Incrível como algumas pessoas tem a capacidade de se regozijar com o sofrimento alheio. Não bastando isso, ainda fazem piada do assunto.
Apesar da comoção geral da nação pela morte do candidato à presidência, Eduardo Campos (PSB), vítima de acidente aéreo, ainda sim, foi possível encontrar comentários dos mais diversos tipos nas mídias sociais sobre o ocorrido.
A quantidade de piadas que vi no facebook em referência a morte do presidenciável foi em uma quantidade absurda. Mal havia sido confirmada a morte do candidato e uma série de comentários cômicos se propagou nas redes sociais. Pessoas pedindo para que, no lugar de Campos, naquele jatinho, estivesse Aécio ou Dilma. Ou colocando a culpa em um ou em outro pelo acidente. Sem falar nas fotos dos restos mortais dos envolvidos no acidente que circularam nos últimos três dias no aplicativo whatsapp.
Segundo as testemunhas, os corpos ficaram desintegrados e espalhados pela área. O acidente foi de um horror absurdo, porque, então, divulgar dessa forma as imagens. As pessoas esquecem que essas vítimas possuem familiares e que neste momento eles estão sofrendo com a perda trágica e prematura de seus entes queridos.
Até as homenagens póstumas que os eleitores de Eduardo Campos fizeram a ele foram motivos de deboche para muitos internautas. Parece não haver limites para ignorância de alguns, que conseguem ver e fazer piadas de mau gosto em uma tragédia como esta, que ceifou a vida de sete pessoas. A morte, por si só, já é um assunto difícil de lidar, ainda mais em uma situação tão delicada como esta.
Só quem já passou por essa situação sabe a dor que estas pessoas estão sentindo. O momento agora é de se respeitar a dor dos familiares e não ficar na estupidez de fazer piada e debochar da situação. Não falo em santificar o candidato que faleceu, mas, é preciso ter um mínimo de empatia e sensibilidade não só com Eduardo Campos e sua família, mas também com a família dos outros passageiros que foram vítimas da tragédia.
Infelizmente, a face do mal se expressou nas mídias sociais nos últimos dias. Acusações infundadas, piadas grosseiras, memes difamadores, oportunismo político e o cálculo eleitoral, num desrespeito à memória dos mortos e à dignidade e dor dos amigos e familiares vivos. A que ponto nós chegamos.
* Marcela Jansen é jornalista
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