O candidato Marcio Bittar, que pretende ser governador do Acre e, FELIZMENTE, as pesquisas demonstram ser isso impossível, vem costumeiramente citando meu nome nas entrevistas de que participa nos embates eleitorais. Afirma ele, de forma cínica e leviana, que não cumpro com as minhas obrigações de assessor do Governo. De quem pretende ser governante exige-se compostura e responsabilidade. Se ele possuísse esses predicados teria consultado a Secretaria de Articulação Institucional-SAI, onde sou lotado, assino ponto, e cumpro as designações de meus superiores, ainda que de forma modesta.
Mas, aí verificamos a primeira das suas incongruências: O que ele tem a dizer sobre a sua nomeação para um cargo no governo do Amazonas, na então administração de seu amigo Eduardo Braga, no qual dizem que sua esposa também foi nomeada, e ali nunca ter prestado serviço regular, pois morava em outro Estado da Federação? Qual a coerência? Qual a moral para fazer cobrança desse tipo? Perguntado num programa de TV, não conseguiu responder. É muito fácil dizer palavras. Agora nada é mais difícil do que vivê-las dia após dia.
O Sr. Bittar costuma erguer o dedo e a voz para acusar o Governo Tião Viana de irregularidades e, mais uma vez, cinicamente, aponta o processo denominado G-7 como o maior escândalo político/financeiro da história do Acre. Esse processo, apesar do enorme tempo decorrido, não foi sequer denunciado pelo Ministério Público, face as fragilidades das provas encontradas pela polícia. Registre-se que o maior escândalo de nossa história foi a conta fantasma “Flávio Nogueira”, que retirou recursos do Banacre para serem aplicados no Banco do Brasil, cujos rendimentos foram parar nas várias contas fantasmas abertas naquela Instituição bancária. É bom frisar que essa conta foi quem deu origem ao fechamento do Banacre, após a intervenção do Banco Central do Brasil. Um dos mentores dessa fraude milionária foi o seu irmão Mauro Bittar, que exercia a função de secretário de Estado e que foi condenado em primeira instância pela Justiça Federal. O Acre desconhece, a partir daí, o resultado final desse processo. Sem dúvida, uma outra incongruência.
O candidato Bittar em seu programa de rádio e TV estupidamente proclama que “irá devolver o Acre aos acreanos”. Aí é uma mistura de incongruência e maluquice. Até onde sei a Frente Popular (FPA) tem como líderes, além do atual governador Tião Viana, acreanos legítimos, filhos de famílias tradicionais do nosso Estado, como, por exemplo, as famílias Viana e Macedo, entre inúmeras outras, cujos ancestrais prestaram relevantes serviços ao nosso Estado.
Perfilo-me entre esses acreanos. Minha família está há mais de cem anos nesta terra e foram, inclusive, fundadores do meu município de Cruzeiro do Sul. Meu avô participou do primeiro movimento autonomista do Acre, ocorrido em 1910, naquelas terras. Prossegui com a história de meus avoengos participando do movimento em 1960 a 1962, quando conseguimos elevar o Acre a categoria de Estado membro da fede-ração participando do movimento de 1960 a 1962, liderado por Guiomard Santos, quando conseguimos elevar o Acre a categoria de Estado membro da federação brasileira.
Que incongruência e audácia absurda é essa do Sr. Bittar de querer discutir acreanismo com um membro do movimento autonomista cujo slogan era “o Acre para os acreanos”? Que pretensão desmensurada é essa de querer discutir com os legítimos filhos do Acre os nossos sonhos, as nossas esperanças e as nossas lutas? Não sei de suas origens. Chegou por aqui acompanhando a família e foi ficando. Desconheço qualquer participação relevante dele e de sua família na formação histórica de nosso Estado. Nem no passado, nem recente. Não lhes damos o direito de nos ensinar o que é acreanidade e nem lhes damos autoridade para dizer o que é melhor para nós acreanos.
Agora a mais grave das incongruências do Sr. Bittar é no campo da ética e da transparência. O jornalista Antonio Stélio, em sua rede social (facebook), publicou um artigo em 10 de abril deste ano intitulado “Marcio Bitar, a Fraude”, com graves acusações ao caráter do candidato, acusando-o de estelionato, por ter vendido uma casa para ele, Stélio, sem notificá-lo de que este imóvel estava hipotecado a Caixa Econômica Federal.
A postagem continua lá, dura, sem contemplação e sem meias palavras. No entanto, não ouvi e nem li nenhum pronunciamento público desse Senhor sobre esse episódio. A acusação foi pública, já que o acusador usou o facebook como instrumento de divulgação. A defesa deveria também ser pública como recomenda o bom senso e a transparência.
A sociedade acreana, que ele pretende representar, precisa de esclarecimentos, mas agora. Não deve ser apenas objeto de uma briga jurídica, a perder no tempo.
Reconheço que essas e outras incongruências são fruto, talvez, de sua imaturidade e de seu caráter, mas ao fazer constantes referências ao meu nome, ele deveria ter aprendido, pelo menos, que os indivíduos são fins e não devem ser usados como meio para os seus fins.
* Osmir Lima