No último dia 1º, em cadeia nacional, a Senhora Presidente Dilma Rousseff, disse que a inflação, no Brasil, está debaixo de rigoroso controle. Ponderando, como veraz, a fala da mandária nacional, pode-se dizer, sem imprudência, que o Acre não é Brasil. Por quê? Porque, aqui estamos vivendo uma inflação desgovernada. Tal situação, caótica, é uma realidade que antecede a catástrofe advinda da enchente do Rio Madeira. Com esta, a coisa assumiu patamares insuportáveis. Os preços decolam numa velocidade de fazer inveja aos lançamentos dos “foguetes” ou nave espacial da NASA.
Exemplo crasso é o preço do cimento. Os pátios das casas de material de construção eoutras lojas do ramoestão lotados de cimento, mas o preço não baixa. Antes da enchente o valor por saca era de, no máxino, R$ 31,00. Com o impedimento do trafego rodoviário, chegou à R$ 50,00. Agora, o melhor preço é R$ 38,00. E, o que pior, dificilmente voltará a custar, novamente, R$ 31,00. Outra vergonha é o preço do leite. Uma lata de leite em pó não se compra, no presente momento, por menos de R$ 11,00. Os medicamentos estão caríssimos. Um pequeno frasco de “gotas preciosas” que bem recentemente custava R$ 6,00, hoje não se compra por menos de R$ 16,00. A carne, por sinal, de vaca, já que a de boi é para exportação, que temos em abundância por aqui, que não vem de fora, não baixou de preço. Pelo contrário, até subiu em alguns supermercados. Piorando, a cada dia, os problemas que envolvem necessidades básicas do povo acreano.
Essa situação, notadamente do Estado Acre, é fato incontestável. Um fato é um estado de coisas, quer dizer, um objeto, uma condição, uma circunstância ou um evento. O terremoto no Chile é um estado de coisas e, como tal, um fato, com consequências drásticas para aquele povo.
No nosso caso, em todas as instâncias ou segmentos da nossa realidade local, mesmo mascarado pelo sistema influente, por mais otimistas que sejamos a majoração dos preços de alimentos, de primeira necessidade, estão deixando sequelas brutais; pois, ao que parece, estão longe de serem extirpadas em médio prazo.
Não serão também umas e outras bazófias, prognósticos de mentes brilhantes, de gente entendida, de opinião consagrada junto aos segmentos sociais, com cheiro de falácias, ditas para enganar, que nos façam esquecer tão rapidamente e aceitar as mazelas advindas desse estado de coisas; porquanto estão aí permeando a atmosfera e a mente de cada cidadão destas plagas. Mesmo porque, essa situação desordenada, se soma a outros males sociais, caso específico da violência urbana, em que nem vendedor de picolé, essa figura simpática da cultura de todas as cidades, possui mais imunidade contra assalto.
Tudo isso, e outras questões urgentes, conspiram com as esperanças, até aqui hipotéticas, duma política pública rigorosa que atenda os anseios da sociedade.
Precisamos, como nação, da parte dos que dirigem este país, muito mais do que quimeras ou promessa descabidas, de atitudes sérias na condução da coisa pública.
No Brasil de dimensões continentais, com suas diferenças e grandes desigualdades regionais, é necessário fazer mais do que assumir compromissos históricos, através de discursos politicamente correto, uma vez que há uma distância entre o sonho de uma sociedade perfeita e sua ilusória concretização.Mesmo porque, o nosso país já possui, no futebol, o seu deslumbramento. Ademais, o combate à fome e a miséria não se fará com ações sociais assistencialistas; necessário se faz medidas enérgicas no campo da economia.
Apesar da realidade se sobrepor aos meus sonhos. Vivo, entre todas as minhas crenças, o sonho em que homens e mulheres de bem, políticos de hoje e os de amanhã, no Brasil do presente e do futuro, encontrem soluções singulares e definitivas para os problemas morais e políticos que afligem a nossa nação. Este sonho, ainda faz guarida em minha alma de ente humano.
*Pesquisador Bibliográfico em Humanidades.
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