Civilização, notadamente em sociologia, significa estágio cultural de um povo, caracterizado por um relativo progresso no domínio das ciências, das artes, da religião, da política, dos meios de expressão e circulação das ideias, das técnicas econômicas e científicas, etc.
Já faz tempo que, na ótica de renomados pensadores, a presente civilização, especialmente a ocidental, está caminhando para o declínio completo, pois são sintomáticas as “tendências suicidas” tais quais: idolatria pela tecnologia; proliferação de armas nucleares; conflitos beligerantes frequentes decorrentes de fanatismo religioso; entretenimento e consumismo exagerado.
No campo da distração, o alerta se consuma nos dias atuais em que são visíveis as mazelas oriundas de mentes e corpos ociosos. Hoje, mais do que em épocas passadas, o crescimento rápido do entretenimento, produziu mais crimes, destruição de lares, além dos problemas psicológicos do que poderíamos imaginar.
A grande massa da população, especialmente os jovens, não está emocional e ou psicologicamente pronta para dispor de tempo livre. Os jovens, com raras exceções, passam quase o tempo todo vendo televisão, disputando jogos mecânicos, ou presos, agora, via Whatsapp às redes sociais, numa perversa inclinação pelo bel-prazer.
A aparente conquista por melhores salários e menor carga horária de trabalho, conseguida através de décadas de luta, por milhões de pessoas no mundo inteiro, visando um bom lazer, tempo para a família etc., começa a ruir em função da má utilização do tempo disponível. Muitos não encaram isso como um problema, mas os psicólogos, psiquiatras e sociólogos estão começando a compreender que a questão poderá ser o principal problema psicológico das futuras gerações. Se tais previsões vierem a efetivar-se na prática, a vida logo se tornará, virtualmente, uma sequência só de divertimento sem qualquer trabalho.
Que faremos, então, com todo esse tempo disponível? Alguns têm proposto que devemos repensar a natureza e o propósito das férias. Outros acreditam que devíamos olhar as “folgas” como oportunidade para descanso e renovação genuínos e, assim, como meios para restringir a “impulsão” individual e da sociedade engendrada por uma ética de trabalho que se tornou imprópria.
Famoso filósofo existencialista, do passado, dizia que na vivência humana há três opções de estilos de vida que as pessoas podem seguir: o homem estético, busca de prazer, que conduz ao tédio existencial; o homem ético, cumpridor de deveres, mas perdido na massa; o homem religioso vida de fé, mas com angústia e desespero, que levam a individualizar-se. Para este pensador, a pessoa que vive no estágio estético, optou por viver na periferia da vida; só que no contorno da vida o homem não encontra o sentido verdadeiro para sua existência. A se ver envolvido com todas as suas atrações fatais, o homem se debate, na esperança de sair do caos em que está metido.
Nesse contexto de vida, a busca do prazer desmedido é o objeto principal das pessoas. É o gosto pela paixão, pela competição. São as “delícias” da ambição, ou a volúpia de se superar no esforço. A busca pelo poder instituído ou tudo aquilo que põe em destaque a procura e o projeto, no afã de um verdadeiro e real prazer; o que explica por que tantos de nós nos entregamos a essas coisas. Deixo aos psicólogos a tarefa de descobrir qual seja nossa motivação mais profunda. Se, é um caso de imaturidade, tédio, orgulho ou um sentimento genuíno da necessidade que nos impele à busca das coisas materiais. Pergunto, o que um pensador do passado, já perguntou: O que estamos nós aqui fazendo nesta terra? Neste mundo? Neste circo? O fato é que, no meu caso específico, já não mais sei qual é o meu papel e o que devo fazer e dizer, neste hospício onde cada um monta um teatro à parte.
Outra tendência suicida é a opção deliberada das novas gerações pelo uso indiscriminado de drogas alucinógenas. Mesmo com todos os esforços de governos instituídos e de outros segmentos sociais, o consumo de drogas aumentou drasticamente. Não é mais uma epidemia, um surto pura e simplesmente, é uma endemia, uma peste generalizada. O mundo pode ser simbolizado, hoje, pela sua adesão às drogas, tendência suicida, que transformou o corpo social na sede da afecção, enfermidades, espalhadas em todos os órgãos vitais.
Ademais é triste saber que em municípios carentes do Acre, para não citar outros estados, a maconha e cocaína correm soltos deixando seu séquito de inditosos. É fácil constatar a “olho nu”, infelizmente, que municípios necessitados de infraestrutura básica; desprovidos de educação fundamental; indigentes do ponto de vista de assistência médico-hospitalar, improdutivos no campo da lavoura, alguns deles importam até cheiro-verde; despojados de cidadania em função das injustiças sociais e carentes de programas culturais benéficos ao corpo e ao espírito, estejam contaminados pelo tráfico e consumo de drogas.
*Pesquisador Bibliográfico em Humanidades.
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