador Aníbal também destacou que fatos mostram a solidez da Petrobras. “Em 2002, a Petrobras valia R$ 30 bilhões, e sua receita era de R$ 69,2 bilhões. Uma década depois, em 2012, o valor de mercado da Petrobras passou para R$ 260 bilhões e a receita subiu para R$ 281,3bilhões”, afirmou. Também nesse período, os investimentos passaram de R$ 18,9 bilhões para R$ 84,1 bilhões. (Assessoria Parlamentar)